O debate sobre a chamada “adultização” de crianças e adolescentes — termo usado para descrever a exposição precoce a comportamentos, conteúdos e responsabilidades adultas — chegou oficialmente à Câmara Municipal de Campinas. O tema ganhou força nacional depois do vídeo do youtuber Felca, que viralizou ao denunciar a exploração de menores na internet, envolvendo desde “coachs mirins” até influenciadores acusados de expor crianças a conteúdos de cunho sexual.
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Na esteira da repercussão, dois vereadores protocolaram propostas na Casa, refletindo abordagens políticas e ideológicas opostas. O primeiro é Filipe Marchesi (PSB), que apresentou um projeto proibindo a participação de menores em eventos, apresentações artísticas ou exposições que, segundo ele, possam “contribuir para a sexualização precoce”. O texto proíbe atividades com coreografias, conteúdos ou manifestações eróticas, bem como o contato visual com nudez ou seminudade, presencialmente ou por imagens. Marchesi defende que a medida não se opõe à educação sexual, mas busca impedir a “hipersexualização” e expor as crianças apenas a conteúdos compatíveis com sua faixa etária. Prevê, ainda, ações preventivas nas escolas, capacitação de professores e criação de um fórum de orientação às famílias.
Já Mariana Conti (PSOL) propôs a “Lei Felca”, que institui a Política Municipal de Combate à Cyberpedofilia e Adultização, com foco na responsabilização e na proteção no ambiente digital. A proposta estabelece campanhas educativas permanentes, canais sigilosos de denúncia, atendimento psicossocial às vítimas, capacitação de profissionais de saúde, educação e segurança, além de parcerias com empresas de tecnologia para criar ambientes online mais seguros. O projeto também prevê sanções a agentes públicos que não comuniquem casos suspeitos e multa para estabelecimentos que ofereçam acesso à internet sem divulgar informações sobre riscos e canais de denúncia.
As duas propostas, apesar de partirem do mesmo gatilho — a preocupação com a exposição precoce de crianças —, se distanciam na forma de atuação. Marchesi concentra-se em restringir o contato dos menores com conteúdos considerados inapropriados em ambientes culturais e escolares, enquanto Conti aposta em políticas integradas de prevenção, acolhimento e repressão a crimes virtuais, com monitoramento anual de resultados.
O avanço ou não desses projetos vai depender da análise das comissões permanentes e da capacidade de diálogo entre blocos com visões distintas. Mas o fato de ambos surgirem quase simultaneamente evidencia que o tema, antes restrito a debates pontuais, entrou de vez no radar político local — e que a pressão gerada por mobilizações digitais, como a de Felca, já começa a pautar o Legislativo campineiro.
Novo Refis?

Divulgação/PMC
Treze entidades de Campinas protocolaram na Prefeitura um pedido para que o município abra um novo programa de parcelamento de dívidas ainda em 2025. O grupo inclui Acic, Ciesp, Habicamp, Sinduscon, Sindilojas e Creci, entre outras representações.
Segundo o secretário municipal de Finanças, Aurílio Caiado, o pleito está sob avaliação técnica para verificar se há respaldo legal e impacto financeiro viável. Ele explicou que, além do cálculo sobre possíveis descontos, o município precisa considerar orientações recentes do Tribunal de Contas do Estado, que tem questionado a realização de programas desse tipo.
As entidades argumentam que, diante da instabilidade econômica e dificuldades enfrentadas por empresas locais, um novo Refis ajudaria a regularizar tributos, proteger empregos e estimular a arrecadação.
O último programa de recuperação fiscal foi realizado em 2023 e contemplou tanto dívidas tributárias — IPTU, ISSQN, ITBI e Taxa de Lixo — quanto débitos não tributários, como multas aplicadas pelo Procon, Vigilância Sanitária e Fiscalização de Terrenos.
Jonas e a Bancada Paulista

Divulgação/Câmara dos Deputados
O deputado federal Jonas Donizette (PSB-SP) foi eleito por unanimidade para coordenar a Bancada Paulista na Câmara dos Deputados. São Paulo tem 70 parlamentares federais, o maior número de representantes do Brasil, além de três senadores. O grupo é responsável por articular projetos e ações em defesa dos interesses do Estado no Congresso Nacional.
“Estou muito honrado com mais essa missão. Vamos fazer a ponte entre os governos estadual e federal, além de fomentar novas políticas que possam contribuir com o desenvolvimento de São Paulo”, afirmou Jonas.
A Bancada Paulista atua na formulação de novas legislações, na fiscalização e no acompanhamento de políticas públicas que impactam a população. Entre os projetos estratégicos para o Estado estão o Trem Intercidades e o Túnel Santos–Guarujá, além de outras proposições que tratam de desenvolvimento econômico e social.
“Agradeço a confiança de todos os deputados da bancada. Temos o compromisso de prestar um bom serviço para toda a população e seguir com ações que possam sempre melhorar a vida das pessoas”, disse o parlamentar.
Padilhando na área

Valter Campanato/Agência Brasil
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, é esperado em Campinas na próxima sexta-feira (22) para cumprir agenda ao lado do prefeito Dário Saadi (Republicanos).
A programação prevista inclui a solenidade de entrega do Hospital da Mulher, que não foi concluído no primeiro semestre devido à necessidade de adequações no telhado do prédio, e o lançamento das obras da nova sede do Centro de Saúde Boa Esperança, que conta com recursos do PAC Seleções do Governo Federal.
- Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.