Em 2022, no calor da campanha eleitoral, pude questionar o então candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos, sobre um tema que há décadas atormenta Campinas: a construção das marginais da Rodovia Santos Dumont (SP-75), no trecho entre as rodovias Bandeirantes e Anhanguera. A resposta, à época, foi direta e confiante: “Me elegendo. Me tornando governador do Estado”.
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Pois bem, Tarcísio se elegeu, governa há quase três anos, já aparece nas conversas de bastidores como presidenciável, mas a prometida obra continua exatamente no mesmo lugar: no papel.
A tramitação segue em um ritmo que lembra os congestionamentos diários da própria Santos Dumont. O projeto elaborado pela concessionária Via Colinas passou pelo crivo da Prefeitura de Campinas, mas ainda aguarda análise da Artesp, agência estadual que precisa dar a autorização final. Só então as obras poderão começar. Não há prazo definido. A concessionaria agora fala em primeiro semestre de 2026, mas não há nada realmente certo.
Enquanto isso, motoristas, trabalhadores e moradores de bairros como São José e Parque Oziel continuam enfrentando uma rodovia que, na prática, funciona como uma avenida urbana sobrecarregada, com trânsito intenso em direção ao Aeroporto Internacional de Viracopos.
É claro que a obra é complexa e cara, mas também é absolutamente necessária. E a cobrança se torna ainda mais forte porque partiu do próprio Tarcísio uma promessa feita em tom quase de desafio. O governador assumiu o compromisso como se fosse uma questão de vontade política. Hoje, o silêncio e a ausência de prazos deixam a sensação de que o discurso foi muito mais fácil do que a entrega.
Tarcísio chega ao fim do terceiro ano de mandato em meio a especulações sobre reeleição ou até uma candidatura presidencial. Mas cada promessa não cumprida pesa na narrativa de gestor eficiente que ele tenta consolidar. O risco é que, assim como outros governadores antes dele, Tarcísio deixe mais uma vez as marginais da Santos Dumont como uma promessa não cumprida — um monumento à incapacidade de transformar discurso em ação.
As marginais previstas têm apenas 7 quilômetros, mas fariam diferença vital na fluidez do tráfego. A obra reduziria gargalos em uma região que é corredor estratégico para exportações, mobilidade de trabalhadores e acesso ao maior aeroporto de cargas do país de Campinas e de toda a Região Metropolitana.
No fim, o contraste é gritante: enquanto Tarcísio discursa em São Paulo e em Brasília com tom de eficiência na gestão, o motorista campineiro continua preso no engarrafamento diário da Santos Dumont, esperando uma promessa que, até agora, não saiu da propaganda eleitoral.
Refis 2025
Divulgação/PMC
A Câmara Municipal de Campinas analisa em definitivo nesta segunda-feira (29), na 58ª Reunião Ordinária, o projeto que institui o Programa de Regularização Fiscal – Refis Campinas 2025. A proposta, de autoria do Executivo, já passou pela primeira votação no último dia 22 e oferece condições especiais para pagamento à vista ou parcelado de débitos tributários e não tributários, vencidos até a data de publicação da lei.
Segundo o texto, os descontos sobre multas e juros variam de acordo com a forma de pagamento. A quitação integral prevê redução de 60%; entre duas e seis parcelas, o desconto cai para 50%; de sete a doze, 40%, com acréscimo de juros compensatórios de 6% ao ano; e entre 13 e 60 vezes, o abatimento é de 30%, também com juros anuais de 6%. Para dívidas acima de R$ 1 milhão, o prazo pode chegar a 96 parcelas, com redução de 20%.
Nos créditos não tributários, os abatimentos vão de 15% à vista a 8% em até 96 vezes, também com incidência de juros a partir dos parcelamentos superiores a seis meses. Já as multas ligadas a obrigações acessórias seguirão os mesmos critérios desse grupo.
A adesão será feita exclusivamente pela internet, em prazo inicial de 60 dias após a regulamentação via decreto.
Não poderão ser incluídos no Refis os débitos posteriores à lei, obrigações de natureza contratual, preços públicos, Termos de Ajustamento de Conduta, indenizações por danos ao patrimônio, ISS de MEIs transferido da Receita Federal e autos de infração abertos após a publicação. Também não entram parcelamentos em andamento que ultrapassem o período de vigência do programa, salvo em casos de pagamento integral das parcelas vencidas.
De acordo com a Prefeitura, o Refis 2025 busca reforçar a arrecadação, reduzir disputas judiciais e estimular a economia local, preservando empregos e favorecendo investimentos. O projeto lembra ainda que iniciativas semelhantes já foram adotadas anteriormente no município, sempre com impacto positivo na regularização de dívidas.
A sessão da Câmara começa às 18h e deverá definir em definitivo a implantação do programa.
- Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.