O MP-SP (Ministério Público de São Paulo) denunciou à Justiça o líder espiritual Jessey Maldonado Monteiro, de 49 anos, como o autor de crimes sexuais contra, pelo menos, 16 mulheres em Socorro, a 115 quilômetros de Campinas. O suspeito está preso desde o dia 15 de janeiro, após denúncias à Polícia Civil.
A acusação, assinada pelo promotor de Justiça Rafael Briozo, aponta que o religioso foi o responsável por: 14 crimes de violação sexual mediante fraude; quatro crimes de estupro; dois delitos de importunação sexual; um crime de exercício ilegal da medicina.
De acordo com o MP-SP, Jessey Maldonado cometeu os crimes em um consultório próprio e também na Santa Casa de Socorro, onde trabalhava como chefe do setor de radiologia. Além disso, utilizava sua posição em um centro de umbanda para oferecer tratamentos à base de massagens.
“Durante esses procedimentos, ele praticou atos libidinosos contra diversas mulheres. Uma das vítimas tinha 17 anos na época dos fatos e sofreu os abusos na presença da própria mãe. Ainda segundo as investigações, o denunciado atacou também uma paciente e uma estagiária do hospital em que trabalhava”, disse o MP-SP.
Ainda segundo o Ministério Público, o acusado pode pegar penas de 54 anos e seis meses a 136 anos pelos crimes cometidos.
Quem é?
Formado como técnico de raio-x, Monteiro atua na área da saúde há mais de 20 anos. Segundo a Polícia, ele era chefe do setor de radiologia da Santa Casa de Socorro e realizava atendimentos terapêuticos em sua casa, que funcionava como um templo de umbanda.
Em ambos os locais, as vítimas testemunharam que ele as violentou sexualmente. Entre os casos, está o de uma mulher que na época era menor de idade, de acordo com a delegada Leise Silva Neves, que investiga o caso.
Diante das acusações, Monteiro foi preso na segunda-feira, 15, e depois teve prisão decretada na terça-feira, 16, quando foi transferido para o centro de detenção provisória de Sorocaba.
Além da prisão preventiva, a Polícia Civil cumpriu um mandado de busca e apreensão em sua residência. No local, foram encontrados remédios, brinquedos sexuais, seringas, aparelhos celulares e duas armas de fogo.
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As primeiras denúncias surgiram na última sexta-feira, 12, quando diversas vítimas prestaram depoimento à Polícia Civil. De acordo com testemunhas, o suspeito se apresentava como pai de santo de um templo de umbanda, onde realizava terapias, regressão, quiropraxia e hipnose, principalmente em mulheres.
As vítimas eram apresentadas a Monteiro através de uma mãe de santo. Até o momento, no entanto, a Polícia não sabe se ela tem relação direta com as acusações. Além disso, para as convencer, o religioso se apresentava como um ‘ser superior’.
Antes dos procedimentos, segundo as vítimas, Monteiro servia um copo de água, alegando que auxiliaria no tratamento. Mas, após isso, ficavam sonolentas e eram coagidas a tirar a roupa, com base em argumentos religiosos. Em seguida, o suspeito passava óleo no corpo das vítimas e iniciava os abusos.
Mais vítimas
A delegada responsável pelo caso não informou o número de mulheres que prestaram depoimento. No entanto, segundo ela, desde que o caso se tornou público, mais vítimas apareceram para realizar a denúncia. Diante disso, a suspeita é de que o número possa chegar a 50 mulheres abusadas.
“Quanto mais vítimas vierem, mais tempo vamos conseguir deixar eles na cadeia. É um crime revoltante, que acaba com a vida de uma pessoa”, declarou a delegada.
O que diz a Santa Casa?
Em nota enviada à imprensa, a Santa Casa de Socorro declarou que “está totalmente surpresa com os últimos acontecimentos envolvendo Jessey e que não tinha qualquer conhecimento sobre os casos de abuso sexual supostamente cometidos por ele”.
O que diz a defesa?
Responsável pela defesa, o advogado Ricardo Rafael Pires de Oliveira informou que não se manifestará sobre o caso, que corre em segredo de Justiça. Sobre a prisão preventiva, declarou que respeita a decisão, mas que irá recorrer.