POLÍTICA

Flávio Paradella: A reta final da presidência da Câmara

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação/CMC
Com votação marcada para 1º de janeiro, Luiz Rossini busca reeleição com apoio do Quarto Andar, enquanto Carlinhos Camelô reúne força política para rivalizar.
Com votação marcada para 1º de janeiro, Luiz Rossini busca reeleição com apoio do Quarto Andar, enquanto Carlinhos Camelô reúne força política para rivalizar.

A disputa pela presidência da Câmara de Campinas se afunila entre dois principais nomes que lutam voto a voto. A definição será o primeiro ato da próxima legislatura, marcado para o dia 1º de janeiro. Nessa data, os 33 vereadores eleitos para compor a não tão nova Câmara de Campinas escolherão a Mesa Diretora do biênio 2025-2026 e, claro, quem irá comandá-la.

  • Clique aqui para fazer parte da comunidade da Sampi Campinas no WhatsApp e receber notícias em primeira mão.

Luiz Rossini (Republicanos) é candidato à “reeleição” – termo que coloco entre aspas porque, tecnicamente, a reeleição não existe no Legislativo, mas se torna possível em uma nova legislatura, já que o mandato anterior é considerado encerrado. Em uma analogia simples, é como se o jogo tivesse zerado. Rossini, que liderou a Câmara nos últimos dois anos e anteriormente foi líder de governo, assumiu o cargo de presidente em um momento conturbado, marcado por denúncias de irregularidades em contratos e a renúncia do então presidente Zé Carlos.

Ao longo do mandato, Rossini conduziu o parlamento em um período de relativa paz, especialmente após a nacionalização dos debates entre Bolsonaro e Lula dar lugar a questões mais locais, com o foco voltado para as eleições de 2024. Sua gestão, baseada no diálogo, é elogiada por sua habilidade de conduzir a casa em tempos de polarização. Contudo, o espaço concedido à oposição gerou críticas de alguns colegas, que o consideram “fraco”.

Por outro lado, Carlinhos Camelô (PSB) apresenta uma trajetória peculiar. Indo para o quarto mandato consecutivo, Camelô começou sua carreira como representante do comércio informal e, inicialmente, era filiado ao PT. Em seu segundo mandato, pelo PcdoB, aproximou-se do governo a ponto de migrar para o PSB, partido do então prefeito Jonas Donizette e do atual vice-prefeito de Dário Saadi, Wandão.

Carlinhos consolidou sua atuação, alcançando a posição de 1º vice-presidente do Legislativo. Nos últimos dois anos, trabalhou para construir um bloco de apoio robusto e agora se posiciona como o principal rival de Rossini, candidato oficial do Quarto Andar. Camelô conta com o apoio de Rodrigo da Farmadic (União Brasil), 1º secretário da Mesa Diretora e importante figura política.

Atualmente, as negociações para garantir votos seguem intensas, tanto por parte do Executivo quanto dos próprios postulantes. A base governista, formada por 26 vereadores, está dividida, enquanto a oposição apoia Mariana Conti (PSOL). Embora sua candidatura seja considerada sem chances, representa uma postura de marcação política.

Um dos votos mais aguardados era o de Vini Oliveira (Cidadania), que confirmou à coluna que apoiará Rossini. No cenário atual, cada voto faz – muita - diferença.

Barganha

Você deve se perguntar: o que os candidatos podem, de maneira republicana, oferecer em troca de apoio? O primeiro ponto é a possibilidade de integrar a Mesa Diretora, que, além da presidência, conta com dois cargos de vice-presidente, quatro de secretários e dois de corregedor. Esses membros ganham força política para indicações de cargos em comissão da própria mesa, além de influência sobre a estrutura administrativa do Legislativo.

Outro aspecto estratégico são as presidências das comissões permanentes. Entre elas, a mais cobiçada é a de Constituição e Legalidade, que tem o poder de emitir o parecer final sobre projetos de lei propostos pelos vereadores e pelo Executivo antes da votação em plenário.

Tem muita coisa em jogo, e o tabuleiro é tão complexo quanto estratégico.

Teste para cardíaco

O campineiro, quase no fim da noite de Natal, foi surpreendido pelo novo sistema de alerta da Defesa Civil para eventos climáticos extremos. Uma interrupção nos celulares, com mensagem de texto e um alerta sonoro (bem alto), avisou sobre a possibilidade de tempestades. Confesso que foi um baita susto, mas, depois de recobrar os batimentos normais do coração, adorei a iniciativa. Esse é um instrumento utilizado em outros países há tempos (com alertas que, inclusive, interrompem emissoras de TV e rádio) e é muito eficiente.

  • Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br

Comentários

Comentários