A novela dos novos ônibus, ao menos um capítulo, chegou ao fim. Todos os 60 veículos prometidos em julho pela Prefeitura de Campinas finalmente estão circulando, completando a entrega de um reforço que vinha pingando aos poucos nos últimos meses. O pacote se soma a outros 50 coletivos incorporados entre abril e julho, totalizando 110 ônibus novos em 2025. É, sem dúvida, um alívio momentâneo para um sistema de transporte que vinha operando no limite — e às vezes abaixo dele — com uma rotina absurda de quebras, atrasos e até incêndios.
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A chegada foi resultado de um pedido direto do prefeito Dário Saadi às empresas, uma espécie de operação-tapa-buraco no meio de um cenário de crise. O segundo lote, com 60 veículos, renovou a frota de 15 linhas municipais nas regiões do Campo Grande e Nova Aparecida/Padre Anchieta. O investimento ficou a cargo da Campibus, integrante do Consórcio Cidade de Campinas (Concicamp). Já o reforço anterior, de 50 veículos, foi adquirido por VB Transportes e Onicamp Transporte Coletivo, atendendo eixos como Ouro Verde, Nova Europa, Parque Jambeiro e Swiss Park.
O problema é que, embora novos coletivos ajudem a reduzir a pressão, o drama estrutural do transporte público não se resolve com medidas emergenciais. Um dia após o anúncio da conclusão da entrega a realidade se impõe: nesta terça-feira, um ônibus da linha BRT 11 (Vida Nova) apresentou problemas e os passageiros tiveram que desembarcar às pressas. É como trocar um pneu novo em um carro com motor fundindo.
A solução definitiva está vinculada à nova licitação, que prevê renovação total da frota, inclusive a do BRT. O edital, prometido para outubro, deve flexibilizar a exigência anterior de frota 100% elétrica e permitir diferentes tecnologias de energia limpa. Até lá, o que se tem é um transporte parcialmente renovado, mas ainda longe de oferecer a confiabilidade que Campinas merece.
No fim, os ônibus novos chegam, as fotos de entrega são feitas, mas a sensação para quem depende do serviço é que a espera pelo transporte que funcione de forma digna ainda vai durar mais do que deveria.
Trégua
Divulgação/CMC
Depois de um início de segundo semestre conturbado e marcado por embates e polêmicas, a Câmara Municipal de Campinas viveu uma sessão mais ‘tranquila’ nesta segunda-feira. Em quase três horas de trabalhos, os vereadores apreciaram nove dos dez itens previstos — apenas um foi retirado de pauta — e conseguiram “limpar” a lista de projetos acumulados.
O destaque ficou para a aprovação, em primeira discussão, do projeto de lei enviado pelo Executivo que cria o Programa de Implantação e Adoção de Microflorestas Urbanas. A proposta prevê a criação de pequenos ecossistemas florestais em áreas públicas como praças, parques, bosques, rotatórias e canteiros, priorizando regiões de alto risco para ondas de calor e pontos estratégicos definidos pelo Plano Municipal do Verde.
Segundo a justificativa da Prefeitura, os aglomerados de árvores de alta densidade contribuirão para reduzir os efeitos das ondas de calor, aumentar a biodiversidade e capturar carbono, alinhando-se a metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O projeto também institui o Programa de Adoção das Microflorestas Urbanas (PAMU), permitindo que associações, entidades e empresas implantem e cuidem dessas áreas mediante termo de parceria válido por até 60 meses, renovável. O texto proíbe exploração econômica ou propaganda política, mas permite a instalação de placas padronizadas alusivas à adoção.
- Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.