POLÍTICA

Flávio Paradella: As tietes de Tarcísio

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação/Governo de SP
Tarcísio de Freitas (Republicanos) é o novo queridinho do meio político no interior de SP.
Tarcísio de Freitas (Republicanos) é o novo queridinho do meio político no interior de SP.

A visita do Governador do Estado na última quinta-feira foi recheada de tietagem dos políticos da região. Tarcísio de Freitas (Republicanos) é o novo queridinho do meio político. Conservador, de direita, mas já considerado um político mais hábil e inteligente que o seu criador. Porém, demonstra que seguirá “prestando continência ao capitão”.

Atualmente, o ex-ministro de Bolsonaro goza de um prestígio que uma simples foto se torna um evento. Imagina então um vídeo para postar nas redes sociais

Uma pergunta ao final da coletiva aproveitou a proximidade do prefeito de Americana, Chico Sardelli, ex-PV e recém filiado ao PL, com Tarcísio: “Governador, o seu apoio aqui em Americana como é que vai ficar?”. Tarcísio coloca a mão no ombro de Sardelli e apenas diz: “aqui”.

Pronto. O material foi publicado nas redes sociais do pré-candidato à reeleição Chico Sardelli, que recebeu o padrinho de Tarcísio, Jair Bolsonaro, no dia em que se filiou ao PL, ganhou as manchetes dos principais jornais do município.

A situação mostra algo já discutido aqui na coluna, que o governador não vai entrar em bola dividida com Jair Bolsonaro. Afinal, a sigla do governador tem um pré-candidato próprio à prefeitura de Americana. Ricardo Molina é do Republicanos, presidente da legenda na cidade, e o nome do partido para disputar o executivo municipal.

Ponto para a pré-campanha de Sardelli que conseguiu o “apoio” para um certo constrangimento ao colega de partido do governador.

Já em Hortolândia, também na quinta-feira, a situação mostra como a política é volúvel. O município que já foi considerado o mais petista do estado recebeu o governador com entes políticos de uma jornada histórica de esquerda empolgados com a chegada de Tarcísio.

Um exemplo? Carlos Augusto César, o Cafu. Secretário de Governo do prefeito Zezé Gomes e pré-candidato a vice na chapa de reeleição, Cafu sempre teve uma forte ligação com o Partido dos Trabalhadores, desde o Grande ABC. Pode-se chamar de pragmatismo, mas as redes sociais do ex-petista destacaram a figura do governador.

Hortolândia é mais uma na região que terá um confronto entre legendas da aliança de Tarcísio no governo do estado. De um lado, Zezé Gomes com o Republicanos e do outro George Burlandy, do PL. O detalhe é que Zezé já fechou apoio do PT para a sua pré-candidatura. A política é bem volúvel.

Dalben em Paulínia

O deputado estadual Dirceu Dalben (Cidadania) confirmou ao jornal O Liberal, de Americana, que é, sim, pré-candidato à prefeitura de Paulínia.

Os rumores começaram no ano passado quando o ex-prefeito de Sumaré mudou seu domicílio eleitoral para a cidade vizinha.

Dirceu Dalben não pode disputar este ano a prefeitura de Sumaré, pois é impedido por lei por ser pai do atual prefeito Luiz Dalben, também do Cidadania.

Sendo assim, Dirceu mirou Paulínia, cidade com 115 mil habitantes e um dos maiores orçamentos per capita do estado, com R$ 2,5 bilhões, resultado do município contar com a maior refinaria da Petrobras, a REPLAN.

O pré-candidato afirmou que já tem equipe trabalhando na campanha e, inclusive, antecipou propostas para a cidade: reativação do Teatro Paulo Gracindo, fomento da indústria cinematográfica e instalações, com o apoio do governo do Estado, de uma Etec e uma Fatec.

Mais do mesmo

Campinas bateu o triste recorde de casos e 2024 se tornou a maior epidemia da história. São 65,8 mil casos em menos de quatro meses, o que mostra uma situação de descontrole da doença.

Um mosquito que segue nos derrotando pela pura incompetência do ser humano em realizar o básico.

E a sensação é de a comunicação cada vez mais conversa com o vento. Afinal, insistimos no mesmo assunto dos cuidados há anos e mesmo assim uma avalanche de casos. Parece inútil orientar, explicar e, até mesmo, agir como no caso dos mutirões, afinal os números não param de subir.

A gente sempre espera que diante de uma crise possamos ao menos aprender, mas o aprendizado real é que estaremos tão vulneráveis no futuro quanto estamos agora. Lastimável.

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Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br

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