Mais um capítulo da longa novela da licitação do transporte coletivo de Campinas. Desta vez, a Prefeitura retirou oficialmente a exigência de frota elétrica no novo edital, previsto para ser lançado em outubro. A decisão, embora não surpreenda, chama atenção pelo peso simbólico da promessa que agora é deixada de lado. A eletrificação parcial da frota foi amplamente utilizada como vitrine eleitoral, teve verba do PAC garantida, visita presidencial e até solenidade em Brasília. Mas ficou só nisso.
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Na prática, o que a nova versão do edital fará é abrir espaço para outras fontes de energia limpa, como gás natural, biometano, hidrogênio e combustíveis verdes que venham a surgir nos próximos anos. O discurso oficial é de “flexibilização tecnológica” para ampliar a concorrência. A medida vem após 1.130 sugestões recebidas durante a consulta pública, encerrada em julho.
É, sem dúvida, mais um recuo. Primeiro, a meta era 250 veículos elétricos. Depois, caiu para 60. Agora, não há mais obrigatoriedade alguma. A gestão Dário Saadi afirma que mantém o compromisso com a sustentabilidade, mas fica evidente a dificuldade de viabilizar, no curto prazo, um modelo de transporte com alta tecnologia e baixo impacto ambiental dentro da realidade financeira das empresas e do município.
Internamente, o Grupo de Trabalho Intersecretarial — que envolve Emdec, Setransp, Administração, Procuradoria e apoio da FIPE e ANTP — também trabalha em ajustes operacionais: racionalização de linhas, atualização de custos e da demanda de passageiros. A meta é lançar o novo edital em outubro, o que, se concretizado, encerraria um processo iniciado há mais de cinco anos.
A cidade ainda carrega o trauma da licitação deserta de 2023, por falta de interessados. Agora vemos mais uma tentativa para resolver um gargalo crônico de mobilidade urbana. Enquanto isso, a frota segue envelhecida, com média de idade alta, frequentes quebras e insatisfação dos usuários.
A retirada da exigência elétrica pode até ser pragmática, diante dos entraves operacionais e orçamentários, mas representa o abandono de uma promessa ambiciosa, vendida como marco de inovação. O que se espera, agora, é que ao menos haja finalmente um vencedor, e que o novo contrato traga melhoria real no serviço prestado à população.
Porque essa licitação já dura mais que muitos mandatos — e Campinas não pode esperar mais.
15 minutos no estacionamento

Divulgação/CMC
A partir desta terça-feira (22), estacionamentos de hospitais e clínicas — públicos e privados — em Campinas devem oferecer gratuidade por até 15 minutos para embarque e desembarque de passageiros. A medida passou a valer com a sanção da Lei nº 16.781, assinada pelo prefeito Dário Saadi (Republicanos) e publicada no Diário Oficial do Município.
Além das unidades de saúde, a nova norma também se aplica ao Terminal Rodoviário de Campinas. O texto estabelece que todos os estabelecimentos abrangidos deverão afixar cartazes visíveis informando os usuários sobre o direito, sob pena de descumprimento da lei.
A proposta foi aprovada pela Câmara Municipal em junho, em projeto de autoria do vereador Luiz Rossini (Republicanos). Segundo ele, a gratuidade por 15 minutos tem o objetivo de evitar cobranças indevidas em paradas rápidas, sobretudo em situações emergenciais, que envolvem idosos e pessoas com mobilidade reduzida.
Outro ponto importante é que os 15 minutos são adicionais ao tempo de tolerância já praticado pelos estabelecimentos. Assim, se um hospital já oferece 15 minutos gratuitos, com a nova legislação, o tempo total para parada rápida pode chegar a 30 minutos sem custo.
A lei entra em vigor imediatamente e sua aplicação deverá ser fiscalizada pelas autoridades competentes do município.
- Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.