POLÍTICA

Flávio Paradella: O preço regional do Tarifaço

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 5 min
X/White House
Tarifa de 50% dos EUA atinge em cheio as exportações da RMC e expõe o custo político da guerra de narrativas entre Bolsonaro, STF e Lula.
Tarifa de 50% dos EUA atinge em cheio as exportações da RMC e expõe o custo político da guerra de narrativas entre Bolsonaro, STF e Lula.

O Brasil mais uma vez virou refém de uma disputa de poder que pouco dialoga com os interesses da população. A turbulenta relação com os Estados Unidos, marcada pela obsessão da família Bolsonaro em alimentar a narrativa de perseguição e pelo embate aberto com o Supremo Tribunal Federal, agora cobra um preço concreto: a economia brasileira. O presidente Lula, que até aqui fez movimentos tímidos para conter o estrago, aproveita a crise para inflar sua popularidade como gestor moderado, mas o fato é que o país desce a ladeira de um abismo econômico fabricado pela irresponsabilidade dos próprios entes políticos.

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A decisão de Washington de aplicar um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros já bateu à porta da Região Metropolitana de Campinas. Prefeitos da RMC se reuniram em caráter emergencial nesta quarta-feira (20) para avaliar os impactos. O alerta é vermelho: 55% de tudo o que a região exporta vai direto para o mercado americano.

O levantamento da Secretaria de Finanças de Campinas mostra a concentração: Campinas responde por 34% das exportações, seguida por Indaiatuba e Santo Antônio de Posse, com 13% cada. Carne, petróleo, medicamentos, pneumáticos e peças de motores lideram a lista de produtos mais afetados. O setor eletroeletrônico, que reúne gigantes como Samsung, Dell e Motorola, também está no radar, embora os incentivos fiscais estaduais tenham evitado uma debandada para Manaus.

Em Santo Antônio de Posse, o prefeito José Ricardo Cortez revelou a dimensão do problema: “82% da minha exportação é dessa fábrica frigorífica. Já cogitam fabricar nos Estados Unidos e deixar o Brasil”, alertou. O risco é de desmonte da principal geradora de empregos da cidade.

O prefeito de Campinas, Dário Saadi, reforçou que os incentivos estaduais foram vitais para dar fôlego à indústria de tecnologia. “Se esses incentivos que tinham data para terminar o mês passado não fossem reeditados, nós correríamos um risco sério de perder competitividade para Manaus”, disse. Já Rafael Piovezan, de Santa Bárbara d’Oeste, foi direto: é preciso medidas emergenciais e compensações imediatas, porque “nenhum mercado se abre da noite para o dia”.

O quadro, porém, ultrapassa a dimensão local. O tarifaço escancara a ausência de uma política externa sólida e de um projeto econômico nacional que não esteja refém de narrativas ou disputas institucionais. Enquanto isso, empresas cogitam deixar o Brasil, municípios projetam perda de arrecadação e empregos, e a economia regional pode sofrer um abalo profundo.

No fim das contas, o Brasil vive mais uma vez a lógica da política do umbigo: um país dividido em brigas de gabinete, incapaz de oferecer soluções estruturais, e que deixa para a ponta — os municípios, trabalhadores e empresas — a conta salgada de um tarifaço que não nasceu em Campinas, mas que pode arranhar fundo sua base econômica.

Isenção de IPTU no centro


Divulgação/PMC

A Câmara Municipal de Campinas recebeu um projeto de lei do vereador Nelson Hossri (PSD) que propõe a isenção do IPTU para imóveis desocupados no centro da cidade. A medida busca incentivar a ocupação e revitalização da região central, onde há elevado número de propriedades abandonadas.

Pelo texto, a isenção valerá para imóveis sem uso por mais de seis meses, sem contrato de locação ou venda em vigor. O perímetro beneficiado será definido pelo Executivo por decreto, e os proprietários terão prazo de 30 dias para comunicar a Prefeitura em caso de venda ou utilização do imóvel. O descumprimento da regra resultará na cobrança retroativa do imposto referente ao período de ocupação não informado.

Para Hossri, a proposta pode colaborar com a recuperação da vitalidade econômica e social do centro. “O centro é o coração da nossa cidade e precisa de ações concretas para recuperar sua vitalidade. Ao conceder a isenção, incentivamos os donos a darem uso aos imóveis, o que estimula o comércio, aumenta a segurança e valoriza toda a região”, afirmou.

Segundo a justificativa, a medida também pretende reduzir a ociosidade de imóveis, estimular a ocupação urbana e preservar a identidade histórica da área central.

Audiência sobre o Departamento de Proteção Animal


Divulgação/CMC

A Câmara Municipal de Campinas realiza nesta quinta-feira (21), às 19h, uma audiência pública para discutir a situação do Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal (DPBEA) e avaliar políticas públicas voltadas à defesa animal no município. O encontro será presidido pela vereadora Fernanda Souto (PSOL).

Segundo a parlamentar, a iniciativa surgiu após uma vistoria realizada no DPBEA, quando foram constatadas condições insalubres para o atendimento aos animais e para o trabalho das equipes. “Recentemente, realizei uma vistoria no Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal de Campinas (DPBEA) e encontrei condições insalubres para o atendimento aos animais e para o trabalho das equipes. Por isso, convidamos a todos para participar dessa importante audiência”, destacou Fernanda.

O DPBEA integra a estrutura da Secretaria do Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade (Seclimas) da Prefeitura de Campinas.

A audiência será no Plenário da Câmara Municipal, com entrada pela Avenida Roberto Mange, 66, no bairro Ponte Preta. A população poderá acompanhar presencialmente ou pela transmissão ao vivo na TV Câmara Campinas e no canal da emissora no YouTube.

As obras no DPBEA

Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal (DPBEA) de Campinas iniciou a primeira etapa das obras de reforma e ampliação de suas instalações na Vila Boa Vista.  

Nesta fase inicial, estão sendo construídos seis novos canis com solário, permitindo maior espaço para locomoção e exposição ao sol. Na sequência, o cronograma prevê a construção de dois gatis e uma sala de acolhimento, destinada a isolar temporariamente os animais recém-chegados e evitar a disseminação de doenças, como cinomose em cães e esporotricose em gatos.

A estrutura da antiga sala de acolhimento já foi demolida para viabilizar a nova construção. Ao todo, o projeto será executado em quatro etapas, com previsão de conclusão em até 90 dias.

Na segunda fase, será feita a ampliação do canil central, com mais solários, além da reforma dos gatis já existentes e da área destinada ao abrigo de cavalos. Já a terceira etapa inclui a construção de clínicas veterinárias, que contarão com sala de necrotério e espaço adequado para descarte de resíduos contaminantes. Por fim, a quarta etapa abrangerá a reconstrução da ala administrativa do prédio.

O investimento total é de R$ 660 mil, com recursos provenientes de um Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV).

  • Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.

Comentários

1 Comentários

  • Antonio Carlos Capeleti 21/08/2025
    Diz o ditado: \"\"Chumbo trocado não dói.\"\" Nosso país, por acaso, não taxa as importações com IPI, ICMS, Imp.de importação, taxas alfandegárias, etc.etc. Façamos a comparação do custo de um produto em dólar nos EUA, com o custo deste mesmo produto em dólar, depois de desembaraçado pela alfândega. Iremos levar um susto. Os \"\"sancionados\"\" não podem reclamar das medidas, pois, por muito menos, eles \"\"sancionaram\"\" injustamente um monte de brasileiros sem culpa e sem provas. Sancionadas na violência ditatorial. Só espero não ser criminalizado por exercer a democracia e externar minha opinião. Abraços.