O Podemos de Campinas vive talvez seu momento mais estratégico desde que consolidou presença na Câmara Municipal. A legenda, que nesta legislatura saltou para três cadeiras, passou a exercer influência real na base governista e a ter dois representantes no primeiro escalão da gestão Dário Saadi: Adegas Jr., à frente da Secretaria do Verde, e Luiz Henrique Cirilo, que deixou o Legislativo para comandar a Habitação. O terceiro vereador é Mineiro do Espetinho, suplente que herdou a vaga de Cirilo e representa o perfil mais popular da legenda — embora tenha ficado de fora do comunicado oficial do partido.
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Sob a presidência do vereador Eduardo Magoga, o Podemos se movimenta para testar sua força eleitoral em 2026. O partido já projeta lançar dois candidatos a deputado estadual e um a federal, em uma tentativa de expandir seu alcance para além dos limites de Campinas e ocupar espaço na Região Metropolitana. A estratégia é ambiciosa e tem por trás a influência da deputada Renata Abreu, presidente nacional da sigla, que costura alianças no interior paulista e aposta na unidade entre os quadros locais para construir uma narrativa de crescimento. Renata Abreu já é o nome definido para disputar novamente uma vaga no Congresso. Entre os cotados para representar Campinas na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) estão Cirilo, Magoga e o empresário Danilo Palma. Sem Espetinho.
Mas a movimentação ocorre em um ambiente político profundamente tóxico. A Câmara de Campinas vive semanas sucessivas de escândalos, brigas e CPs. Nesse cenário, o Podemos até se destaca não apenas por ocupar espaço, mas por adotar uma postura mais sóbria, fugindo da gritaria e das performances que tomaram conta do plenário.
O desafio é medir até que ponto essa sobriedade funciona em tempos de polarização. O partido tem nomes com perfil mais institucional — Cirilo e Magoga —, mas também figuras de apelo popular como Mineiro, o que pode gerar divergências de tom nas futuras campanhas. Ainda assim, o Podemos campineiro parece disposto a testar seus limites e sua coerência, buscando relevância sem se perder na histeria política que domina o cenário local e nacional.
Se conseguirá transformar essa estratégia em votos, é outra história. O momento é de crescimento de narrativa, não necessariamente de capital eleitoral. Mas, em meio ao barulho generalizado, o Podemos de Campinas pelo menos tenta algo raro na política recente: falar baixo e trabalhar em silêncio.
Novas regras de licenciamento e proteção animal

Divulgação/PMC
A Câmara Municipal de Campinas se reúne nesta segunda-feira (20), a partir das 18h, para votar dois projetos que podem modificar áreas importantes da administração pública: o sistema de licenciamento de edificações e a legislação sobre animais comunitários.
O Projeto de Lei Complementar nº 49/2025, enviado pelo Executivo, busca simplificar a concessão de alvarás e licenças de funcionamento, integrando as exigências de órgãos como Vigilância Sanitária, Cetesb, Corpo de Bombeiros e Prefeitura ao sistema Redesim, da Jucesp. A proposta cria o Certificado de Licença do Corpo de Bombeiros (CLCB), substituindo o tradicional Auto de Vistoria (AVCB) para estabelecimentos de baixo risco.
Na prática, o texto pretende unificar o processo de licenciamento e para tentar dar mais segurança jurídica a empreendedores, ao mesmo tempo em que mantém a fiscalização integrada entre os órgãos competentes. A medida alinha Campinas às políticas estaduais e federais.
Outro tema de destaque na pauta é o Substitutivo Total ao Projeto de Lei nº 269/2021, de autoria dos vereadores Gustavo Petta (PCdoB), Luiz Rossini (Republicanos) e Arnaldo Salvetti (MDB), que propõe uma releitura da Lei de Proteção Animal (15.449/2017). O texto amplia a definição de animal comunitário, reconhecendo o vínculo desses animais com a vizinhança onde vivem, mesmo sem um tutor único.
A proposta garante o direito à permanência dos animais em locais públicos e privados de uso coletivo, desde que recebam alimentação, abrigo e cuidados básicos. Também autoriza cidadãos e grupos a se tornarem responsáveis por esses cuidados, com base em regras de higiene e convivência urbana.
Segundo os autores, a mudança busca dar respaldo legal a práticas já consolidadas em escolas, condomínios e repartições públicas, que acolhem animais de forma colaborativa. O projeto ainda determina que os animais comunitários sejam cadastrados no sistema municipal, com registro dos responsáveis e substitutos, garantindo a continuidade do cuidado em caso de ausência.
- Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.