POLÍTICA

Flávio Paradella: A boca do jacaré se abriu

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 4 min
Pixabay
Um detalhe importante é que, entre uma pesquisa e outra, começou o horário político gratuito na televisão e no rádio
Um detalhe importante é que, entre uma pesquisa e outra, começou o horário político gratuito na televisão e no rádio

Na política eleitoral, existe um termo: "a boca do jacaré está aberta". Ele é usado quando as linhas de uma pesquisa apontam o crescimento de uma candidatura e a queda de outra, criando um distanciamento que, graficamente, lembra a abertura da boca do animal.

Esse é o sentimento que a pesquisa Quaest/EPTV para a prefeitura de Campinas, divulgada nesta quarta-feira, dia 18, trouxe em comparação com o levantamento do mesmo instituto de 27 de agosto. Um detalhe importante é que, entre uma pesquisa e outra, começou o horário político gratuito na televisão e no rádio, com o prefeito Dário Saadi tendo quase 60% do tempo. Vale lembrar que, além dos 10 minutos de bloco que interrompem as programações, há também os ‘spots’ veiculados nos intervalos comerciais das emissoras, que são primordiais.

A pesquisa, realizada entre 15 e 17 deste mês, mostrou que o prefeito Dário Saadi (Republicanos) teve uma alta significativa de 10 pontos percentuais, subindo de 36% em agosto para 46%. Na semana passada, três pesquisas já haviam apontado esse patamar, com Dário pontuando entre 42% e 44%. Porém, na Quaest, o número foi ainda mais expressivo.

O que chamou mais atenção foi o desempenho dos oponentes. Esta foi a primeira pesquisa que mostrou uma retração na intenção de votos dos dois principais adversários. Rafa Zimbaldi (Cidadania) caiu de 22% em setembro para 16%, enquanto Pedro Tourinho oscilou dentro da margem de erro de três pontos percentuais, mas numericamente caiu de 16% para 13%.

Angelina Dias (PCO) registrou 2% da intenção de votos, e Wilson Matos (Novo), mesmo com a tentativa de "marçalizar" sua campanha, não passou de 1%.

A pesquisa Quaest não exclui brancos, nulos ou eleitores que não irão votar (que somaram 14%) e indecisos (8%). Dessa forma, não apresentou o cenário de votos válidos. No entanto, em uma simples equação entre os resultados dos candidatos, é possível verificar que Dário abriu uma ampla vantagem em relação à soma das intenções de votos de todos os adversários: 16 + 13 + 2 + 1 = 32. O prefeito, por sua vez, tem 46%. Assim, uma análise do momento indica que Dário venceria no primeiro turno.

O instituto também trouxe cenários de um eventual segundo turno, com Dário vencendo tanto Rafa Zimbaldi quanto Pedro Tourinho, segundo a Quaest/EPTV.

Comemoração na equipe de campanha de Dário e preocupação entre os grupos de Rafa e Tourinho.

Rejeição explodiu

Outro detalhe revelado pela pesquisa foi o crescimento expressivo na rejeição de Rafa Zimbaldi e Pedro Tourinho. Embora ambos precisem abordar os problemas da cidade e sejam esperados ataques ao prefeito Dário Saadi, existe uma linha muito tênue a ser respeitada para evitar um ricochete. Talvez o "escudo defletor" do prefeito esteja funcionando muito bem.

Rafa Zimbaldi lidera a rejeição com 41% (antes era 34%), seguido por Pedro Tourinho, com 40% (antes 32%). Já o atual prefeito e candidato à reeleição, Dário Saadi, aparece com 27% de rejeição (era 33%). Wilson Matos (Novo) tem 10% (anteriormente 9%), enquanto Angelina Dias (PCO) registra 9% (antes 6%).

A pesquisa foi realizada presencialmente com 900 eleitores entre os dias 15 e 17 de setembro, registrada sob o protocolo SP-06150/2024 no Tribunal Superior Eleitoral. O nível de confiança é de 95%, com margem de erro de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

A patética sessão

A Câmara de Campinas teve mais um capítulo de descaso nesta quarta-feira. Apenas 10 vereadores estavam no plenário para acompanhar a reunião ordinária, e esse número foi insuficiente para iniciar o encontro, já que o legislativo exige a presença de pelo menos 1/3 dos parlamentares, ou seja, 11.

Os vereadores têm "empurrado com a barriga" durante esse período eleitoral, mas o ocorrido nesta quarta foi o ápice da falta de comprometimento. É um paradoxo, já que muitos estão faltando justamente para tentar garantir suas reeleições — 31 vereadores estão em busca de continuar na Câmara. Esta noite ficará marcada como um registro ridículo na história do legislativo, com o cancelamento da sessão pela ausência dos próprios vereadores.

Para ser justo, estiveram presentes: Carlinhos Camelô (que presidia a sessão no lugar do ausente presidente Luiz Rossini), Carmo Luiz, Edison Ribeiro, Eduardo Magoga, Edvaldo Cabelo, Fernando Mendes, Major Jaime, Mariana Conti, Otto Alejandro e Paulo Bufalo.

Lamentável.

  • Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Todo Dia Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.

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