POLÍTICA

Flávio Paradella: Estádio da Mogiana, um símbolo do abandono

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução/TripAdvisor
Comissão liderada pelo vereador Gustavo Petta propõe transformar área em parque público para lazer e preservação da memória de Campinas.
Comissão liderada pelo vereador Gustavo Petta propõe transformar área em parque público para lazer e preservação da memória de Campinas.

A criação de um parque público na área do antigo Estádio Cerecamp, conhecido como Estádio da Mogiana, voltou ao debate na Câmara Municipal de Campinas. Uma Comissão Especial de Estudos foi criada para discutir a viabilidade do projeto, que pretende recuperar o espaço tombado como patrimônio histórico e dar nova função à área, que há anos se encontra abandonada. A proposta é liderada pelo vereador Gustavo Petta (PCdoB).

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O local virou símbolo do abandono do patrimônio público. O tombamento impediu que a área fosse vendida para empreendimentos imobiliários, mas não houve nenhum investimento do Estado desde então”, afirmou Petta. Segundo o vereador, a ideia é transformar o espaço em um parque que una lazer, esporte e preservação histórica. “Não é apenas recuperar para o futebol amador. Podemos oferecer pista de caminhada, espaços verdes e mais qualidade de vida à população”, defendeu.

O estádio foi tombado pelo Condepacc e pelo Condephatt em 2019, após mobilização de atletas e moradores preocupados com a preservação da memória da cidade. A tentativa de venda da área em leilões pelo governo estadual fracassou por falta de interessados, reacendendo o debate sobre seu futuro.

Petta informou que a comissão formada na Câmara — com vereadores de diferentes partidos — vai ouvir moradores, clubes da região e instituições como o NIPO e o CIS-Guanabara da Unicamp. A intenção é elaborar um projeto que seja um desejo coletivo da cidade e buscar apoio financeiro de diferentes esferas. “A Prefeitura pode assumir a gestão do espaço e contar com apoio do Estado e da União para a revitalização. Mas a manutenção deve ser do município”, explicou.

Além dos recursos públicos, o vereador sugeriu que empreendimentos imobiliários vizinhos à área participem como financiadores da revitalização. “Empreendimentos próximos seriam diretamente beneficiados com a valorização do entorno. Pode haver contrapartida, como ocorreu na recuperação da Pedreira do Chapadão”, exemplificou.

Com forte valor simbólico para Campinas, o Estádio da Mogiana foi construído nos anos 1940 e chegou a ser cogitado para a Copa de 1950. Recebeu jogos históricos de Guarani, Ponte Preta, Copa São Paulo e do Campinas, extinto time do ex-jogadores Careca e Edmar. “É um patrimônio da cidade e da memória afetiva de milhares de pessoas. Campinas já perdeu muito da sua história, e precisamos mudar essa lógica”, concluiu Petta.

A expectativa da comissão é apresentar um relatório com propostas concretas para que o Executivo municipal, se tiver algum interesse, possa iniciar as tratativas junto ao governo estadual, que é dono do patrimônio, mas quer se livrar há muito tempo do “problema”.

Na fileira da frente

Durante a visita do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) a Campinas nesta sexta-feira (22), quem roubou parte dos olhares — além do próprio chefe do Executivo paulista — foi o secretário estadual de Governo e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab.

Figura central nas articulações políticas no estado, Kassab foi um dos mais procurados no evento, especialmente por prefeitos e vereadores da Região Metropolitana, onde a legenda tem se fortalecido progressivamente. Ele circulou com desenvoltura, conversou com aliados e manteve seu estilo discreto, mas ainda assim não escapou da atenção dos bastidores.

A posição de destaque de Kassab na primeira fileira do evento e sua proximidade com Tarcísio não passaram despercebidas. Tudo isso em meio a rumores de um atrito recente entre os dois, motivado pela percepção do governador de que o secretário teria acelerado demais as discussões eleitorais sobre 2026.

Nos bastidores, há quem diga que Tarcísio se incomodou com a forma como Kassab tem conduzido — ou estimulado — conversas sobre uma eventual candidatura presidencial. Mesmo que almeje, o governador evita falar publicamente sobre o tema, por um motivo óbvio: não quer melindrar o ex-presidente Jair Bolsonaro, ainda o nome mais influente da direita no país e seu padrinho político.

Kassab, experiente como poucos, não entrou em embates e tem seguido à risca seu estilo: trabalhar nos bastidores, fazer o jogo da influência silenciosa e crescer sem fazer barulho

  • Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.

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