POLÍTICA

Flávio Paradella: Prudência é a palavra do mercado imobiliário

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação
Campinas lidera setor imobiliário no interior de SP, mas 2025 deve trazer desafios com juros altos e mudanças na legislação.
Campinas lidera setor imobiliário no interior de SP, mas 2025 deve trazer desafios com juros altos e mudanças na legislação.

mercado imobiliário de Campinas registrou um crescimento expressivo em 2024, consolidando-se como o principal polo do setor no interior de São Paulo. Segundo levantamento do Secovi-SP, foram lançadas 13.277 unidades residenciais, um aumento de 22,8% em relação ao ano anterior. O último trimestre do ano também apresentou alta, com 4.167 imóveis novos, superando regiões como Ribeirão Preto, Grande São Paulo, Bauru e ABC.

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Entrevistei a diretora do Secovi-SP Campinas, Kelma Camargo, na Rádio Jovem Pan Campinas e ela credita o desempenho a uma combinação de fatores, incluindo a melhoria da legislação e maior agilidade na aprovação de empreendimentos.

“Campinas sempre foi um grande polo industrial e educacional. A cidade precisa de crescimento, mas com infraestrutura e incentivos que garantam qualidade de vida. O mercado imobiliário soube aproveitar isso e trouxe grandes investimentos”, destacou Kelma.

Os números revelam que 76,3% das unidades lançadas em 2024 foram do programa Minha Casa Minha Vida, evidenciando uma grande demanda por habitação popular. No entanto, Kelma alerta para uma possível desaceleração desse segmento em 2025, devido ao impacto da taxa de juros.

“Dois terços de tudo o que foi lançado foi Minha Casa Minha Vida, porque houve incentivos financeiros e grande carência desse tipo de imóvel na região. Mas com os juros subindo, esse volume deve diminuir em 2025”, explicou.

O Valor Global de Lançamentos (VGL) em Campinas atingiu R$ 5,061 bilhões em 2024, um leve crescimento de 0,5%. No entanto, no último trimestre, houve queda de 6,7%, sinalizando uma possível retração.

Apesar do aumento de 12,2% nas vendas no quarto trimestre – com 3.386 unidades comercializadas –, o acumulado do ano mostrou uma queda de 2,3%, com 11.674 imóveis vendidos.

A retração nas vendas está diretamente ligada ao comportamento do consumidor, que se tornou mais cauteloso diante da alta da taxa Selic e das incertezas econômicas.

“A classe média, que investe em imóveis, segurou o dinheiro com preocupação. Prudência é a palavra para 2025. O mercado pode até ter mais vendas do que lançamentos, mas será um ano desafiador”, avaliou Kelma.

Para 2025, o setor imobiliário de Campinas pode enfrentar desafios com a volatilidade da taxa de juros, aumento dos custos da construção e mudanças nas regras urbanísticas municipais. A expectativa é que haja menos lançamentos e mais foco na diversificação de produtos imobiliários, fugindo da dependência do Minha Casa Minha Vida.

“Apostar em um único setor não é bom para o mercado e nem para a cidade. O ideal é ampliar as opções e diversificar os investimentos”, ressaltou Kelma.

Outro ponto de atenção é a necessidade de infraestrutura urbana para acompanhar o crescimento imobiliário. Segundo Kelma, há um esforço do setor para contribuir com soluções, mas ainda há um longo caminho a percorrer.

“Campinas cresce, mas a infraestrutura não acompanha no mesmo ritmo. O setor imobiliário busca colaborar, mas é preciso investimentos públicos para garantir mobilidade, saneamento e transporte adequado para os novos bairros”, afirmou.

Mesmo com os desafios, a cidade segue como um dos principais polos imobiliários do Estado, atraindo investidores e compradores que buscam oportunidades sólidas no setor.

Poucos presentes

A sessão ordinária da Câmara Municipal de Campinas, realizada nesta quarta-feira, foi interrompida antes da conclusão da pauta devido à falta de quórum. O regimento interno exige a presença de pelo menos 17 dos 33 vereadores para que as votações ocorram, mas o número de parlamentares caiu para 16, impossibilitando a continuidade dos trabalhos.

A sessão começou com quórum mínimo, permitindo a análise de um veto do Executivo a um projeto do vereador Luiz Cirilo. A proposta previa a obrigatoriedade da apresentação da caderneta de vacinação no ato da matrícula de crianças em escolas públicas e privadas. O executivo alegou vício de iniciativa. Por cercar de 1h15, Cirilo e depois os vereadores da bancada de esquerda ser revezaram para criticar a decisão do prefeito Dário. De todo modo, mesmo com poucos parlamentares no plenário, o veto foi mantido, ou seja, a exigência não será implementada.

Minutos depois, ao iniciar a votação do segundo item da pauta — outro veto do prefeito — já não havia vereadores suficientes, o que forçou o encerramento da sessão.

  • Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.

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