POLÍTICA

Flávio Paradella: A eterna reta final do Mercadão

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 5 min
Divulgação/PMC
Mercado Municipal segue fechado mesmo após obra ser dada como concluída.
Mercado Municipal segue fechado mesmo após obra ser dada como concluída.

Campinas encerra julho sem cumprir a esperada reabertura do Mercado Municipal — uma das obras mais emblemáticas da cidade, que se arrasta há exatos dois anos. Em vez da tão esperada reinauguração, a Prefeitura promoveu nesta quinta-feira (31) uma visita guiada para anunciar que os trabalhos estruturais foram oficialmente encerrados. Mas, na prática, o Mercadão segue fechado, ainda sem data definitiva para voltar a funcionar.

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A reabertura agora depende dos próprios comerciantes, que precisam realizar obras de adequação dentro dos boxes. Além disso, mesmo com as obras ‘finalizadas’, há pendências na estrutura do prédio: as janelas de ventilação próximas ao telhado não foram trocadas, e permissionários relataram que os vidros quebrados permitiram a entrada de água da chuva, alagando a área interna.

Acabou, mas continua.

Agora, a estimativa é de que a reinauguração ocorra “nas próximas semanas”.


Divulgação/PMC

De fato, a intervenção no Mercadão é a mais profunda desde sua inauguração em 1908. Inclui modernização da fachada, acessibilidade, obras elétricas e hidráulicas, e a construção de um mezanino com restaurante. Também exigiu um extenso trabalho de drenagem, já que o prédio foi erguido sobre solo alagadiço — fator histórico apontado como complicador técnico.

Desde julho de 2023, os permissionários operam em tendas provisórias montadas ao redor do mercado. Reclamam de calor, estrutura improvisada e perda de clientela. O que era para ser um transtorno temporário, com previsão inicial de 12 meses, transformou-se em um longo processo de desgaste.

A Prefeitura justifica os atrasos com mudanças de projeto, ajustes estruturais e com as intervenções realizadas individualmente pelos comerciantes em seus boxes. Mas a condução do cronograma e os prazos estendidos alimentam um sentimento de frustração.

O Mercadão é mais do que um espaço comercial. É símbolo da identidade campineira. Sua revitalização era aguardada como marco de valorização do centro e de fomento ao turismo e à economia local. Em vez disso, passou a compor a lista de obras públicas de prazo elástico e entregas arrastadas, como o BRT, o Centro de Convivência, o Hospital Mário Gatti e o ainda indefinido Hospital da Mulher.

Que venha, enfim, o novo Mercadão. Mas que venha de verdade — com funcionamento, clientela e vida pulsando entre os corredores.

Nota da prefeitura

A Prefeitura de Campinas informa que durante a obra do Mercado Municipal, o Mercadão, foi realizada a troca dos vidros e vitrais que estavam quebrados. Conforme orientação do Condepacc, os que estavam em bom estado foram preservados.

Tourinho ampliado


Reprodução/Redes Sociais

Ex-candidato a prefeito e atual presidente do PT de Campinas, Pedro Tourinho, tem intensificado sua presença nas redes sociais com foco na mobilidade urbana e ataques diretos à gestão Dário Saadi. O movimento marca uma mudança de postura em relação à eleição de 2024, quando a comunicação digital foi um dos pontos mais frágeis de sua pré-campanha. Agora, Tourinho ensaia uma ofensiva mais articulada, com postagens frequentes, colaborações com aliados e um discurso afiado. Um exemplo é o impasse da licitação do transporte coletivo.

Em publicação recente ao lado da vereadora Guida Calixto (PT), Tourinho subiu o tom: “Essa prefeitura se recusou a aceitar recursos do governo federal para comprar 256 ônibus elétricos. Agora, vai remendar o problema com apenas 14 veículos em caráter de emergência”, afirmou. Para ele, a cidade perdeu uma oportunidade histórica de renovar completamente a frota com ônibus modernos, climatizados, com wi-fi, USB, câmeras e GPS, que já poderiam estar em circulação.

A crítica ecoa o desgaste crescente da gestão municipal com o transporte público e após a nova sinalização da Prefeitura de que o futuro edital de concessão não terá mais como exigência uma frota majoritariamente elétrica. Em vez disso, o texto — que deve ser lançado até outubro — permitirá uma gama mais ampla de energias limpas, como biometano, gás natural e hidrogênio, além da elétrica, sob a justificativa de ampliar a concorrência e garantir viabilidade operacional.

A mudança é mais um recuo da administração Dário Saadi. Em um primeiro momento, prometia-se uma frota com 250 ônibus elétricos. Depois, o número caiu para 60. Agora, não há mais obrigatoriedade.

Com isso, Tourinho mira em um tema sensível à população — o caos cotidiano do transporte público — e explora a narrativa de que faltou visão e vontade política da atual gestão. A nova postura digital do petista, somada à retomada de pautas de forte apelo popular, indica que ele busca manter-se no radar com mais intensidade, reforçando o terreno para as eleições de 2026.

Parque temático no Cerecamp


Divulgação/PMC

O vereador Nick Schneider (PL) apresentou uma Indicação à Prefeitura de Campinas sugerindo a criação de um parque público temático voltado à infância no Centro Esportivo e Recreativo Dr. Horácio Antônio da Costa, o tradicional Cerecamp, localizado no centro da cidade. O modelo proposto é inspirado no “Mundo das Crianças”, parque implantado em Jundiaí e considerado referência nacional em infraestrutura voltada ao público infantil.

Segundo o parlamentar, a proposta tem como objetivo oferecer um espaço gratuito, acessível e seguro, que estimule o lazer, a educação e o desenvolvimento emocional das crianças, em consonância com os princípios do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

“O ‘Mundo das Crianças’ de Jundiaí é um exemplo de como o poder público pode investir na infância com criatividade, responsabilidade e visão de futuro. Campinas tem plenas condições de realizar um projeto à altura da nossa população infantil, e o Cerecamp é o local ideal para isso”, defendeu o vereador.

Com 26,5 mil metros quadrados e tombado como patrimônio municipal, o Cerecamp enfrenta obstáculos legais para receber investimentos da iniciativa privada, o que, para Nick, reforça a necessidade de atuação direta da administração pública. Ele também sugere que o projeto possa ser viabilizado por parcerias público-privadas e captação de recursos junto aos governos estadual e federal.

A proposta está em fase inicial, mas o vereador espera que o Executivo avalie tecnicamente a viabilidade da transformação do espaço, hoje subutilizado, em um grande parque temático voltado às crianças, com atrações educativas, culturais e de recreação.

  • Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.

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