OPINIÃO

Fúria e rescaldo na Câmara de Campinas

A turbulenta sessão que culminou com a retirada da proposta de homenagem com o título de cidadão emérito a Jair Bolsonaro (PL) ainda ecoa nos corredores da Câmara de Campinas.

Por Flávio Paradella | 09/03/2024 | Tempo de leitura: 4 min
especial para a Sampi Campinas

A turbulenta sessão que culminou com a retirada da proposta de homenagem com o título de cidadão emérito a Jair Bolsonaro (PL) ainda ecoa nos corredores da Câmara de Campinas e provocou feridas entre os parlamentares, inclusive entre os mais experientes.

Na quarta, o projeto de Major Jaime (PP) não tinha votos suficientes, eram necessários irônicos 22, e por isso, para que não fosse derrotado, o vereador fez um requerimento de retirada da propositura. A bancada de esquerda sabendo da desvantagem queria, então, que a homenagem fosse a votação, pois assim seria definitivamente derrubada.

Essa ação jogou gasolina nos já chamuscados parlamentares que queriam conceder a homenagem.  A pauta foi retirada, porém outras honrarias, essas propostas pela esquerda, estavam para ser votadas. Aí veio o revanchismo.

Gustavo Petta (PCdoB) tinha como proposta de honraria o título de cidadã emérita a Maria Alice Ribeiro, professora por quatro décadas e Integrante da comunidade Jongo Dito Ribeiro. Com a debandada de vereadores após o item “principal” e a votação de dois projetos do executivo, os raivosos derrotados queriam então aplicar uma vendeta nos colegas de esquerda. O alvo? O título para Maria Alice.

Sabendo da situação, Petta apresentou requerimento de retirada e outros parlamentares esquerdistas fizeram fila para explicar uma coisa não tinha relação com a outra e não havia razão, além da vingança, em barrar a honraria.

Porém, três vereadores se mostravam com sangue nos olhos: Jorge Schneider (PL), Zé Carlos (PSB) e Otto Alejandro (PL). Vale destacar que Major Jaime e Marcelo Silva (PSD) exaltadíssimos durante a discussão do projeto a Bolsonaro sequer se manifestaram sobre o tema.

Para conseguir adiar a honraria, Petta precisou buscar uma manobra de obstrução que garantia a derrubada da sessão, porém o clima ficou ainda mais pesado, o que fez o presidente Luiz Rossini (PV) a tomar uma atitude e usar uma prerrogativa da presidência para fazer a retirada do projeto de ofício. Aí o alvo mudou.

“É um absurdo, mas nós vamos aceitar até segunda-feira. Isso aí é uma brincadeira o que o senhor fez”, reclamou Jorge Schneider apontando para Rossini. Na sequência, o presidente da Câmara tenta explicar que seguiu um rito recomendado pela procuradoria da casa e já utilizado outras vez. Não adiantou. Lacônico, Otto Alejandro usou o microfone para falar: “é só presidente se filiar ao PT logo”. Já Zé Carlos gesticulava, perambulava e reclamava em frente à mesa diretora.

A cena causou espanto em experientes parlamentares e assessores do legislativo, que atônitos observavam a ocorrência. Lamentável, deselegante e embebido de ódio.

Por um triz
Vejamos o que vai acontecer na segunda-feira, afinal a honraria adiada proposta por Gustavo Petta será o primeiro item da pauta na 10ª reunião ordinária. Que os ânimos tenham se acalmado.

Chamas da vingança
A poeira baixou, o tempo passou, mas o governo não esqueceu de Rodrigo da Farmadic (União). O vereador protagonizou aquele monólogo de rebeldia contra o prefeito Dário Saadi cobrando compromissos e ameaçando não fazer campanha e levar o partido a discutir, inclusive, o rompimento com a gestão.

Reunião emergencial com o comando do Uniao Brasil, encontro amestrado do parlamentar com o vice Wandão e um pedido de desculpas em discurso no plenário foram os atos na sequência.

Nesta sexta-feira, mais um episódio. O Diário Oficial trouxe a exoneração do Subprefeito do Distrito do Ouro Verde, Celso Cruz Alvarenga, ligado a Farmadic.

Incontrolável
Sete ações foram aprovadas pelos prefeitos das 20 cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC) nesta sexta-feira, 8 de março, durante a Reunião Emergencial convocada na Prefeitura de Campinas, visando ao combate à epidemia de dengue.

Entre as medidas aprovadas estão mutirões conjuntos, a criação de um comitê metropolitano de dengue e a solicitação de apoio do Exército para auxiliar as equipes nas operações de busca por focos do mosquito nas residências.

O prefeito de Campinas, Dário Saadi, defendeu que todas as cidades com índices epidemiológicos e sobrecarga na rede assistencial justifiquem a situação de emergência através de decreto. Até o momento, três cidades da RMC decretaram emergência devido à dengue: Campinas, Jaguariúna e Pedreira.

O Grande Desafio
O Partido Novo planeja anunciar na próxima sexta-feira, dia 15 de março, o pré-candidato à Prefeitura de Campinas. A legenda, que já conta com a pré-candidatura à reeleição do vereador Paulo Gaspar, apresentará uma chapa completa, visando conquistar mais cadeiras na próxima legislatura.

Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.


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