Sentindo-se à vontade, o deputado federal, Carlos Sampaio (PSD), concedeu uma entrevista por mais de 1 hora, na qual contou sua trajetória política, comentou as eleições municipais, explicou a saída do PSDB e traçou algumas possibilidades do futuro político.
Carlão participou do FPX Cast, podcast conduzido por este colunista, na última quinta-feira, 6 de junho, e foi categórico ao afirmar que não tem mais qualquer desejo em se candidatar à prefeitura de Campinas. Sampaio disputou o Palácio dos Jequitibás por três vezes, em 2000, 2004 e 2008, sem sucesso.
Apesar da forte influência política na cidade e agora ser uma das estrelas do gigante partido de Gilberto Kassab, Carlão pontuou que se sente extremamente ligado ao trabalho legislativo.
O deputado está no sexto mandato consecutivo na Câmara Federal. Antes disso havia sido eleito e reeleito deputado estadual e começou a carreira como vereador em Campinas. Ao todo, são nove mandatos.
“Fora de cogitação (disputar a prefeitura de Campinas novamente). E para eu estar falando isso publicamente. Eu não tenho essa vontade mesmo. Eu gosto do que eu faço. Eu gosto de ser deputado federal”, disse Sampaio.
Se descarta a prefeitura, Carlos Sampaio deixa a porta aberta para um voo mais alto em 2026, a depender, claro, da conjuntura política. Disputar uma das duas vagas ao Senado Federal por São Paulo é uma possibilidade. O deputado fez a ressalva que a decisão não é dele e, sim, coletiva com o comando do partido, leia-se Gilberto Kassab, e a composição para uma eventual candidatura à reeleição ao governo do estado ou mesmo a presidência de Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Vale destacar aqui que o padrinho político de Tarcísio, Jair Bolsonaro (PL) segue inelegível e Tarcísio poderá ser uma opção de presidenciável. De qualquer maneira, Sampaio afirmou que se for em comum acordo.
“Se eu vir que é uma possibilidade real, possível e estruturada, pode ser o caminho para o Senado, sem sombra de dúvida. Até por ser o PSD quem é o hoje no Brasil”, afirmou Carlos Sampaio.
O Colapso Tucano
Carlos Sampaio explicou os motivos que o levaram a deixar o PSDB. Alguns são extremamente escancarados como a confusa vida do partido com intervenção na executiva municipal da capital e na estadual que provocaram a implosão da já destroçada legenda em São Paulo.
Carlão já vinha descontente com os rumos do PSDB pela falta de objetividade em entender o momento político polarizado, insistindo em reforçar o discurso de ‘terceira via’ mesmo com a óbvia falta de espaço.
Mas um elemento foi a ‘pá de cal’ para a decisão do deputado em deixar os tucanos após 32 anos. A influência crescente do ex-candidato à presidência, do ex-senador e deputado Aécio Neves, outrora tão próximo de Carlão. Os dois se distanciaram a partir de 2015, quando, segundo Sampaio, passaram a conviver mais próximos no legislativo e dividiram as atenções políticas. A nova ascensão do político mineiro e o êxito em manobrar contra decisões locais ajudaram na decisão de sair do partido.
Eleição em Campinas
Carlos Sampaio não fugiu do questionamento sobre a migração do apoio à candidatura de Rafa Zimbaldi em 2020, inclusive com a esposa Anna Bê como vice, e agora estar ao lado de Dário Saadi, o atual prefeito e candidato à reeleição contra, mais uma vez, Rafa Zimbaldi.
O deputado afirma que na última eleição apoiava a indicação de Dário para suceder a Jonas Donizette (PSB), mas o plano inicial do prefeito era lançar Wanderley de Almeida ao cargo. Isso realmente foi um fato, afinal o primeiro nome a ser cogitado foi o de Wandão. Sampaio disse que não conhecia tão bem Wandão e não concordava com a escolha pelo perfil de “esquerda” do então secretário de relações institucionais. Para Carlão, aquela candidatura de Rafa, antes da escolha de Dário, configurava mais as diretrizes de centro-direita e conservadoras.
Atualmente, a relação com Dário e inclusive a postura do atual prefeito em defender pautas de direita fizeram Carlos Sampaio acreditar que pré-candidatura de Saadi é a mais viável em derrotar o seu eterno adversário, o PT. Carlão não tem dúvidas que o partido virá muito forte com Pedro Tourinho e toda a máquina federal do governo Lula.
Bolsonarista?
Carlos Sampaio nega ser um bolsonarista e, inclusive, criticou a falta de habilidade política e o “negacionismo” do ex-presidente Jair Bolsonaro na pandemia quando atacava as vacinas. Porém, Carlão afirma que votou, pois precisava fazer uma escolha e Lula e o PT nunca foram para ele uma opção.
O deputado não nega a admiração por Tarcísio de Freitas. “Sim, sou um Tarcisista”, disse Carlos Sampaio.
O episódio completo do podcast com o deputado Carlos Sampaio pode ser conferido no canal FPX Cast no Youtube, em youtube.com/@fpxcast.
Segunda quente na Câmara
A Câmara de Campinas se prepara para a quente retomada do projeto de “expansão urbana” ou “devastação ambiental”, como chama a oposição. Na segunda-feira, a proposta que altera a altera a Lei Complementar nº 207, de 20 de dezembro de 2018, vai à segunda votação. De acordo com a prefeitura, a proposição visa adequar a legislação municipal às leis de direito urbanístico vigentes no país. Para os contrários, é muito mais que isso. Seria para atender a especulação imobiliária.
De todo jeito, será uma segunda-feira com cara de Fla-Flu, pois se na primeira “partida” os dois lados se fizeram presentes, é esperado que haja também o embate na discussão final,
Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br