CIÊNCIAS

Estudantes de Jundiaí vão representar o Brasil em feira nos EUA

Por Redação |
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Divulgação
Raul Sarria Viana Brandão e Luiza Zaiter Costa estudam em um colégio particular de Jundiaí e participarão da ISEF
Raul Sarria Viana Brandão e Luiza Zaiter Costa estudam em um colégio particular de Jundiaí e participarão da ISEF

Os estudantes de Jundiaí, Luiza Zaiter Costa e Raul Sarria Viana Brandão, ambos de 17 anos, representarão o Brasil e São Paulo na Regeneron ISEF (International Science and Engineering Fair), que acontece entre os dias 10 e 16 de maio em Columbus, Ohio (EUA), considerada a maior feira pré-universitária de ciências do mundo.

Eles foram premiados na Mostratec-Liberato (Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia), que é considerada a maior feira de jovens pesquisadores da América Latina. A Mostratec-Liberato é a feira brasileira mais antiga que participa desse importante evento científico nos EUA. Desde 1993, quando fez sua estreia, não deixou de comparecer à ISEF.

Passados 32 anos, mais uma vez uma delegação de finalistas brasileiros, credenciados pela Mostratec-Liberato, representará o país na ISEF. São 13 estudantes, que apresentam nove trabalhos, oriundos de oito estados da federação: Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Maranhão, Amazonas e Amapá. Os jundiaienses, que estudam em um colégio particular, representarão São Paulo.

A pesquisa

O projeto, selecionado por São Paulo e credenciado para o ISEF através da Mostratec-Liberato, tem orientação de Clarissa Scolastici Basso e mostra a Aplicação Terapêutica de Agomirs e Antagomirs no Câncer Gástrico Baseada em Análise Transcriptômica – Fase II.

O adenocarcinoma gástrico é o quarto tipo de câncer mais comum no Brasil, sendo frequentemente diagnosticado em estágios avançados, quando a taxa de cura cai para 30%. MicroRNAs (miRNAs) são reguladores pós-transcricionais essenciais, responsáveis por inibir a tradução de mRNAs, e têm papel fundamental na iniciação e progressão de diversos tipos de câncer, incluindo o gástrico. Esses miRNAs podem promover ou suprimir a proliferação celular ao modular a expressão de genes-alvo, que podem atuar como oncogenes ou genes supressores de tumor.

Agomirs são miRNAs sintéticos, quimicamente modificados, que mimetizam miRNAs endógenos e são usados para aumentar a expressão de genes supressores de tumor em estudos de ganho de função. Por outro lado, antagomirs são inibidores de miRNAs, também modificados quimicamente, que bloqueiam a ação de miRNAs específicos em estudos de perda de função.

O estudo teve como objetivo avaliar o impacto dos miRNAs na regulação de vias moleculares críticas para a progressão tumoral, visando ao desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas para o tratamento do adenocarcinoma gástrico. A metodologia baseou-se na análise de bancos de dados para comparar a expressão gênica em tecidos neoplásicos e normais, identificando genes-alvo relevantes em tecidos cancerígenos.

A análise dos perfis de expressão dos miRNAs no câncer gástrico revelou que os miRNAs hsa-miR-192, hsa-miR-215, hsa-miR-34a, hsa-miR-214, hsa-miR-221, hsa-miR-222 e hsa-miR-454 estão hipoexpressos, regulando os genes RB, P53, PTEN, CBX7, RB1, CNTN e CYLD, respectivamente. Já os miRNAs hsa-miR-143, hsa-miR-135b, hsa-miR-429 e hsa-miR-675 apresentaram hiperexpressão, modulando os genes MAP3K7, CLIP4, CMYC, BCL-2 e RUNX1, nessa ordem. Com base nessas interações, foram modulados agomirs para miRNAs hipoexpressos e antagomirs para miRNAs hiperexpressos, direcionados especificamente a cada miRNA identificado.

Esses resultados permitiram a classificação dos genes regulados em dois grupos, aqueles cuja expressão deve ser reduzida e aqueles cuja expressão deve ser aumentada para suprimir a progressão tumoral. A análise do transcriptoma foi essencial para a identificação de miRNAs diferencialmente expressos, tanto com características oncogênicas quanto supressoras tumorais, demonstrando sua relevância na regulação de vias moleculares críticas para o desenvolvimento e progressão do adenocarcinoma gástrico. Além disso, o estudo reforçou o potencial dos agomirs e antagomirs como abordagens terapêuticas promissoras, abrindo caminho para o desenvolvimento de estratégias inovadoras na luta contra a doença.

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