
O Ministério Público propôs que Pablo Marçal pague a quantia de R$ 273,2 mil para arquivar o processo criminal no qual ele é acusado de colocar em perigo a vida de 32 pessoas que participaram de uma expedição ao Pico dos Marins, no Vale do Paraíba, uma das montanhas mais altas de São Paulo. O episódio ocorreu em janeiro de 2022 e tornou Marçal nacionalmente conhecido.
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De acordo com a denúncia, o coach e influenciador digital levou um grupo de seguidores para a Serra da Mantiqueira a despeito das condições adversas de tempo e prosseguiu com a expedição mesmo quando os guias contratados o advertiram de que a escalada estava inviável.
Em meio à chuva forte, frio intenso e rajadas de vento de quase 100 km/h, de acordo com a ação, o grupo de 32 pessoas, perdido na mata, precisou ser resgatado pelo Corpo dos Bombeiros.
Na denúncia apresentada à Justiça, os promotores Renata Zaros e Carlos Soares declaram que Marçal, mesmo com as advertências para recuar, dizia que daria aos seguidores "o pior ano da vida", constrangendo aqueles que temiam continuar no desafio como se fossem "fracos e incapazes". De acordo com eles, Marçal chegou a chamar um guia de "covarde".
O propósito da escalada nessas condições adversas, com chuva forte, lama, trajeto inóspito, falta de visibilidade e pedras escorregadas, seria o de "superar os limites para vencer e prosperar na vida".
Na ação, os promotores citam a seguinte frase, que teria sido postada por Marçal em suas redes sociais. "Algumas pessoas não suportam quem corre risco. Se você é uma pessoa que não corre risco, dificilmente você vai governar ou chegar no topo. Na nossa subida ontem na montanha, a gente correu muito risco. Aí alguém me fala: 'Mas pra que correr risco?' Se você não quer correr risco, fica na sua casa assistindo os stories".
Os promotores disseram na denúncia que Marçal expôs a vida e a saúde de todos aqueles que o acompanharam. "Os riscos da expedição eram evidentes".
O influenciador disse durante as investigações que a escalada foi uma atividade esportiva desenvolvida por amigos, colegas e conhecidos, "sem relação" alguma com seu trabalho de "mentoria" e que era "inverídica" a informação de que recebera qualquer remuneração financeira pelo evento.
Ele afirmou que não era o líder da expedição e que nenhum dos guias contratados o avisou sobre a proibição de subir a montanha na ocasião, assim como não teria sido alertado sobre os riscos da atividade.
Disse que, com o agravamento das condições climáticas, ele e os participantes mais experientes recomendaram aos demais que retornassem para o acampamento. Marçal declarou que avisou quem decidiu prosseguir de que a responsabilidade seria individual, de cada um, e que quem não se sentisse seguro deveria retornar. Segundo ele, a maioria retornou.
Marçal disse à polícia que o grupo que subiu e desceu da montanha não precisou de resgate dos bombeiros. Ele afirmou se sentir "perseguido" nesse caso por ser uma “pessoa pública e politicamente exposta".
Ele citou no processo que o delegado responsável pelo inquérito considerou haver "um exagero persecutório" por parte do Ministério Público, "talvez pela repercussão do caso ou quem sabe pela popularidade do investigado".
A proposta de acordo para o encerramento do processo mediante o pagamento da multa foi feita pelo Ministério Público no início do mês à defesa de Marçal. Esse tipo de acordo, previsto na lei 9.099/95, é chamado de transação penal e pode ser realizado somente em acusações de crimes com pena de até dois anos.
* Com informações do portal UOL