POLÍTICA

Flávio Paradella: O caos repetitivo e desgastante da nação

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 3 min
Valter Campanato/Agência Brasi
De Lula a Bolsonaro, o Brasil coleciona escândalos e mergulha em um sistema que não corrige, não renova e não se responsabiliza.
De Lula a Bolsonaro, o Brasil coleciona escândalos e mergulha em um sistema que não corrige, não renova e não se responsabiliza.

Mais um capítulo se soma à longa e preocupante crônica da deterioração institucional do Brasil nos últimos 25 anos. A operação da Polícia Federal nesta sexta-feira (18), que impôs tornozeleira eletrônica e outras restrições ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), reforça a escalada de tensão entre os Poderes e aprofunda a paralisia política de um país que se acostumou ao caos como método de governança.

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A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, e além da tornozeleira, Bolsonaro está proibido de usar redes sociais, deverá cumprir toque de recolher noturno e não poderá manter contato com diplomatas, réus ou investigados nem se aproximar de embaixadas. Trata-se de mais uma fase de um cerco judicial que atinge diretamente o ex-mandatário, acusado em diferentes inquéritos e sendo julgado por tentativa de golpe. Uma situação vergonhosa.

Só que não há surpresa — e talvez esse seja o sintoma mais grave. O que deveria causar espanto já se tornou rotina. O Brasil do século XXI viu desfilar um repertório de crises sem fim: Mensalão, Lava Jato, impeachment, caso JBS, a gestão criminosa da pandemia, e agora, investigações de tentativa de golpe e prisão de figuras centrais da política nacional.

É sempre o próximo escândalo que supera o anterior. E assim, os discursos se sustentam pela necessidade de um inimigo, de ambos os lados. Um jogo perverso onde a polarização não só é útil — é essencial. Enquanto isso, o país real estagna, afundado em problemas sociais crônicos, infraestrutura precária e falta de perspectivas sustentáveis.

O que se vê, mais uma vez, é a tragédia de uma nação com um dos maiores potenciais do planeta sendo refém de um sistema político disfuncional, alimentado por demagogia, corrupção, impunidade e incompetência. Um sistema que não se renova, não se corrige, e não se responsabiliza.

A operação contra Bolsonaro, seja qual for seu desfecho jurídico, é mais uma peça de um tabuleiro viciado, onde o escândalo é regra e a estabilidade, exceção. Foi assim com Lula. É agora com Bolsonaro. O Brasil caminha como um náufrago institucional, flutuando entre ondas de autoritarismo, populismo e desgoverno — sempre à espera de um resgate que nunca vem.

Se não houver uma ruptura consciente com esse modelo — que já se provou falido — o futuro, infelizmente, será apenas a repetição do fracasso passado com novos protagonistas.

Enquanto um lado comemora e outro se revolta, o povo, como sempre, pagará a conta. O Brasil é cansativo e destroça toda e qualquer esperança.

Condenados barrados


Divulgação/CMC

Um projeto de lei protocolado na Câmara Municipal de Campinas quer tornar obrigatória a apresentação de certidões de antecedentes criminais atualizadas para todos os profissionais contratados por instituições que atuam com crianças e adolescentes, sejam públicas ou privadas.

A proposta é do vereador Marcelo Silva (PP) e estabelece que entidades sociais, educacionais e assistenciais — inclusive as que recebem recursos públicos — só poderão contratar pessoas sem histórico de condenações por crimes dolosos, ainda que a sentença não tenha transitado em julgado.

Segundo o parlamentar, a intenção é reforçar mecanismos de proteção a menores de idade.
“O projeto pretende estabelecer uma barreira legal contra a presença de pessoas com histórico de crimes graves em espaços frequentados por crianças e adolescentes, oferecendo mais tranquilidade às famílias e reforçando o dever de proteção da sociedade”, afirmou.

A exigência também valerá para escolas e instituições de ensino, independentemente do uso de verbas públicas. Essas unidades terão a responsabilidade de manter em arquivo as fichas cadastrais e as certidões de antecedentes atualizadas de seus colaboradores.

Outro ponto do projeto garante que pais ou responsáveis legais terão acesso livre aos atestados e certidões dos profissionais vinculados às instituições.

Para se tornar lei, a proposta ainda precisa passar por duas votações no Plenário da Câmara Municipal.

  • Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.

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