POLÍTICA

Esperando a Janela

Por Flavio Paradella | 02/01/2024 | Tempo de leitura: 4 min

Divulgação

Enfim, 2024. O ano par, como citado por políticos para esquivar-se de questionamentos eleitorais, começou, trazendo consigo as definições de candidaturas, apoios e mudanças partidárias. Hoje, vereadores da Câmara de Campinas aguardam ansiosos a abertura da Janela Partidária para pavimentar os rumos deste ano.

 

A Reforma Eleitoral de 2015 (Lei nº 13.165/2015) instituiu a chamada “janela partidária”, um período de 30 dias antes do prazo final de filiação para concorrer a eleições. Essa janela permite que parlamentares troquem de partido sem perderem seus mandatos.

 

Em 2018, o TSE determinou que somente os eleitos que estejam no término do mandato vigente podem usufruir da janela partidária. Isso implica que vereadores só podem migrar de partido na janela eleitoral municipal, seis meses antes da votação em primeiro turno.

 

O cenário legislativo de Campinas apresenta situações peculiares, com nomes importantes que, sem sombra de dúvida, mudarão de sigla em 2024. Comecemos pelo presidente da Câmara, Luiz Carlos Rossini. Rossini está no PV desde 2001, mas tudo indica que sua trajetória neste partido chegará ao fim durante a janela partidária. Integrante da base política desde a gestão de Jonas Donizette (PSB) e mantendo-se na administração de Dário Saadi (Republicanos), o vereador, que já foi líder do governo, ascendeu à presidência da Câmara com o apoio do 4º Andar. Entretanto, o Partido Verde, em 2022, firmou uma federação com PT e PcdoB, o que se mantém ativo. Curiosamente, essas duas legendas, junto com o PSOL, formam a oposição contundente a Dário. Desta maneira, a permanência de Rossini no PV parece inviável, considerando as direções políticas conflitantes. A discussão gira em torno de qual partido o parlamentar se filiará para garantir viabilidade política eleitoral. Esta é a árdua equação que o vereador está enfrentando no início deste ano.

 

Outro vereador com saída certa do partido é Paulo Haddad, atual líder do governo de Dário Saadi na Câmara de Campinas. Haddad é filiado ao Cidadania e foi eleito em 2020 para uma das 33 cadeiras legislativas com pouco mais de 1,8 mil votos. Contudo, circunstâncias políticas tornam a permanência do vereador na legenda inviável. Essa circunstância tem nome: Rafa Zimbaldi. Crítico principal da gestão de Dario nos últimos três anos, Zimbaldi migrou para o Cidadania e hoje é vice-presidente municipal, exercendo considerável influência no partido. Logo, como o líder de governo do prefeito Dário permanecerá no partido liderado pelo seu principal opositor? A resposta é simples: não permanecerá. Aproveitará a “janela” para migrar para uma sigla mais alinhada com o chefe do executivo.

 

Malas prontas

 

Marcelo Silva, vereador pelo PSD, tem seu destino definido: migrará para o PP e aguarda apenas a abertura da janela partidária para seguir seu novo rumo. As movimentações nesse sentido começaram explicitamente em 2023, quando o vereador uniu forças com Major Jaime, desempenhando forte papel para a filiação de Marcelo Coluccini ao Partido Progressista e sua nomeação como secretário de Planejamento e Desenvolvimento Urbano. Essa movimentação também conquistou o apoio da Delegada Terezinha, que também se juntou ao PP.

 

As filiações dos dois nomes foram acompanhadas de perto e exaltadas nas redes sociais por Marcelo Silva em agosto do ano passado. O vereador marcou presença no evento conduzido pelo presidente da executiva estadual do partido, o deputado federal Maurício Neves.

 

PSDB

 

Enfraquecido com a destruição imposta pelo resultado das últimas eleições, a aposta do, antes protagonista, hoje quase que figurante PSDB é pela renovação de forças políticas. A tentativa de reanimar o partido está sendo conduzida pelo deputado federal, Carlos Sampaio, e no âmbito municipal vem conversando e angariando lideranças em frentes diversas para renovar e oxigenar o ninho tucano que colapsou.

 

Sampaio aposta em novos nomes para tentar reanimar o PSDB na disputa para o legislativo, porém a definição de como a sigla vai se portar na disputa pelo Palácio do Jequitibás ainda não ocorreu. 

 

Lembrando que o PSDB tem uma Federação formada com o Cidadania desde 2022 e, em tese, deveria estar alinhando com Rafa Zimbaldi. Deveria, mas neste momento não está. Resta observar para onde os ventos irão direcionar, mas é importante recordar que, apesar da conotação partidária, um tucano também é um predador.

 

 

Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. É veiculada também pelo jornal OVALE Gazeta da RM Campinas, aos sábados. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.