POLÍTICA

Flávio Paradella: a indecisão de Valéria Bolsonaro

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 6 min
Divulgação
Secretária Políticas para a Mulher de Tarcísio de Freitas confirmou que o PL vai ocupar nova pasta em Campinas, mas nome ainda está indefinido.
Secretária Políticas para a Mulher de Tarcísio de Freitas confirmou que o PL vai ocupar nova pasta em Campinas, mas nome ainda está indefinido.

Em entrevista à Rádio Jovem Pan Campinas nesta sexta-feira, a secretária estadual de Políticas para a Mulher, Valéria Bolsonaro (PL), comentou a criação da Secretaria da Mulher na Prefeitura de Campinas, que está em fase final de articulação. Ela confirmou que o nome para assumir a nova estrutura será indicado com apoio do PL estadual e ressaltou a preocupação em garantir protagonismo e eficiência. “Esse é um nome que vem com cuidado, vem pra somar, pra trazer um trabalho forte, essa ponte do Estado com os municípios”, declarou. Ela também elogiou a decisão do prefeito Dário Saadi (Republicanos), que, segundo ela, demonstrou sensibilidade política: “Brinquei com ele, falei: você, como prefeito do partido do governador, teve a mesma sensibilidade do governador e nos trouxe aí uma Secretaria da Mulher.

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A fala de Valéria Bolsonaro confirma que a escolha passa pela cúpula estadual, mais precisamente pelo crivo da própria secretária.

Questionada se a vereadora Débora Palermo, do PL, ex-presidente da Câmara de Campinas, é cotada para o cargo, Valéria respondeu com diplomacia: “Todas as mulheres de Campinas estão cotadas. [...] Nós queremos trazer uma pessoa muito boa. Tenho certeza de que será um nome que vai trazer essa representatividade que as mulheres precisam.

Ainda durante a entrevista concedida ao Jornal da Manhã Regional, Valéria também comentou o depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro no inquérito sobre tentativa de golpe de Estado. Em tom crítico, classificou o momento como preocupante. “É muito triste tudo que a gente está assistindo. [...] Eu acho que hoje o Brasil inteiro se sente muito inseguro, judicialmente falando. Nós não temos mais aquela segurança jurídica.” Ela ainda reclamou da ausência de paridade no tratamento entre diferentes grupos políticos: “O que um partido pode fazer à vontade, do jeito que quiser, o outro grupo, a oposição, não tem direito absolutamente nem de crítica.

Sobre os rumores de uma candidatura do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) à presidência em 2026, a secretária negou essa possibilidade no momento. Segundo ela, o governador tem reafirmado o compromisso com a reeleição ao cargo em São Paulo. “O que nós ouvimos ali da fonte é que ele vem à reeleição. [...] Ele fala que ele gostaria de fazer, de concluir esses projetos”, explicou, destacando que muitos dos projetos iniciados pela atual gestão só devem ser finalizados entre 2029 e 2030.

A secretária também detalhou o conjunto de ações de combate à violência de gênero no estado, mencionando a parceria com a Secretaria de Segurança Pública na criação de DDMs 24 horas e na ampliação do uso de tecnologia. “A Secretaria de Segurança repaginou o botão do pânico e transformou no aplicativo SP Mulher Segura. [...] Se esse agressor ultrapassar ali a medida protetiva, uma viatura prende esse agressor. E a mulher não fica sabendo.” Ela citou ainda a inauguração da Cabine Lilás em Campinas, a circulação de carretas do empreendedorismo e da saúde feminina, e o avanço na capacitação de mulheres em situação de vulnerabilidade, como formas de garantir independência econômica e prevenir situações de violência doméstica. “Muitas mulheres ficam submetidas ao seu agressor porque não têm como buscar um emprego, sustento para a família. [...] Estamos buscando todos os meios de empregabilidade, de suporte.

A visita a Campinas também marcou o lançamento do livro “Para Todas as Mulheres do Mundo”, coordenado por Valéria e com relatos de superação e força feminina. O evento aconteceu na Livraria Leitura, no Shopping Parque Dom Pedro.

Vini confiante

Após os depoimentos prestados à Comissão Processante da Câmara de Campinas, o vereador Vini Oliveira (Cidadania) afirmou nesta sexta-feira (13) que as oitivas “apenas confirmaram” sua convicção de que não cometeu qualquer tipo de irregularidade durante a visita feita no plantão do Hospital Mário Gatti no dia 1º de janeiro. Em nota, Vini declarou que “em nenhum momento cometi qualquer tipo de irregularidade, arbitrariedade, quebra de decoro ou qualquer outra conduta que pudesse justificar a cassação do meu mandato”.

Os depoimentos colhidos na quinta-feira (12) incluíram a médica Daiane Copercini, autora da denúncia, além da enfermeira Adriana Leal dos Santos, do médico Raphael Henrique Eloy Silva. Além disso uma quarta testemunha foi ouvida, o gestor de tráfego Lucas Andrade Valin Melão, cuja participação foi duramente criticada por Vini. Segundo o parlamentar, “trata-se de alguém com histórico de perseguição à Casa Legislativa Campineira [...] e que afirmou taxativamente que me viu apenas uma única vez na vida, não estava presente no dia dos fatos e recusou-se a responder todas as perguntas formuladas por meu advogado”.

A defesa tentou impedir o depoimento de Melão por considerar que ele seria imparcial e suspeito devido aos posicionamentos dele nas redes sociais em relação a Vini Oliveira, mas o pedido foi rejeitado pela Comissão.

O ponto mais sensível das oitivas foi o depoimento de Daiane, que acusou o vereador de violar protocolos internos do hospital, acessar fichas médicas de pacientes e gravar vídeos sem autorização, inclusive a associando à prática de estelionato. A médica relatou ainda sentir-se emocionalmente abalada com a abordagem e declarou que Vini foi “hostil, agressivo e combativo”.

Sobre essas alegações, o vereador rebateu diretamente os principais pontos. “Ficou claro e transparente, especialmente no depoimento do médico chefe do plantão, que em momento algum fui agressivo ou desrespeitoso com os funcionários. Também ficou evidente que, em nenhuma circunstância, 'invadi' ou abri portas de consultórios sem autorização, tampouco acessei dados sensíveis”, afirmou.

Vini Oliveira concluiu sua manifestação reafirmando “plena confiança na verdade, na isenção, imparcialidade e lisura dos meus nobres colegas, bem como na Justiça”. O parlamentar será ouvido na próxima terça-feira, 17 de junho, na oitiva de defesa. A Comissão Processante tem prazo até 3 de agosto para apresentar seu parecer.

Nota Lucas Andrade Valin Melão

"Em resposta às declarações do vereador Vini, gostaria de esclarecer que nunca persegui a Casa Legislativa de Campinas. No entanto, como cidadão campineiro, entendo ser meu dever denunciar irregularidades cometidas por qualquer agente público, inclusive vereadores.

Quando fiz parte do MBL, cobramos o andamento das denúncias envolvendo supostas rachadinhas, bem como o caso do ex-vereador Zé Carlos. E sim, só vi o vereador Vini pessoalmente uma única vez antes da audiência em que testemunhei. Ainda assim, tenho inúmeras conversas com ele, em que inclusive o ajudei nas redes sociais durante o período em que ele esteve ligado à juventude do PL.

Recusei-me a responder perguntas feitas pelo advogado de defesa porque não tinham relação com os autos da Comissão Processante. Em vez disso, ele focou em assuntos irrelevantes como o perfil “Liberta Campinas” no TikTok, vídeos de lives e até questões pessoais envolvendo ele próprio, como um vídeo que publiquei sobre um episódio ocorrido em 2019, relacionado a corrupção de menores.

Importante lembrar que testemunhas não podem interrogar a defesa, apenas responder o que for pertinente. Optei por declinar das perguntas para não transformar minha oitiva em um debate, o que não é o objetivo de uma audiência de instrução.

Reafirmo meu compromisso com a verdade, a ética e a transparência. Se há algo a esconder, que não venha da minha parte."

  • Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.

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