O vereador Vini Oliveira (Cidadania) fez um duro discurso no plenário da Câmara de Campinas após o diretório municipal do partido aprovar, por unanimidade, uma moção de apoio à vereadora Mariana Conti (PSOL) pela participação na Flotilha Global Sumud, missão humanitária que levava suprimentos à Faixa de Gaza. A decisão foi tomada no Congresso Municipal do Cidadania, realizado no último sábado (11), e contou com a presença do ex-prefeito Jonas Donizette e do vice-prefeito Wanderley de Almeida (Wandão), ambos do PSB.
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A postura do partido contrariou diretamente o parlamentar, que tem sido um dos principais críticos de Mariana e defende a cassação do mandato dela por ter se ausentado do Legislativo para integrar a missão. Em discurso na tribuna, Vini afirmou que não foi convidado para o encontro do partido e disse ter sido surpreendido com a moção.
“Quando o diretório municipal do meu partido realizou um congresso e também a eleição, para minha surpresa, eu sequer fui convidado, inclusive para fazer parte da executiva. Estranho e perplexo, pois na última eleição eu fui o único vereador eleito pelo partido, inclusive em números absolutos fui o vereador de Cidadania mais votado do Brasil”, afirmou o parlamentar.
O vereador também criticou o gesto de apoio à Flotilha Global Sumud. “Lamentável a atitude da presidente, expondo o partido e este vereador ao ridículo, com uma moção de apoio à famigerada flotilha do mundo de Nárnia, aqueles barquinhos de ajuda humanitária que não tinham nenhum pacote de miojo sequer”, ironizou.
Vini ainda repudiou a aproximação do Cidadania com o PSB municipal, representado por Jonas e Wandão no evento, e disse que não acredita na formação da federação nacional entre as duas legendas. “Me surpreendeu também que a presidente municipal queira provocar a antecipação de uma possível federação do partido. Fato esse que sabemos estar longe de acontecer, principalmente com o partido em questão. O presidente estadual do Cidadania, deputado Alex Manente, me garantiu que a possível federação Cidadania-PSB já nasceu morta”, declarou.
O vereador encerrou o pronunciamento dizendo acreditar que o partido tomará providências internas. “Deixo aqui meu protesto e indignação com esse episódio lamentável do último final de semana. Mas tenho a certeza que providências serão tomadas e, em breve, teremos novidades. Os humilhados serão exaltados”, concluiu.
O episódio expõe o racha interno no Cidadania Campinas, que vive um momento de redefinição política após sinalizar apoio a figuras de esquerda e abrir diálogo com o PSB.
Cidadania responde
A coluna buscou um posicionamento do diretório municipal do Cidadania, que enviou a seguinte resposta.: "A direção do Cidadania Campinas manifesta indignação diante das declarações do vereador Vinícius de Oliveira sobre o Congresso Municipal do partido, realizado no último fim de semana, no qual alegou desconhecimento.
O parlamentar, eleito pelo Cidadania, não apenas foi convidado a participar do evento — por meio de edital de convocação encaminhado a todos os filiados — como jamais compareceu às reuniões do diretório, abertas a toda a militância e reconhecidas como espaços legítimos de debate interno.
“É estranho que um vereador eleito pelo Cidadania critique um processo democrático e participativo do qual sequer se dispôs a fazer parte. O partido sempre valorizou a pluralidade e o diálogo, mas é preciso coerência com os princípios que defendemos, especialmente em temas humanitários”, afirma a presidente do diretório municipal, Ana Stela Alves de Lima.
Ana Stela também esclarece que o Cidadania mantém, historicamente, diálogo com diversas legendas do campo democrático, de centro e centro-esquerda, inclusive com o PSB — partido com o qual há relação de parceria política construída ao longo dos anos.
Ela completa que, ao contrário do que alega o vereador, a participação do deputado federal Jonas Donizette e do vice-prefeito de Campinas, Wanderley de Almeida, no Congresso Municipal, está sim alinhada às tratativas nacionais sobre uma possível federação, ainda em discussão.
O Cidadania Campinas reafirma seu compromisso com a ética, a democracia interna e a coerência política que sempre orientaram sua atuação na cidade".
Vini x Mariana na Justiça

Reprodução/Redes Sociais
O embate político entre os desafetos Vini Oliveira (Cidadania) e Mariana Conti (PSOL) ganhou um novo capítulo nesta semana. A vereadora anunciou que obteve na Justiça uma decisão determinando que o parlamentar retire das redes sociais um vídeo em que a atacava por sua participação na missão humanitária Flotilha Global Sumud, que partiu rumo à Faixa de Gaza com o objetivo de levar ajuda à população palestina.
Em publicação nas redes sociais, Mariana celebrou a decisão e afirmou que o vídeo continha informações falsas e ofensas pessoais. “A Justiça mandou o vereadorzinho Vini Oliveira retirar do ar um vídeo em que ele me atacava com mentiras e ataques baixos! Nós enfrentamos esses ataques e ganhamos”, escreveu a parlamentar.
O vídeo em questão havia sido divulgado por Vini Oliveira com críticas à atuação da vereadora na missão, sugerindo que os barcos enviados não levavam comida nem itens de higiene, e que foram encontradas drogas.
O episódio aumenta a tensão entre os dois parlamentares, que protagonizam embates públicos desde o início desta legislatura.
A educação preocupa

Arquivo Pessoal
A repentina mudança no comando da Secretaria Municipal de Educação de Campinas causou preocupação entre profissionais ligados à rede pública. A nomeação de Patrícia Adolf Lutz, dirigente regional de ensino da rede estadual, para o lugar do professor José Tadeu Jorge, ex-reitor da Unicamp e titular da pasta desde 2021, é vista com cautela por integrantes do setor, que temem alterações no modelo de gestão adotado pela administração municipal.
Embora o motivo oficial da saída de José Tadeu Jorge tenha sido “questões pessoais e familiares”, a troca ocorre após críticas à condução da secretaria — especialmente diante do impasse envolvendo a EMEF Padre Leão Vallerié, cujos alunos precisaram ser deslocados diariamente para outra unidade a mais de 50 quilômetros de distância, por causa de obras atrasadas. O caso chegou ao plenário da Câmara e gerou fortes críticas do vereador Higor do Campo Grande (Republicanos), que cobrou a substituição do comando da pasta.
Entre os profissionais da área, a chegada de Patrícia — vinda da rede estadual — acendeu um sinal de alerta. Uma fonte ligada à educação municipal avaliou o momento como delicado e expressou preocupação com o perfil da nova gestora. “Eu fico preocupada, sabe, porque ela vem do Estado. O Estado tem um método de trabalho com os professores bem diferente da Prefeitura. Tem um distanciamento muito grande dos profissionais como um todo. A rede municipal tem uma luta muito grande por uma gestão democrática. Eu acho que vai ser um desafio gigantesco. Espero que ela não venha com as mesmas práticas que exerce no Estado. Eu estou extremamente preocupada”, afirmou.
- Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.