'DIREITOS JÁ'

Partidos de esquerda e centro fazem ato em defesa da democracia

Por Juliana Arreguy | da Folhapress
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução/Redes Sociais
Ato em defesa da democracia promovido pelo grupo Direitos Já!, no teatro Tuca, em São Paulo
Ato em defesa da democracia promovido pelo grupo Direitos Já!, no teatro Tuca, em São Paulo

Aliados do presidente Lula (PT) e representantes de partidos de esquerda e de centro se reuniram na noite desta segunda-feira (15), em um ato em defesa da democracia promovido pelo grupo Direitos Já!, no teatro Tuca, em São Paulo.

Também participaram do encontro o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal) e integrantes do MDB e do PSDB, partidos que integram a base do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo.

Afilhado político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio tem articulado pela anistia ao aliado no Congresso Nacional e promoveu duros ataques ao Supremo e ao ministro Alexandre de Moraes na manifestação de 7 de Setembro na avenida Paulista.

Gilmar circulou apenas nos bastidores e foi embora antes do início oficial do encontro, às 18h45, afirmando ter outro compromisso. Antes, ele havia comparecido a outro evento na capital paulista e criticado o voto do colega Luiz Fux no julgamento de Bolsonaro na trama golpista.

No Direitos Já!, questionado pela reportagem se houve algum desconforto na corte após o voto de Fux, o ministro disse que não comentaria: "Não vou emitir juízo sobre isso", disse Gilmar.

Ele disse ter comparecido ao plenário da Primeira Turma, no último dia de votação, para mostrar "que o tribunal está unido na defesa da democracia" e acrescentou não acreditar que o Congresso Nacional vá votar a anistia a Bolsonaro.

Ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias participou do evento, assim como o presidente nacional do PT, Edinho Silva, o ex-ministro José Dirceu (PT) e a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP).

Criado em 2019 em protesto ao governo Bolsonaro, o Direitos Já! ajudou na articulação da frente ampla de esquerda e centro-esquerda para derrotar o então presidente nas eleições de 2022.

O evento desta segunda iniciou com a leitura de uma carta pedindo a defesa da democracia e entregou mensagens do cardeal Dom Odilo Scherer, do secretário-geral da ONU, António Guterres, do músico Ivan Lins e de congressistas estrangeiros.

O presidente do PT, Edinho Silva, ao discursar, pediu que não se tenha o receio de caracterizar o fascismo como tal.

"É evidente que na semana passada a democracia obteve uma vitória, isso é inquestionável. Mas não significa que nós tenhamos vencido nosso principal inimigo", disse ele. "Não podemos ter receio da caracterização. O fascismo está em ascensão no mundo e no Brasil. Trump é o maior líder fascista do século 21 e não podemos ter receio dessa caracterização", acrescentou.

Presidente municipal do PSDB, José Anibal disse que bolsonaristas "não falam em democracia, eles falam em liberdade" e que, mesmo após a condenação de Bolsonaro, aliados "já estão nas ruas fazendo campanha".

José Dirceu e Clóvis Carvalho, que foi ministro da Casa Civil do governo Fernando Henrique Cardoso, posaram juntos para fotos como dois ex-ocupantes do mesmo cargo em momentos no qual PT e PSDB polarizavam nacionalmente.

Ambos deram destaque à necessidade de "mudar o Congresso Nacional em 2026".

Cada estado tem direito a eleger três senadores, e duas dessas vagas estarão na disputa eleitoral do ano que vem. Como a casa tem o poder de pautar processos de impeachment de ministros do STF, os partidos alinhados ao bolsonarismo têm tratado a disputa para o Senado como prioridade.

O próprio Bolsonaro, em ato na avenida Paulista em junho deste ano, declarou que quem conseguir o apoio da maioria na Câmara e no Senado terá mais poder que o presidente da República.

Segundo os organizadores, havia representantes de 14 partidos políticos de centro e de esquerda no evento. Discursaram integrantes das siglas PT, PSol, PCdoB, Rede, PDT, PV, Solidariedade, PSDB e MDB.

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