POLÍTICA

Flávio Paradella: Palácio da Justiça é caro e arriscado à Câmara

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação/PMC
Mudança do Legislativo para o Palácio da Justiça levanta dúvidas sobre custos, viabilidade e necessidade real, enquanto o prédio histórico segue sem destino def
Mudança do Legislativo para o Palácio da Justiça levanta dúvidas sobre custos, viabilidade e necessidade real, enquanto o prédio histórico segue sem destino def

A oficialização da transferência do Palácio da Justiça para o município de Campinas, anunciada pelo Governo do Estado, reacende um debate que divide opiniões: a possível mudança da Câmara Municipal para o prédio histórico. O presidente do Legislativo, Luiz Rossini (Republicanos), é um dos principais defensores da proposta, mas há pontos que precisam ser analisados com mais cautela antes de transformar esse projeto em realidade.

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De imediato, um paradoxo se impõe: o Palácio da Justiça não pode ficar abandonado e se tornar mais um prédio histórico esquecido no Centro, que vive um processo acelerado de degradação. Porém, isso não significa que a melhor solução seja levar a Câmara para lá, principalmente considerando os custos envolvidos e as limitações estruturais do edifício tombado.

O estudo preliminar estima que a adaptação do Palácio custaria R$ 20 milhões, um número que, diante da complexidade da obra, parece subestimado. Estamos falando de um prédio histórico, tombado, que demanda reformas específicas, burocráticas e com impeditivos para adequações modernas. Além disso, há uma questão ainda sem resposta clara: o espaço conseguirá realmente acomodar toda a estrutura do Legislativo?

Hoje, a sede da Câmara, inaugurada há cerca de 20 anos, já possui uma estrutura consolidada para as atividades parlamentares. O Palácio da Justiça tem 8 mil m² de área construída, enquanto a sede atual tem 6,9 mil m². A diferença não é significativa, mas o número de andares sim: enquanto o atual prédio tem três pavimentos, o Palácio da Justiça tem sete. Isso pode gerar desafios logísticos e operacionais, além de questões de acessibilidade para servidores, vereadores, assessores e para a própria população.

A justificativa de que a mudança fortaleceria a presença institucional da Câmara no Centro e ajudaria a revitalizar a região é válida, mas não se sustenta sozinha. A degradação do Centro de Campinas é um problema muito mais amplo, que envolve segurança, planejamento urbano e incentivos para a ocupação da região. Transferir o Legislativo para o local não resolverá a questão estrutural, apenas colocará o órgão em meio a um ambiente urbano deteriorado.

O argumento de que um novo prédio custaria R$ 100 milhões pode parecer convincente à primeira vista, mas ignora que a Câmara já tem uma sede própria e funcional. A real necessidade dessa mudança é questionável, especialmente diante de um investimento milionário em um espaço que pode acabar não atendendo plenamente às demandas do Legislativo.

Não há dúvidas de que o Palácio da Justiça precisa ser preservado e ganhar uma função pública relevante, mas isso não pode ser feito às custas de um improviso que pode prejudicar a eficiência da Câmara. O prédio poderia ser utilizado como espaço cultural, centro de memória, museu ou mesmo sede de órgãos públicos que não demandem uma estrutura tão específica quanto o Legislativo.

Se a mudança for realmente levada adiante, o mínimo que se espera é um debate aprofundado para que a decisão não se torne um problema irreversível. A Câmara já tem sua sede consolidada, e transferi-la para um prédio tombado, caro e com limitações evidentes pode acabar sendo um erro que custará muito mais do que R$ 20 milhões.

Verba para o Patrulheiros Campinas

O Patrulheiros Campinas será beneficiado com um repasse de R$ 300 mil em recursos estaduais. A verba, obtida por meio de uma emenda parlamentar do deputado estadual Rafa Zimbaldi (Cidadania), será destinada à manutenção dos serviços da entidade, que há 58 anos atua na formação e inclusão de jovens no mercado de trabalho.

O anúncio ocorreu na  quinta-feira (27), durante visita de Rafa à sede da organização, onde foi recebido pelo presidente Adailton Silva, pelo vice-presidente Leandro Garcez, além da assessora de Comunicação Social, Aline Costa, e da assessora de Projetos, Simone Scabello.

“Tenho um compromisso com as entidades sociais, pois conheço de perto seus desafios. Há 20 anos fundei o Projeto Social Jovens do Futuro em Campinas e sei o quanto esse apoio é essencial para transformar vidas”, afirmou Zimbaldi. O parlamentar também agradeceu o governo estadual pela destinação dos recursos: “Agradeço ao governador Tarcísio de Freitas pela atenção e pelo compromisso com o fortalecimento das entidades sociais.”

Folga de folia

A coluna fará um leva pausa neste período de Carnaval e estará de volta na próxima quinta-feira, dia 6 de março. Vai com calma na folia. Juízo.

  • Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.

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