POLÍTICA

Flávio Paradella: O jogo é outro e Câmara virou cumprir tabela

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação/CMC
Pauta segue longe de assuntos espinhosos
Pauta segue longe de assuntos espinhosos

Depois do fiasco da última reunião, quando, por falta de quórum, todas as pautas tiveram que ser adiadas, a sessão desta segunda-feira ocorreu sem esse tipo de embaraço. Embora a casa não estivesse cheia, com 23 dos 33 vereadores presentes para abrir a ordem do dia, pelo menos essa parte conseguiu finalmente acontecer.

E tudo foi votado com uma velocidade extraordinária. Da lista de presença até o final da sessão, passaram-se cerca de 30 minutos, durante os quais os parlamentares apreciaram 14 itens e aprovaram todos, inclusive a manutenção de um veto sobre a isenção da taxa de estadia de veículo apreendido por infração de trânsito, removido para o pátio da Emdec. O prefeito Dário Saadi considerou o projeto inconstitucional, e a casa referendou a decisão do Executivo.

O restante da pauta seguiu sem muitas polêmicas, como é de praxe no período eleitoral. Já é um "esforço" (contém ironia) para os atuais vereadores estarem no plenário.

Na noite desta segunda, o Legislativo aprovou em primeira votação a doação de um terreno de 4,5 mil metros quadrados no Bairro Casarão, próximo ao Shopping Iguatemi, para a construção da nova sede da 2ª Companhia do 8º Batalhão da Polícia Militar do Interior. A doação visa substituir a sede atual no Jardim Santa Genebra, que enfrenta problemas estruturais.

Além disso, os vereadores aprovaram a criação do Polo Turístico da Vila Industrial, destacando o bairro como um importante patrimônio histórico e cultural da cidade. Também foi reconhecido o corte "Boquinha de Anjo" como símbolo gastronômico e cultural de Campinas, visando promover festivais e atividades gastronômicas.

Outros projetos aprovados incluem o reconhecimento da Cultura Cristã como manifestação cultural popular e a concessão de diplomas de mérito a diversas entidades e personalidades, como a Sociedade Hípica de Campinas e a Associação Jesus e Vida.

Convenhamos que nada disso mudaria o movimento de rotação do planeta—mais algo para cumprir tabela neste momento de corrida eleitoral.

O impacto da dengue na campanha

Até o momento, a pior epidemia da história de Campinas, com mais de 118 mil casos e 65 mortes, tem sido um tema pouco explorado na campanha eleitoral, seja nos programas ou nas entrevistas realizadas desde o período pré-eleitoral. A ausência de debates mais profundos sobre a epidemia de dengue é notável, considerando a gravidade da situação.

Rafa Zimbaldi, do Cidadania, tem a vantagem de poder abordar o tema com mais liberdade, já que não está vinculado diretamente à gestão atual ou ao governo federal, o que o coloca em uma posição confortável para fazer críticas. Ele pode explorar as falhas na gestão da crise sem medo de repercussões.

Por outro lado, Dário Saadi, candidato à reeleição pelo Republicanos, enfrenta um desafio considerável. Como chefe do executivo durante a pior crise da doença no município, ele se torna um alvo fácil para questionamentos e críticas, especialmente sobre como sua administração lidou com a epidemia.

Pedro Tourinho, candidato pelo PT e médico especializado em saúde preventiva e social, possui o conhecimento necessário para discutir o tema com profundidade. No entanto, ao fazer isso, ele pode se ver em uma posição delicada. Sua campanha é fortemente ligada ao presidente Lula, e durante a terceira gestão de Lula, o Brasil enfrenta um cenário desastroso, com 6,5 milhões de casos prováveis e mais de 5,2 mil mortes, números significativamente maiores do que os de 2023. Críticas ao governo federal, que não faltam, podem acabar respingando em sua campanha.

Em resumo, enquanto Rafa Zimbaldi pode abordar o tema com certa segurança, Dário Saadi e Pedro Tourinho precisam ter cautela. A epidemia de dengue, apesar de sua relevância, permanece como um tópico sensível e pouco explorado na corrida eleitoral de Campinas.

José Laerte Goffi Macedo

Faleceu na tarde de segunda, em Campinas, o Dr. José Laerte Goffi Macedo, respeitado delegado de polícia que dedicou mais de 40 anos à segurança pública. Natural de Pindamonhangaba e bacharel em Direito pela PUC Campinas, Dr. Laerte ocupou cargos de destaque, como Diretor do Deinter II Campinas e Delegado Regional. O velório e sepultamento é hoje no Cemitério Parque das Aleias. Ele deixa esposa, filhos, netos e bisneto.

  • Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Todo Dia Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.

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