A polêmica do cercamento no entorno do Centro de Convivência ganhou novo capítulo com a decisão da Justiça de suspender, por liminar, a instalação do gradil. A medida, porém, tem pouco efeito prático, já que as grades metálicas de dois metros de altura já estão no lugar. Mas cria um embaraço jurídico e político importante: o juiz Mauro Iuji Fukumoto exigiu o parecer formal do Condephaat, instância estadual de proteção ao patrimônio, documento que a Prefeitura de Campinas ainda não possui.
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Desde o início da obra, o governo municipal sustentava ter autorização unânime do Condepacc, o conselho municipal de patrimônio, e que o projeto havia sido protocolado no Condephaat. Agora, com a liminar desfavorável, a gestão Dário Saadi admite aguardar manifestação oficial do órgão estadual — e ressalta que o Condephaat está em recesso administrativo, o que pode atrasar a resposta. Ou seja, criou-se uma lacuna que reforça o discurso da oposição.
Na prática, o juiz não determina a retirada imediata do gradil, mas a simples ausência da autorização formal alimenta o debate sobre a condução do processo. A Prefeitura alega que o cercamento é necessário para proteger o teatro de arena contra vandalismo, fogueiras e uso de drogas. Além disso, o perímetro garante a cobertura da obra durante o período de garantia da construtora, especialmente após investimentos técnicos como o uso de PMMA na impermeabilização do piso.
Mas o tema extrapolou a esfera técnica e caiu no campo simbólico e político. A vereadora Paolla Miguel (PT), por exemplo, comemorou a liminar como vitória contra “o elitismo e o apartheid social” e afirmou que as grades “da vergonha” representam exclusão no espaço público.
A verdade é que a Prefeitura se antecipou, talvez confiante demais em uma anuência informal que não se materializou, e agora enfrenta o desgaste institucional.
Se o Condephaat aprovar, como parece provável, o processo perde objeto e a gestão municipal reforça seu discurso de proteção do patrimônio. Mas até lá, o gradil virou munição política. Em um ambiente de crescente polarização local, Dário Saadi passa a ser retratado como intransigente por seus adversários, mesmo que os argumentos técnicos tenham alguma base. É do jogo.
Revisão dos Conselhos Tutelares

Divulgação/CMC
A presidente da Frente Parlamentar dos Direitos da Criança e do Adolescente da Câmara de Campinas, vereadora Debora Palermo (PL), protocolou nesta semana a Indicação nº 9799/2025, solicitando ao prefeito Dário Saadi a revisão completa da Lei nº 13.510/2008, que regulamenta a atuação dos Conselhos Tutelares na cidade.
Segundo a vereadora, a atualização é necessária para garantir segurança jurídica, valorização dos conselheiros e maior eficiência no atendimento à infância e adolescência. A proposta inclui autonomia administrativa e orçamentária para os Conselhos, além do reconhecimento da atividade como serviço público relevante.
Outros pontos destacados por Debora Palermo são a remuneração compatível com a responsabilidade da função, direito a licenças específicas (como gestante, paternidade e luto), e a formação continuada dos conselheiros. A parlamentar também propõe regras mais claras para processos eleitorais, uso de urnas eletrônicas com acessibilidade, e o fortalecimento da Comissão de Ética.
Entre as sugestões, está ainda a elaboração de relatórios trimestrais de atendimento, com o objetivo de orientar a formulação de políticas públicas voltadas à proteção de crianças e adolescentes.
“Atualizar essa legislação é reconhecer o papel essencial dos Conselhos Tutelares na defesa dos direitos da infância e adolescência. Precisamos garantir estrutura, respeito e condições adequadas para que esses profissionais atuem com dignidade e eficácia”, afirmou a vereadora.
- Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.
Comentários
1 Comentários
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TOMAZ ELIAS ROBINSON 29/07/2025Com relação a retirada das grades do Centro de Convivência seria muito bom, que já se aponte, quem seria responsável, pelos reparos de imediato caso haja, vandalismo, e uso incorreto do local. Pois fazer uso politico serve apenas para \"causar\", será que a vereadora se responsabiliza e realmente estará preocupada com o bem estar de TODOS os cidadãos de Campinas.