Um silêncio político predomina até agora no Quarto Andar sobre a montagem do governo Dário II. Das duas uma: ou as conversações estão tranquilas, ou a discussão tem encontrado resistências espinhosas para a formação da equipe. Meu palpite é para a segunda hipótese. Vale lembrar que o prefeito Dário Saadi (Republicanos) foi reeleito com uma extensa lista de partidos em sua aliança, e acomodar esses aliados, quando a "casa" já está cheia, é uma tarefa árdua, exigindo atender anseios sem comprometer o funcionamento.
Mais de um mês após a definição do novo mandato de Saadi, ainda não sabemos oficialmente quem permanece ou quem sairá do primeiro escalão e de outros cargos importantes da administração. Não se trata de definir todos os nomes, mas anunciar alguns, especialmente em pastas sensíveis, ajudaria a diminuir as especulações.
Esse cenário impacta também a Câmara, que ainda não pacificou um nome para a presidência no primeiro biênio da próxima legislatura. O óbvio seria a “reeleição” de Luiz Rossini (Republicanos), que tem o direito de disputar a presidência, já que se inicia um novo mandato. Uso a palavra “óbvio” porque o vereador é do partido do prefeito, aliado de longa data do grupo político, e assumiu o cargo para acalmar a turbulência no parlamento, trazendo serenidade à Casa de Leis.
Mas nem sempre o óbvio é o caminho mais claro. Justamente pelo tom sereno, há parlamentares que enxergam uma "falta de pulso" no atual comandante. Nos bastidores, são mencionadas as recentes e vergonhosas faltas de quórum em sessões durante o período eleitoral. Para membros da Casa, o atual presidente não exerce a cobrança de punições aos ausentes, o que culminou na situação constrangedora. Há também quem exija mais firmeza em suas respostas a críticas da oposição e a protestos em temas polêmicos.
Em tempos de polarização e de verborragias ferozes, a capacidade de diálogo de Rossini — que tem o respeito dos colegas da oposição — é vista por alguns como um sinal de fraqueza. É o reflexo dos tempos "bélicos" em que vivemos.
Com esse cenário e a articulação política que ainda está sendo debatida no Quarto Andar, “asas estão abertas” para um grupo de parlamentares da base aliada, denominado G11, que engloba o Podemos, integrantes do PP e outros vereadores da situação. Entre eles, ocorre até uma “prévia”, discutindo quem poderia ser o nome mais viável para participar da disputa pela presidência.
Claro que, no fim das contas, a vontade do Quarto Andar deve prevalecer, mas a movimentação serve para mostrar certa autonomia, inflar egos e, obviamente, exercer um poder de barganha.
Apoio incondicional
Em colunas anteriores, citei a possibilidade de o vereador reeleito Rodrigo da Farmadic (União Brasil) migrar para o Podemos, após todo o terremoto que sua atual sigla sofreu com a intervenção de última hora da executiva estadual e o apoio repentino a Rafa Zimbaldi (Cidadania), o que provocou um levante no partido local.
Rodrigo da Farmadic entrou em contato e, apesar de não negar a intenção, descarta a possibilidade de mudar de legenda devido às complicações jurídicas que poderia enfrentar.
“Por conta da legislação eleitoral, mesmo após a diplomação, não há possibilidade de troca de partido pelos próximos quatro anos sem o risco de perda de mandato. Mas uma coisa é certa e definida: o apoio político incondicional que todo o grupo União Brasil de Campinas demonstrou ao longo dos últimos anos, e principalmente durante a última campanha para o prefeito Dário, será mantido durante o próximo mandato”, disse.
- Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.