A prefeitura de Campinas convocou uma coletiva para a última quarta-feira e anunciou um censo das pessoas em situação de rua na cidade. De acordo com a secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social, são 1,3 mil pessoas nas ruas da metrópole e mais 257 em acolhimento. Mais de 1,5 mil com algum tipo de vulnerabilidade.
A contagem foi feita em parceria com a Fundação Feac no mês de abril e, segundo a prefeitura, mostra o real panorama da dramática situação destes “moradores” das ruas campineiras.
Me chamou atenção que a coletiva tinha como um dos focos rebater o número divulgado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, que atribuiu à cidade, em julho do ano passado, a existência de 2.324 pessoas em situação de rua. A informação consta já no segundo parágrafo do texto da administração municipal.
Porém, mesmo que mais baixo do que o apontado pelo Governo Federal, pelos próprios dados da prefeitura é possível verificar o crescimento da população vulnerável. De 2021 para cá, uma alta de 39%. Cada vez mais as ruas de Campinas são o abrigo de mais e mais pessoas. E a região central, pela sua característica, é que concentra essa população.
Diante dos números, algumas perguntas. Qual a solução para um problema tão complexo? Ele envolve desigualdade social, desamparo familiar, discriminação, saúde mental, alcoolismo e uso de drogas, em alguns casos, e tantas outras situações. Existe realmente solução para garantir dignidade, recuperação e reinserção social?
Hoje o que vemos são medidas há anos empregadas que ‘enxugam gelo’. Os necessários acolhimentos e acompanhamentos, mas sem um resultado efetivo para a diminuição do problema. Como contabilizado pela prefeitura, ele aumentou e muito.
Não ouso palpitar sobre a área, pois não tenho conhecimento e preparo para tecer qualquer indicação para alterar esta rota. Porém, ressalto que problemas complexos não têm soluções fáceis e neste assunto há muitos que apontam como resolver, mas esquecem que estão lidando com seres humanos. Que um dia consigamos encontrar o real resgate dessas pessoas.
Não é triste ver o centro desse jeito. Triste mesmo é ver estas pessoas desse jeito.
Novo paço municipal
E a prefeitura de Hortolândia, enfim, tem a sua casa própria e inaugurou o Novo Paço Municipal, na última quarta-feira, 29. Mas que trapalhada enorme foi a realização da solenidade de inauguração justamente no dia em que ocorreram o evento do ex-presidente Jair Bolsonaro para coletar doações para o Rio Grande de Sul e a assinatura da autorização do Trem Intercidades Campinas-São Paulo feita pelo Governo do Estado, Tarcísio de Freitas, em Campinas.
Com dois grandes fatos políticos na região, a solenidade em Hortolândia ainda foi realizada na mesma faixa de horário. O resultado foi um evento esvaziado e que chamou pouca ou nenhuma atenção.
De um lado, ruim para as pretensões eleitorais do atual prefeito Zezé Gomes (Republicanos) em inaugurar a construção e garantir visibilidade. Porém também foi bom para chefe do executivo, pela óbvia pressa em liberar a atrasada obra do Paço que a ‘olho nu’ é possível ver que está inacabado.
Todo mundo quer
Por falar em Trem Intercidades, o governo do estado vai ter que lidar com o famoso “e eu?” dos políticos. Já que o governador Tarcísio resolveu anunciar uma série de possíveis projetos ferroviários, já em prefeito que questiona as razões da cidade que administra não ter sido incluída.
Chico Sardelli (PL) é um deles e quer um ‘puxadinho’ do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) em Americana. Tarcísio divulgou que o governo de São Paulo vai começar a elaborar estudos para implantação de VLT entre Campinas, Sumaré e Hortolândia. O prefeito de Americana pediu uma extensão até lá e disse que vai cobrar o governador para integrar o município à proposta.
Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br