POLÍTICA

Lamentável Cemitério da Saudade

O Cemitério da Saudade, sob administração municipal, é o maior da cidade e é considerado um museu a céu aberto. Seus corredores narram a história da metrópole

Por Flávio Paradella | 30/01/2024 | Tempo de leitura: 4 min
Especial para a Sampi Campinas

Flávio Paradella/Sampi

Em novembro do ano passado, o prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), inaugurou a substituição do muro que circunda o Cemitério da Saudade. Na ocasião, o chefe do executivo ressaltou a importância de "respeitar nossa memória como uma forma de homenagear os 250 anos de Campinas".

O Cemitério da Saudade, sob administração municipal, é o maior da cidade e é considerado um museu a céu aberto. Seus corredores narram a história da metrópole por meio de estruturas valiosas, sendo uma experiência reconhecer, a cada quadra, nomes que moldaram o destino da cidade.

Contudo, em paralelo à rica história, torna-se evidente o descaso que se instala nas entrelinhas das sepulturas. Cada quadra revela não apenas a negligência com o patrimônio histórico, mas também a falta de respeito para com a dignidade daqueles que, no momento mais sensível da vida, se despedem de entes queridos.

Na semana passada, ao visitar o cemitério para me despedir de uma tia querida, deparei-me mais uma vez com um cenário de abandono. Vegetação alta, sepulturas destroçadas e saqueadas, vias deterioradas por buracos e pavimentos desgastados, além de lama dificultando o acesso aos túmulos, especialmente pelo que foi um dia de chuva constante.

A SETEC, autarquia responsável pela gestão do cemitério, oferece transporte para os idosos e aqueles com dificuldades de mobilidade. Entretanto, para minha consternação, na hora da despedida não havia motorista disponível. Após uma acalorada discussão, uma pessoa foi designada, mas a maioria dos necessitados já tinha partido debaixo de chuva.

O desleixo com o local, a história e, acima de tudo, com as pessoas em seu momento mais delicado, é inaceitável. Compreendemos que uma cidade como Campinas enfrenta diversas prioridades, mas a inércia do poder público, seja na esfera da infraestrutura ou administrativa, não pode desconsiderar o mínimo de dignidade exigido nesses momentos tão dolorosos.

Ao prefeito Dário, um apelo para que caminhe pela parte interna do Cemitério da Saudade, visualize um dia de chuva, inclua idosos na equação e compreenda a angústia da perda de um ente querido. O respeito à memória e à dor alheia não pode ser esquecido em meio às demandas cotidianas.

Um começo
Assim que finalizei o texto acima, chegou um aviso de pauta por parte da prefeitura e justamente sobre o Cemitério da Saudade.

O prefeito de Campinas, Dário Saadi, assina uma ordem de serviço para o início das obras da troca do piso do Cemitério da Saudade, uma obra de cerca de R$ 7 milhões.

É um começo, mas a julgar pela extensão do espaço e o tempo de degradação, que chega a dar impressão de abandono, a medida pode nem ser percebida pelos visitantes.

O Cemitério da Saudade, sendo um espaço de importância cultural e emocional para Campinas, merece uma abordagem abrangente em termos de revitalização.

Nada de exceção
O governo federal não pretende abrir exceção para que Campinas seja incluída na lista de cidades para receber a vacina contra a Dengue, incluída no Plano Nacional de Imunização.

A metrópole teve mais de 11 mil casos em 2023 e começou o ano de maneira muito preocupante com 1,2 mil ocorrências e janeiro sequer terminou. Mesmo assim, os números não sensibilizam o Ministério da Saúde que determinou critérios para a distribuição da pequena quantidade de imunizantes.

Como Campinas não tem o registro de circulação do Sorotipo 2 da Dengue, então, para os técnicos da área da saúde do governo federal, o município não se enquadra para receber a vacina.

O Ministério da Saúde colocou o regulamento debaixo do braço e, por enquanto, ignora o pedido de Campinas.

Amparo aos ex-atletas
O vereador Edvaldo Cabelo, do Partido Liberal (PL), apresentou um Projeto de Lei na Câmara Municipal com o objetivo de criar o programa "Casa do Atleta Campineiro". A proposta visa reinserir na sociedade ex-atletas profissionais com 60 anos ou mais que se encontram em estado de vulnerabilidade social.

Para fazer parte do programa, os beneficiados devem comprovar vínculo com alguma entidade de prática desportiva e estar inscritos no Cadastro Único (CadÚnico), atualizado em um Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do município.

O projeto inclui diversas medidas, como fornecimento de alimentação, tratamento médico e odontológico, acompanhamento psicológico, sessões de fisioterapia e capacitação profissional para a reinserção no mercado de trabalho. Para viabilizar esses serviços, a proposta autoriza a Prefeitura a firmar convênios com o Governo Estadual, Federal e setores da iniciativa privada, buscando recursos e meios necessários.

Edvaldo Cabelo ressalta a importância do projeto ao mencionar histórias tristes de ex-atletas em situação precária, como os casos de Jorge Mendonça e Enaldo, ex-jogadores do Guarani que faleceram em condições semelhantes, enfrentando doenças crônicas e extrema pobreza.

"É fato que muitos ex-atletas não se prepararam para a aposentadoria e, por vezes, não se dão conta de que o tempo passou e tudo ficou para trás," lamenta o vereador.

Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. É veiculada também pelo jornal OVALE Gazeta da RM Campinas, aos sábados. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.

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