
Um veleiro e um sonho motivaram os irmãos Lucas e Neto Faraco, de 30 e 33 anos, a passarem os últimos 7 anos dando a volta ao mundo. A viagem, que começou em Ubatuba, no Litoral Norte de São Paulo, em 5 de março de 2018, chega ao fim neste sábado (17), com a chegada dos dois à Prainha dos Matarazzo.
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Apesar de só os dois estarem no barco, o sonho de circunavegar o globo de veleiro veio dos pais deles. “O sonho inicialmente era deles, mas estão em outra fase da vida agora. Segundo eles, o sonho agora é ver a gente realizar o sonho”, contou Lucas ao portal Metrópoles.
Lucas e Neto praticamente nasceram no veleiro. Os pais deles são de Ribeirão Preto, interior paulista, e, antes de os filhos nascerem, decidiram largar tudo e ir morar no barco. O casal começou a navegar em 1990 e os filhos vieram em 1992 e 1995. Os quatro navegaram praticamente toda a costa do Brasil.
Quando o filho mais velho, Neto, completou 6 anos, os pais sentiram falta de um porto fixo para que os meninos pudessem frequentar escola e ter amigos, então, eles se mudaram para Ubatuba.
“Crescemos em Ubatuba, escola, tudo normal. Mas nunca perdemos o contato com o mar e nem com o veleiro. Seguimos o fluxo comum, vestibular, faculdade. Fomos cursar engenharia na Universidade Federal de Lavras, em Minas Gerais, e, pela primeira vez na vida, nos distanciamos do mar. Não durou muito!”, brincou Lucas.
Os dois, então, voltaram para a praia e começaram a trabalhar com o veleiro, fazendo passeios para conseguir angariar fundos para viver o sonho da volta ao mundo, que vinha da família. Eles passaram o ano de 2017 inteiro reformando o barco e, em março de 2018, partiram. “Agora, pouco mais de 7 anos depois, estamos voltando para nossa casa, onde tudo começou”, disseram.
Os pais de Lucas e Neto podem não ter realizado a viagem com eles, mas aproveitaram alguns momentos da volta ao mundo para visitar os filhos em cinco momentos diferentes: no Caribe, nas Ilhas Galápagos, na Nova Zelândia, na Indonésia e na África do Sul.
“A África do Sul acho que foi o lugar mais especial […] Com eles embarcados, a gente contornou o Cabo da Boa Esperança, que é o ponto mais astral do continente africano, quando a gente contorna o continente para sair do Oceano Índico e entrar no Oceano Atlântico, a volta por baixo do continente, e eles estavam com a gente. É um marco muito especial para os velejadores, então foi muito legal ter nossos pais a bordo com a gente nesse momento”, contou Lucas ao Metrópoles.
Segundo os irmãos, a rotina no barco pode variar bastante, dependendo se eles estiverem velejando ou ancorados. Normalmente, eles precisavam realizar manutenções do barco e aproveitavam para explorar os locais onde paravam. “Isso é basicamente o que os meus pais faziam com a gente na nossa infância”, explicou.
No quesito financeiro, os dois saíram de Ubatuba com dinheiro contado para três meses. A ideia era ir trabalhando no caminho, nos locais em que eles parassem, e ir juntando fundos. Porém, com o sucesso que fizeram nas redes sociais, eles conseguiram monetizar e não precisaram trabalhar.
“Nosso maior imprevisto foi um acidente que tivemos em 2019. Estávamos navegando, chegando à Polinésia Francesa, quando batemos em uma baleia. Uma parte fundamental do veleiro, que é o leme, foi completamente arrancada e isso nos deixou à deriva, sem controle do barco, e uma tempestade muito grande nos pegou. Ficamos 86h sob essas condições”, contou Lucas sobre o maior perrengue que eles passaram durante esses 7 anos.
* Com informações do portal Metrópoles