Um vídeo que viralizou nas redes sociais neste fim de semana, mostrando uma onça-parda circulando por uma área privada no bairro San Martin, em Campinas, é fake news. A gravação, segundo especialistas, foi gerada por inteligência artificial (IA). A confirmação foi feita pelo biólogo Thomaz Henrique Barrella, da Fundação José Pedro de Oliveira (FJPO), que administra a Mata de Santa Genebra.
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“O Corpo de Bombeiros foi acionado e uma equipe esteve no local, mas nenhuma onça foi encontrada”, afirmou o biólogo. Ele explicou que o vídeo não apresenta características reais e que o conteúdo reforça a necessidade de cautela na disseminação de informações falsas sobre fauna silvestre.
Apesar de a gravação ser falsa, avistamentos de onças-pardas na região de Campinas têm se tornado mais comuns nos últimos anos, principalmente por conta da expansão urbana e da destruição de áreas naturais, que obrigam os animais a circular por locais antes ocupados apenas por humanos.
De acordo com Barrella, a Mata de Santa Genebra abriga duas fêmeas adultas de onça-parda. “Elas residem, procriam e utilizam toda a área do entorno para subsistência. O macho passa temporariamente, assim como os filhotes, quando as fêmeas têm suas crias. Mas são extremamente raras as ocorrências em propriedades próximas”, explicou.
Em setembro, o felino foi eleito mascote do Centro de Educação Ambiental da Mata de Santa Genebra, com mais de 50% dos votos em uma enquete popular nas redes sociais. A escolha simboliza a importância da espécie, que é o maior predador da região e exerce papel essencial no equilíbrio ecológico.
A ARIE Mata de Santa Genebra, administrada pela FJPO, é um dos principais refúgios de fauna nativa do estado de São Paulo. Já foram identificadas 329 espécies de vertebrados e mais de 700 espécies de borboletas, além de registros de onça-parda, jaguatirica, gato-do-mato e bugio-ruivo, todos ameaçados de extinção.
As onças-pardas são felinos nativos, solitários e de hábitos noturnos, classificados como vulneráveis à extinção em São Paulo. Fêmeas pesam cerca de 50 kg e machos podem chegar a 70 kg. São animais que evitam o contato com humanos, e os raros incidentes registrados ocorrem somente em situações de fuga bloqueada.
A FJPO reforça que, em caso de avistamento real, a população deve manter distância, não tentar filmar ou cercar o animal e acionar a Polícia Ambiental ou o Corpo de Bombeiros.