Depois de meses de tensão, debates públicos e decisões judiciais, Prefeitura de Campinas e o Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira colocaram um ponto final em um dos impasses mais desgastantes da atual gestão. As partes chegaram a um acordo formal para renovação do convênio, com vigência a partir de 1º de setembro. O entendimento será homologado na Justiça, por intermédio do Ministério Público, que atuou como mediador.

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No centro da disputa, estava o valor do repasse mensal e o futuro da rede de serviços de saúde mental da cidade. Agora, a prefeitura vai pagar R$ 6,9 milhões por mês à entidade — valor superior aos R$ 6,08 milhões anteriores e aos R$ 6,5 milhões temporários fixados em julho pela Justiça. Em contrapartida, o município assumirá gradativamente parte dos serviços prestados hoje pela organização, em um modelo híbrido que ainda será detalhado em plano de trabalho conjunto.

Apesar da resolução, algumas dúvidas permanecem: quais setores serão incorporados pela rede pública? Qual o cronograma de transição? Haverá impacto no quadro de profissionais e na qualidade do atendimento? São pontos que precisarão ser acompanhados de perto pela sociedade civil, conselhos e órgãos de controle.

Atualmente, o Cândido Ferreira atua de forma central na política de saúde mental de Campinas. A entidade está presente em 11 dos 14 CAPS da cidade, além do Consultório na Rua, cinco centros de convivência e projetos de reinserção social e renda para pessoas com sofrimento psíquico. Ou seja, não se trata de um prestador qualquer, mas de um braço essencial da assistência psicossocial no município.

O acordo representa uma trégua após meses de embates públicos, em que acusações de falta de transparência, risco de desassistência e decisões liminares ocuparam os holofotes. O desgaste não foi pequeno, e atingiu tanto a entidade quanto a Prefeitura. Ao final, houve recuo dos dois lados, como costuma ocorrer em acordos bem costurados.

Mais que resolver um contrato, o momento exige vigilância e diálogo. A saúde mental, tão negligenciada historicamente, não pode ser tratada apenas como número em planilha. O fim da novela contratual é bem-vindo — mas o próximo capítulo será decisivo: garantir continuidade, qualidade e humanização no cuidado às pessoas que mais precisam.

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