POLÍTICA

O limite político entre cidades

Por Flávio Paradella | 09/01/2024 | Tempo de leitura: 4 min
Especial para a Sampi Campinas

Divulgação/ALESP

O deputado estadual Dirceu Dalben, de Sumaré
O deputado estadual Dirceu Dalben, de Sumaré

O nome Dalben é um fio condutor intrínseco à cidade vizinha de Campinas, Sumaré. O ex-prefeito, vereador e atual deputado, Dirceu Dalben, posiciona seu legado político ao alçar voo ambicioso além das fronteiras burocráticas e jurídicas. Sua visão parece agora mirar uma cadeira executiva em outra importante cidade bem ao lado.

A presença marcante de propagandas em Paulínia denuncia as ambições políticas de Dirceu Dalben. O experiente político, deputado estadual pelo Cidadania, acena com a possibilidade de concorrer ao cargo de prefeito na cidade.

O que suscita essa movimentação? Luiz Dalben, filho de Dirceu, encaminha-se para o último ano de seu segundo mandato como prefeito, após ser eleito e reeleito. Entretanto, segundo interpretação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não é permitido que parentes diretos de prefeitos reeleitos concorram ao mesmo cargo. Tal medida visa impedir o uso da máquina pública para perpetuar o domínio familiar no poder.

Nesse contexto, Dirceu encontra barreiras para disputar a eleição em Sumaré, uma vez que seu filho é o atual prefeito. Daí a ideia de migrar para Paulínia e prospectar a possível candidatura em uma cidade com orçamento robusto de R$ 2,5 bilhões.

Embora pareça paradoxal para uma família umbilicalmente ligada a Sumaré, Dirceu encara a possibilidade sem grandes perdas. Como deputado estadual, não precisaria renunciar ao cargo e, em caso de derrota, permaneceria na Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP). Se vencesse, assumiria a prefeitura de uma das mais abastadas cidades da Região Metropolitana.

Entretanto, a equação não se resolve com facilidade. As intensas campanhas publicitárias buscam aumentar a exposição do nome Dalben em Paulínia, enquanto pesquisas internas testam a receptividade dessa manobra junto aos eleitores. Se Dalben almeja realmente concorrer em Paulínia, o prazo para requerer a transferência do título eleitoral é até maio.

Similaridades
A situação em Limeira reflete um cenário semelhante, com a administração de Mario Botion (PSD) adentrando seu oitavo ano à frente da cidade. O prefeito, de maneira clara, tem manifestado que gostaria de indicar a primeira-dama, Roberta Botion, como sua sucessora.

Ao longo do tempo, Mario e Roberta têm desenvolvido uma colaboração intensiva, culminando em uma significativa conquista em 2022: a primeira-dama obteve uma expressiva votação, angariando cerca de 43 mil votos na eleição para a Alesp e, atualmente, figura como primeira suplente.

Contudo, apesar do capital político de Roberta, ela se depara com o mesmo impedimento dos Dalben, em Sumaré: sua relação direta de parentesco com o atual prefeito a coloca em uma posição de impedimento.

Assim, o foco recai sobre o nome trabalhado como potencial sucessor direto: o Deputado Federal Miguel Lombardi (PL), atualmente em seu terceiro mandato consecutivo no Congresso Nacional. Caso Miguel Lombardi aceite a proposta, isso representaria mais um caso no qual um político não precisaria renunciar a seu cargo para disputar o executivo municipal.

Mário Gottinha
O Hospital Mário Gattinho, embora jovem, enfrenta um desafio imprevisto e incômodo: goteiras persistentes. As recentes chuvas expuseram infiltrações em diferentes setores da unidade de saúde, levando a prefeitura a anunciar uma reforma completa em seu telhado.

A determinação para a substituição integral da cobertura surge como resposta às falhas nos reparos anteriores, que se mostraram ineficazes diante da magnitude do problema revelado pelas chuvas.

A prefeitura assegura que a obra está dentro do período de garantia, o que não acarretará despesas adicionais ao município. Contudo, para a gestão de Dário Saadi (Republicanos), esse imprevisto representa um embaraço considerável. O Hospital Mário Gattinho foi uma das principais promessas de sua gestão em 2020 e foi inaugurado há pouco tempo.

O transtorno causado pela situação resultou em um apelido pouco lisonjeiro para a unidade: "Mário Gottinha".

Manifestações 8/1
Os eventos convocados em Campinas por grupos antagônicos para lembrar o aniversário de um ano da tumultuada situação em Brasília, ocorrida em 8 de janeiro, tiveram baixa participação.

No Largo da Catedral, movimentos alinhados à esquerda realizaram uma mobilização em defesa da democracia, reunindo praticamente os mesmos participantes de outras manifestações anteriores.

Enquanto isso, na Torre do Castelo, próximo à Escola de Cadetes, um ato de menor proporção, liderado por apoiadores de Bolsonaro, buscou reforçar a ideia de fraude eleitoral e questionar os resultados das eleições de 2022. Eles também expressaram repúdio às prisões ordenadas pelo STF.

Entretanto, a impressão geral é que a população em sua maioria não se importa com tais narrativas, demonstrando pouco interesse ou consideração pelo evento e suas conotações. Os eleitores demonstram estar mais focados em questões práticas do dia a dia, como trabalho e contas a pagar, e estão exaustos da constante manipulação política.

Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. É veiculada também pelo jornal OVALE Gazeta da RM Campinas, aos sábados. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.

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