Ayrton Senna da Silva marcou uma geração de apaixonados por automobilismo. Sua habilidade histórica na Fórmula 1 era motivo para reunir milhões de brasileiros em frente à TV aos domingos. No entanto, um acidente no Grande Prêmio de Ímola, em 1º de maio de 1994, tirou a sua vida de forma precoce.
Hoje, nesta quarta-feira, 1º de maio, se completaram 30 anos desde a morte do brasileiro tricampeão mundial de Fórmula 1. Em lembrança ao histórico piloto, a Sampi Campinas relembra a vez em que ele esteve em Campinas e reuniu dezenas de jornalistas e centenas de fãs.
O encontro aconteceu em setembro, em visita a um amigo morador da cidade. Senna ainda estava na Lótus, tinha apenas 26 anos e sequer imaginava que construiria uma carreira de tamanho sucesso. Na época, inclusive, restavam ainda dois GPs na temporada e Alain Prost, Nigel Mansell e Nelson Piquet concorriam ao título.
Na visita a Campinas, Senna comentou sobre diversos temas. Entre os jornalistas, alguns perguntaram sobre o favorito para garantir o título de 86; outros tocaram na renovação dele com a Lótus por mais dois anos e as sondagens de outras equipes; e teve até quem perguntou sobre as eleições para o Governo de São Paulo naquele ano.
Sobre a disputa final pela temporada, Senna foi curto e grosso, como de costumo. De início, ele não sinalizou uma favorito, já que estava fora da disputa, após duas retiradas seguidas. “Entre Prost, Mansell e Piquet, tudo é possível. Vai vencer o melhor. Faltam duas provas ainda e é difícil fazer uma previsão, mas eu espero que vença o melhor”, declarou.
“Mas, entre o título ficar com um brasileiro ou estrangeiro, temos que ficar com o brasileiro”, seguiu Senna.
O campeonato, no entanto, ficou com Prost, que se tornaria o grande rival de Ayrton. Mansell, por sua vez, ficou em segundo, enquanto Piquet não conseguiu a vitória que precisava e terminou em terceiro.
Relação com Piquet
Piquet, inclusive, entre os pilotos, era quem não mantinha uma bola relação com Senna. Os motivos eram os comportamentos distintos de ambos com o Brasil. Para Piquet, Senna era o ‘favorito’ da imprensa e dos torcedores. Para Senna, o conterrâneo dava motivos para a relação ruim com o país.
“Para mim, não tem problema. Se melhorar entre nós, estraga. Eu acho que ele é um campeão excepcional, bicampeão do mundo e que está lutando pelo terceiro título. Um dos problemas que ele tem é ficar pouco tempo no Brasil, o que dificulta o relacionamento com vocês e cria um pouco de polêmica”, comentou Senna sobre o tema, em Campinas.
Permanência na Lotus
Ainda sobre a Fórmula 1, Senna comentou sobre a sua permanência na Lotus. Após os dois primeiros anos, o piloto decidiu renovar por mais dois anos com a equipe, na expectativa de que as coisas seriam melhores.
“Minha equipe continua sendo a mesma. Por mais dois anos, eu continuo na Lotus. Até existiu a possibilidade no meio do ano de mudarmos de equipe, mas achei que seria melhor continuar por aqui”, contou.
“A Lótus continua sendo uma das equipes mais tradicionais. É uma das melhores, mas a entrada do turbo modificou um pouco o panorama. Nos dois últimos anos, a gente participou de uma evolução e eu acredito muito no ano que vem”, completou sobre o tema.
A temporada de 87, no entanto, terminou com o tricampeonato de Nelson Piquet. Senna, por sua vez, terminou na terceira colocação. Em busca de mais competitividade, decidiu não cumprir o segundo ano e assinou com a McLaren, onde conquistaria seus três títulos.
Governo de SP
Como a visita de Senna aconteceu em Campinas, um dos temas que tomava a cidade era a eleição ao Governo de São Paulo em 1986. Um dos jornalistas presentes, então, questionou o brasileiro sobre seu favorito para a disputa.
“Eu espero e acredito muito que o Antônio Ermírio vença essa eleição. Eu acho que é um oportunidade que o povo do estado tem em ter uma pessoa com capacidade e dignidade, querendo fazer algo de bem por todos nós”, afirmou.
No fim, o vencedor foi Orestes Quércia, justamente ex-prefeito de Campinas. Ermírio, por sua vez, foi o segundo mais bem votado.
Panorama
Por fim, em Campinas, Senna fez um panorama da sua - então ainda curta - carreira na Fórmula 1. Na época, ele estava na reta final de sua terceira temporada na categoria. Assim, projetava ainda uma longa carreira pela frente.
“Meus três anos de Fórmula 1 passaram rápido. Eu aprendi muito, consegui relativo sucesso, mad tenho muito tempo pela frente ainda. Sou muito jovem, então acho que tenho pelo menos 10 anos pela frente”, completou Senna.
Após a entrevista, a carreira do brasileiro transformou na Fórmula 1. Logo em 1988, na sua primeira temporada pela McLaren, o primeiro título. Em 1990 e 1991, outros dois.
No entanto, os dez anos projetados por Senna em sua carreira terminaram de forma precoce. Em 1994, no GP de Ímola, uma colisão com o muro, enquanto liderava, tirou sua vida e marcou para sempre o dia 1º de maio.