PESQUISA

Espécie de animal que sobrevive até no espaço é encontrado na Unicamp

Os fósseis dos tardígrados são de mais de 500 milhões de anos atrás, quando os primeiros animais mais complexos estavam começando a se desenvolver.

Por Thiago Rovêdo | 13/04/2024 | Tempo de leitura: 1 min
Especial para Sampi Campinas

Divulgação

Nova espécie de tardígrado é encontrada na Unicamp
Nova espécie de tardígrado é encontrada na Unicamp

Há pelo menos uma década, sabe-se que as árvores do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp abrigam tardígrados, popularmente conhecidos como “ursos d’água”. A bióloga Emiliana Brotto, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal, decidiu investigá-los, descobrindo uma nova espécie. O invertebrado transparente, batizado de Milnesium iniquum, foi apresentado recentemente no periódico alemão Zoologischer Anzeiger, em artigo de capa assinado pela pesquisadora em parceria com seu orientador – o professor do IB André Garraffoni – e com o pesquisador polonês Witold Morek, um dos principais tardigradologistas da atualidade.

Tardígrados são animais aquáticos que habitam não apenas o fundo de oceanos, rios e lagos como também ambientes úmidos terrestres – como é o caso dos musgos das árvores do IB, onde Brotto coletou dezenas de indivíduos, além de ovos.

Os fósseis dos tardígrados são de mais de 500 milhões de anos atrás, quando os primeiros animais mais complexos estavam começando a se desenvolver. As criaturinhas conseguem sobreviver em temperaturas inferiores a 270ºC e superiores a 150ºC.

Embora invisíveis a olho nu, esses animais alcançaram notoriedade mundial quando foram enviados ao espaço, em meados dos anos 2000. A fama se deve à sua capacidade singular de entrar em criptobiose, um estado de latência que permite ao animal sobreviver a uma série de situações extremas, conferindo-lhes uma aura de indestrutíveis.

“Criptobiose é uma condição morfológica e fisiológica bastante particular, que ainda está sendo estudada pela ciência. Envolve alterações na própria estrutura corporal do organismo, no metabolismo”, explica Garraffoni.

Atualmente, conhecem-se cerca de 1.400 espécies deles no mundo e 100, em território brasileiro. Brotto estima existirem muitas outras a serem descobertas, especialmente no Brasil, e isso devido à extensão territorial do país, sua diversidade de biomas e sua abundância de água – rios, lagos, áreas costeiras e demais ambientes úmidos.

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