
A mulher era mantida em cárcere psicológico, sofria agressões constantes com pedaço de bambu, cabo de vassoura e ferro, foi alvo de estupros conjugais, levou chute no rosto e teve o Bolsa Família controlado pelo companheiro. A violência foi exposta em um bilhete enviado pela mulher à escola por meio do filho de 5 anos.
Clique aqui para fazer parte da comunidade de OVALE no WhatsApp e receber notícias em primeira mão. E clique aqui para participar também do canal de OVALE no WhatsApp.
A Polícia Civil do Estado de São Paulo registrou um depoimento dramático no Vale do Paraíba, revelando uma grave situação de violência doméstica vivida por uma mulher de 23 anos. O caso veio à tona no dia 14 de maio de 2025, quando a vítima procurou a Delegacia de Polícia de Cachoeira Paulista e relatou anos de abusos cometidos pelo companheiro.
A vítima contou à polícia que era constantemente agredida física e psicologicamente. Segundo o boletim de ocorrência, as agressões começaram no início do relacionamento, há cerca de oito anos, e se intensificaram nos últimos meses. O companheiro também a obrigava a manter relações sexuais, mesmo contra sua vontade.
O relato da vítima à autoridade policial descreve estupros conjugais e episódios de extrema violência física. Ela contou que, dependendo do humor do companheiro, era forçada a manter relações: “Quando ele estava bem, era com carinho. Quando não estava, ele me tratava muito mal. Forçava a relação. Mesmo eu dizendo que não queria, ele fazia à força”, declarou.
Agressão.
De acordo com o depoimento, a última agressão ocorreu no dia 1º de maio. Após a vítima confirmar a uma amiga que era agredida, o companheiro exigiu que ela entrasse no carro. Com medo, ela recusou. Foi então que ele a perseguiu e passou a agredi-la com um pedaço de bambu. “Ele pegou um bambu, saiu correndo atrás de mim e começou a me bater. Tenho marcas nos braços”, disse
A jovem também contou que já foi agredida com cabo de vassoura, ferro e até com chutes no rosto. “Ele me deu uma bicuda no nariz. Saiu sangue”.
Segundo o boletim, a vítima sentia dores no nariz no momento do depoimento. Questionada, explicou que foi alvo de um chute no rosto dado pelo companheiro, o que provocou sangramento.
Ela também relatou que o agressor arrancou um tufo de seu cabelo durante uma agressão, deixando os fios sujos de sangue dentro do carro onde a violência aconteceu. “Ele não deixava eu sair de casa nem usar telefone”.
Controle.
O controle sobre a vítima era absoluto. Ela disse que não podia sair de casa sozinha, nem visitar a mãe. Sempre que precisava sair, era acompanhada pelo agressor. O uso do celular também era proibido: “Ele não deixava eu ter telefone. Dizia que se eu tivesse, eu ia contar para alguém que ele me batia”.
A dependência financeira também era parte do ciclo de violência. A vítima afirmou que o agressor retinha o cartão do Bolsa Família e que ele próprio fazia os saques, controlando os recursos da casa. “O cartão está com ele. Ele que recebe tudo”, disse a mulher.
Motivada pelo medo, a mulher não denunciava o companheiro. Segundo ela, ele constantemente fazia ameaças de morte contra seus familiares: “Ele falava que, se eu denunciasse, ele ia matar minha mãe, meu pai e meus irmãos”.
Sem ter acesso a telefone ou contato com familiares, ela buscou ajuda de forma silenciosa. Escreveu um bilhete e o escondeu dentro do caderno de recados do filho de cinco anos, que estuda em uma creche. A diretora encontrou a carta e acionou as autoridades. “Escrevi dizendo que ele tinha me batido e que eu não aguentava mais. Pedi ajuda”, afirmou.
Ela também escreveu uma segunda carta à irmã, mas não conseguiu entregar, pois o agressor passou a impedi-la de sair de casa.
A mulher e o companheiro têm dois filhos, de 5 e 3 anos. As agressões, segundo ela, ocorriam na frente das crianças. “Meus filhos viam tudo. Estavam em casa quando ele me batia”.
O homem está preso preventivamente pela Justiça, depois de ter sido preso em flagrante por policiais.