POLÍTICA

A fraquejada homenagem a Bolsonaro

As ausências dos vereadores foram, de fato, uma estratégia adotada por parlamentares mais ao centro, que estavam desconfortáveis com a controvérsia em torno do assunto.

Por Flávio Paradella | 07/03/2024 | Tempo de leitura: 3 min
Especial para a Sampi Campinas

Divulgação/CMC

A tropa pró-Bolsonaro bateu em retirada na sessão ordinária da Câmara de Campinas. O encontro foi marcado por um clima de Fla-Flu entre os grupos opostos que compareceram para acompanhar a pauta, que incluía a concessão do título de cidadão emérito de Campinas a Jair Bolsonaro.

A honraria exigia 22 votos favoráveis, porém não havia o número de vereadores suficientes presentes para garantir a aprovação. Diante disso, o autor da homenagem, vereador Major Jaime (PL), retirou a proposta, resultando em uma derrota evidente para a bancada de direita no legislativo.

As ausências dos vereadores foram, de fato, uma estratégia adotada por parlamentares mais ao centro, que estavam desconfortáveis com a controvérsia em torno do assunto. Mesmo que alguns deles possam ser favoráveis à concessão de uma das mais altas honrarias da cidade ao ex-presidente.

Desde o início da sessão, os vereadores de direita mostraram-se mais incomodados com o intenso barulho provocado pela militância de esquerda presente no plenário. Esse incômodo revelou-se, ao final, pela falta de votos suficientes para garantir a aprovação.

Após um embate acalorado e troca de farpas entre os colegas parlamentares, a proposta acabou sendo retirada na esperança de que, talvez, o proponente encontre um caminho menos turbulento para levá-la novamente à votação.

A bancada de esquerda buscava uma vitória decisiva, lutando para que o projeto fosse à votação, pois sabia que não seria aprovado, impedindo assim uma nova tentativa neste ano. No entanto, a maioria deixou claro que isso não aconteceria. A inútil e cansativa discussão se arrastou por 2 horas e meia.

Debandada
Na sequência, os vereadores ainda tinham outras pautas a serem discutidas. Uma delas era a autorização para que a prefeitura realizasse um empréstimo de R$ 150 milhões para obras de infraestrutura em bairros periféricos. A proposta foi rapidamente debatida e aprovada, sem a presença das “torcidas” que tomaram conta das cadeiras destinadas ao público presente no plenário.

Uma frase irônica de um amigo ressoou: "Importante é o título para Bolsonaro. Um empréstimo de 150 milhões para obras em bairros periféricos é irrelevante".

Carlão é Lula?
Nesta quarta-feira, enfim um posicionamento oficial de Carlos Sampaio sobre a saída do PSDB, depois de décadas no ninho tucano. Em uma postagem nas redes sociais, o deputado federal explicou seus motivos para deixar a legenda e citou que há algum tempo vinha discordando com os rumos da sigla. A recente luta pelo comando do partido foi um pingo d’água em uma represa rompida.

Agora, Carlos Sampaio integra as fileiras do PSD, partido de Gilberto Kassab. Inicialmente, o deputado enalteceu que segue para a principal legenda aliada ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Na sequência, falou sobre aquela que a principal dúvida: o posicionamento extremamente crítico, a ponto de assinar pedido de impeachment, ao presidente Lula. De acordo com Carlão, a migração teve como garantia de que poderá manter suas posições ferozes contra o Governo Federal.

Carlão agora está no PSD que detém três ministérios no governo Lula III.

Sujou
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) aceitou a denúncia criminal apresentada pelo Ministério Público Estadual contra o prefeito de Monte Mor, Edivaldo Brischi (PSD). O chefe do Executivo enfrentará acusações de constrangimento ilegal.

A denúncia se baseia em alegações de que o prefeito teria ordenado a remoção de nove pessoas em situação de rua da cidade e as encaminhado para o município de Boituva, em um incidente ocorrido em 2021.

Durante o episódio, Brischi teria se referido à população em situação de rua como "lixo" e afirmado que iria "limpar a cidade" removendo esses moradores.

Ações e declarações inaceitáveis em uma sociedade que preza pelos direitos humanos e pela dignidade de todos os seus membros. Em vez de abordar os problemas sociais de forma sensível e compassiva, o prefeito optou por uma abordagem autoritária e desumana. Agora vai responder por isso.

Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.

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