POLÍTICA

Flávio Paradella: A promessa eterna da Santos Dumont

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação/PMC
Governador Tarcísio prometeu marginais na Santos Dumont em 2022, mas obra segue sem prazo.
Governador Tarcísio prometeu marginais na Santos Dumont em 2022, mas obra segue sem prazo.

Em 2022, no calor da campanha eleitoral, pude questionar o então candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos, sobre um tema que há décadas atormenta Campinas: a construção das marginais da Rodovia Santos Dumont (SP-75), no trecho entre as rodovias Bandeirantes e Anhanguera. A resposta, à época, foi direta e confiante: “Me elegendo. Me tornando governador do Estado”.

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Pois bem, Tarcísio se elegeu, governa há quase três anos, já aparece nas conversas de bastidores como presidenciável, mas a prometida obra continua exatamente no mesmo lugar: no papel.

A tramitação segue em um ritmo que lembra os congestionamentos diários da própria Santos Dumont. O projeto elaborado pela concessionária Via Colinas passou pelo crivo da Prefeitura de Campinas, mas ainda aguarda análise da Artesp, agência estadual que precisa dar a autorização final. Só então as obras poderão começar. Não há prazo definido. A concessionaria agora fala em primeiro semestre de 2026, mas não há nada realmente certo.

Enquanto isso, motoristas, trabalhadores e moradores de bairros como São José e Parque Oziel continuam enfrentando uma rodovia que, na prática, funciona como uma avenida urbana sobrecarregada, com trânsito intenso em direção ao Aeroporto Internacional de Viracopos.

É claro que a obra é complexa e cara, mas também é absolutamente necessária. E a cobrança se torna ainda mais forte porque partiu do próprio Tarcísio uma promessa feita em tom quase de desafio. O governador assumiu o compromisso como se fosse uma questão de vontade política. Hoje, o silêncio e a ausência de prazos deixam a sensação de que o discurso foi muito mais fácil do que a entrega.

Tarcísio chega ao fim do terceiro ano de mandato em meio a especulações sobre reeleição ou até uma candidatura presidencial. Mas cada promessa não cumprida pesa na narrativa de gestor eficiente que ele tenta consolidar. O risco é que, assim como outros governadores antes dele, Tarcísio deixe mais uma vez as marginais da Santos Dumont como uma promessa não cumprida — um monumento à incapacidade de transformar discurso em ação.

As marginais previstas têm apenas 7 quilômetros, mas fariam diferença vital na fluidez do tráfego. A obra reduziria gargalos em uma região que é corredor estratégico para exportações, mobilidade de trabalhadores e acesso ao maior aeroporto de cargas do país de Campinas e de toda a Região Metropolitana.

No fim, o contraste é gritante: enquanto Tarcísio discursa em São Paulo e em Brasília com tom de eficiência na gestão, o motorista campineiro continua preso no engarrafamento diário da Santos Dumont, esperando uma promessa que, até agora, não saiu da propaganda eleitoral.

Refis 2025


Divulgação/PMC

A Câmara Municipal de Campinas analisa em definitivo nesta segunda-feira (29), na 58ª Reunião Ordinária, o projeto que institui o Programa de Regularização Fiscal – Refis Campinas 2025. A proposta, de autoria do Executivo, já passou pela primeira votação no último dia 22 e oferece condições especiais para pagamento à vista ou parcelado de débitos tributários e não tributários, vencidos até a data de publicação da lei.

Segundo o texto, os descontos sobre multas e juros variam de acordo com a forma de pagamento. A quitação integral prevê redução de 60%; entre duas e seis parcelas, o desconto cai para 50%; de sete a doze, 40%, com acréscimo de juros compensatórios de 6% ao ano; e entre 13 e 60 vezes, o abatimento é de 30%, também com juros anuais de 6%. Para dívidas acima de R$ 1 milhão, o prazo pode chegar a 96 parcelas, com redução de 20%.

Nos créditos não tributários, os abatimentos vão de 15% à vista a 8% em até 96 vezes, também com incidência de juros a partir dos parcelamentos superiores a seis meses. Já as multas ligadas a obrigações acessórias seguirão os mesmos critérios desse grupo.

A adesão será feita exclusivamente pela internet, em prazo inicial de 60 dias após a regulamentação via decreto.

Não poderão ser incluídos no Refis os débitos posteriores à lei, obrigações de natureza contratual, preços públicos, Termos de Ajustamento de Conduta, indenizações por danos ao patrimônio, ISS de MEIs transferido da Receita Federal e autos de infração abertos após a publicação. Também não entram parcelamentos em andamento que ultrapassem o período de vigência do programa, salvo em casos de pagamento integral das parcelas vencidas.

De acordo com a Prefeitura, o Refis 2025 busca reforçar a arrecadação, reduzir disputas judiciais e estimular a economia local, preservando empregos e favorecendo investimentos. O projeto lembra ainda que iniciativas semelhantes já foram adotadas anteriormente no município, sempre com impacto positivo na regularização de dívidas.

A sessão da Câmara começa às 18h e deverá definir em definitivo a implantação do programa.

  • Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.

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