POLÍTICA

Flávio Paradella: A mesma enxurrada de problemas

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 4 min
Reprodução/Redes Sociais
Temporal expôs novamente falhas estruturais em obras recentes da gestão Dário Saadi, como o Mário Gattinho e o Mercadão.
Temporal expôs novamente falhas estruturais em obras recentes da gestão Dário Saadi, como o Mário Gattinho e o Mercadão.

Choveu forte em Campinas nesta segunda-feira. E choveu muito, ninguém discute isso. Mas a cada temporal a cidade volta a encarar um mesmo roteiro: árvores derrubadas, ruas alagadas, energia interrompida e serviços públicos impactados. De novo, dois símbolos da gestão Dário Saadi ganharam os holofotes de forma nada positiva — o Hospital Mário Gattinho e o recém-entregue Mercado Municipal.

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Um hospital que foi alçado à condição de vitrine política da administração voltou a registrar infiltrações e interdições. Dois consultórios e um leito precisaram ser fechados depois da entrada de água. Não é a primeira vez. Desde que entrou em funcionamento, a unidade tem enfrentado falhas estruturais em dias de chuva. É inadmissível que uma obra nova, que consumiu investimentos e foi apresentada como referência em saúde, não suporte as intempéries climáticas de uma cidade que convive com temporais todos os verões.

Mais constrangedor ainda foi ver o Mercadão, recém-reaberto após anos de obras, ser tomado pela água. O problema já havia sido apontado pelo próprio prefeito, que admitiu na entrega que o “lanternim” poderia causar transtornos. Se já se sabia, por que não foi corrigido no projeto? Cadê os engenheiros da Prefeitura? O Condepacc precisava autorizar mudanças? Então que se buscasse essa autorização antes. O que parece é que ou ninguém viu, ou se viu, não achou importante ou usou a máxima do “de vem em nunca”. O resultado: permissionários mais uma vez prejudicados, consumidores afastados e um patrimônio histórico exposto.

No balanço da Defesa Civil, foram 55,6 milímetros de chuva, 50 quedas de árvores, postes derrubados, imóveis invadidos pela água e até a desativação de uma estação do BRT. Ou seja, além dos prédios públicos, a infraestrutura urbana continua mostrando fragilidade. Equipes foram mobilizadas, mas a sensação é de resposta permanente a emergências e que tudo irá se repetir no próximo temporal.

O que mais impressiona é a reincidência dos problemas em obras novas. Um hospital que alaga e um mercado que inunda não são acidentes de percurso: são sintomas de falhas de planejamento, execução e fiscalização. O custo não é apenas financeiro — é político para o prefeito, porque expõe a gestão que busca mostrar entregas, mas apresenta junto a elas uma sequência de constrangimentos.

Aval inicial ao Refis


Divulgação/CMC

Os vereadores de Campinas aprovaram em primeira discussão, na sessão ordinária desta segunda-feira (22), o Projeto de Lei Complementar nº 5/2025, que cria o Programa de Regularização Fiscal – Refis Campinas 2025. A proposta, enviada pelo Executivo, recebeu aval unânime dos parlamentares presentes em plenário e estabelece condições especiais para o pagamento à vista ou parcelado de débitos tributários e não tributários constituídos até a data de publicação da lei.

O texto prevê redução de multas e juros de mora, variando conforme a modalidade escolhida pelo contribuinte. No pagamento à vista, a redução é de 60%; entre duas e seis parcelas, o desconto é de 50%; de sete a 12, 40% com juros compensatórios de 6% ao ano; de 13 a 60, 30% com os mesmos juros. Para dívidas acima de R$ 1 milhão, será possível parcelar em até 96 vezes, com desconto de 20% e juros de 6% ao ano. Nos créditos não tributários, os abatimentos vão de 15% à vista a 8% em até 96 parcelas, no caso de valores superiores a R$ 1 milhão.

A adesão ao Refis será feita exclusivamente pela internet, com prazo inicial de 60 dias para pagamento à vista ou formalização do parcelamento, contados a partir da publicação do decreto regulamentador.

Na defesa da proposta, o vereador Paulo Haddad (PSD) afirmou que o Refis beneficia tanto a população quanto a Prefeitura. “O projeto contempla os munícipes que estão sem condições de honrar o compromisso de acertar a dívida com o município, e também é uma oportunidade para a Prefeitura equilibrar as finanças e honrar os investimentos necessários”, disse.

Ficam de fora do programa os débitos constituídos após a publicação da lei, os de natureza contratual, preços públicos, Termos de Ajustamento de Conduta, indenizações por dano ao patrimônio, ISS de MEIs transferido da Receita Federal e autos de infração futuros. Parcelamentos em andamento que ultrapassem a vigência do Refis não poderão ser renegociados, exceto em caso de pagamento à vista das parcelas vencidas ou vencimento antecipado previsto em lei.

Na justificativa, a Prefeitura destaca que o objetivo é recompor receitas, reduzir litígios e estimular a economia local, preservando empregos e criando condições para novos investimentos. A proposta ainda passará por segunda votação antes de ser encaminhada para sanção do prefeito.

  • Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.

Comentários

1 Comentários

  • Cesar 23/09/2025
    Paradella vc sabe melhor q ngm, é material de menor preço na licitação, como vc mesmo disse o mesmo \" modus operandi\" e logicamente, os mesmos problemas, no pique \" pinta só a frente da catedral\" . Para cada escolha uma consequência, tá aí... Agora quem pariu Mateus q o embale.