POLÍTICA

Flávio Paradella: Acomodados e incomodados

Dário tem hoje como base de apoio uma verdadeira sopa de letrinhas: PSB, PSD, PL, PP, União, MDB, Solidariedade, Podemos e, claro, o próprio Republicanos.

Por Flávio Paradella | 13/04/2024 | Tempo de leitura: 3 min
Especial para a Sampi Campinas

Divulgação

A ampla maioria das legendas com Dário é de um espectro ideológico do centro até bem mais à direita
A ampla maioria das legendas com Dário é de um espectro ideológico do centro até bem mais à direita

As alianças que se formam até aqui ao redor das principais candidaturas mostram-se solidificadas, porém é sempre bom lembrar que ainda há um longo tempo para que discussões nesta corrida eleitoral e fissuras possam ocorrer.

De qualquer modo, vamos ao exercício de aglutinar os parceiros daquele que diz que não está em pré-campanha, o atual prefeito Dário Saadi (Republicanos), mas os movimentos nos bastidores mostram uma intensa agenda de interlocutores em busca de mais aliados.

Dário tem hoje como base de apoio uma verdadeira sopa de letrinhas: PSB, PSD, PL, PP, União, MDB, Solidariedade, Podemos e, claro, o próprio Republicanos. Na comparação com as legendas que compuseram a coligação em 2020, quatro a mais. No vitorioso pleito há quase 4 anos, o atual prefeito teve PSB, MDB, Republicanos, DEM e PSL (estes dois últimos se tornaram o União Brasil).

O prefeito de Campinas tem muita gente para acomodar e, conhecendo como a “banda toca”, para, porventura, incomodar. A ampla maioria das legendas é de um espectro ideológico do centro até bem mais à direita, afinal temos o PL, o partido de Jair Bolsonaro, integrando o bloco, e o próprio partido do prefeito tem como sua principal estrela o governador Tarcísio de Freitas, cria do ex-presidente.

Nesse oceano ‘direitoso’ uma legenda é estranha a essa patota. Justamente a mais forte, poderosa e consolidada na administração em Campinas: PSB. Sigla que fez Jonas Donizette prefeito eleito e reeleito e tem em Wandão, o vice, o principal articulador político da cidade.

Por mais pragmática que seja, a composição do partido com algumas siglas “não orna” em teoria, quando levamos em conta os embates nacionais. No nosso quintal funcionou até agora, por respeito ou imposição, com os entes que comandam as legendas tendo o entendimento do poderio do PSB.

Porém, com o avanço dos partidos mais bolsonaristas, principalmente o PL, que atualmente tem segunda maior bancada no legislativo e vem crescendo no estado, é difícil imaginar que tais legendas não queiram uma nova configuração da repartição do poder já nas definições da candidatura.

Como eu disse, é muita gente. Vai ser preciso muito jogo de cintura. E, às vezes, menos é mais.

Marcelo Silva no PP

Durante a semana, o vereador Marcelo Silva fez um ato em Brasília para oficializar a já oficial mudança para o Progressista. O parlamentar que já foi do PSDB, PSD e agora segue para o PP esteve com os comandantes da legenda na capital federal.

Marcelo Silva teve um encontro com o deputado federal e presidente estadual, Maurício Neves, e também com o senador da república e presidente nacional do PP, o ex-ministro de Bolsonaro, Ciro Nogueira.

Mais do que 2024, Marcelo Silva fez a mudança também pensando nas eleições gerais daqui a dois anos e uma possível candidatura a uma nova casa legislativa.

Estatura

Antigos desafetos, Marcelo Silva esteve no gabinete do deputado federal Jonas Donizette (PSB). O encontro foi divulgado em uma publicação do vice-prefeito de Campinas, Wanderley de Almeida, que esteve em Brasília nesta semana.

A postagem de Wandão mostrou “sem querer” o vereador e o ex-prefeito conversando no escritório do hoje líder de governo no Congresso.

E pensar que foi Marcelo Silva quem pediu a cassação de Jonas pelo Caso Ouro Verde e ouviu do então prefeito durante depoimento à Comissão Processante que ele não tinha “estatura política”.

Cara Câmara

A Câmara de Campinas irá sediar, às 10 horas desta segunda-feira, uma das dez reuniões regionais do da 28ª edição do Ciclo de Debates com Agentes Políticos e Públicos, promovido anualmente pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP).

O encontro, para o qual são esperados representantes de cerca de 60 cidades, terá a presença do presidente do TCE, Renato Martins Costa, além de conselheiros, auditores, membros do Ministério Público de Contas, diretores e equipe técnica.

Citei este encontro só para lembrar que, recentemente, o TCE divulgou um estudo que apontou o legislativo campineiro como o segundo mais caro do estado e o Câmara questionou a base dos dados que não considerava variáveis importantes. Chegou a chamar a informação de ‘custo por vereador’ de “simplista e enganosa”.

-

Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.