POLÍTICA

Morte no Bosque completa 1 ano e marca lembrança de verão trágico

Por Flávio Paradella | 28/12/2023 | Tempo de leitura: 4 min
Especial para a Sampi Campinas

Luis Eduardo de Sousa/Arquivo/Sampi Campinas

Queda de árvore matou homem de 36 anos no dia 28 de dezembro de 2022
Queda de árvore matou homem de 36 anos no dia 28 de dezembro de 2022

A quinta-feira marca um ano da tragédia do Bosque dos Jequitibás quando uma figueira branca de 35 metros despencou sobre um carro que trafegava na Rua General Marcondes Salgado, no entorno do parque. A queda atingiu em cheio o veículo no qual estava o técnico em eletrônica Guilherme da Silva de Oliveira Santos. O trabalhador morreu no local e deixou dois filhos e esposa.

Naquela manhã Campinas foi atingida por uma forte chuva que levou a ocorrência, mas as investigações apontaram que a já tinha um alto risco de queda meses antes do acidente. E que a “negligência” e “completa incapacidade” da prefeitura contribuíram para a ocorrência pela falta de manejo preventivo.

A morte de Guilherme foi o início de um triste verão com tempestades que geraram destruição em praticamente todas as regiões de Campinas e uma outra tragédia com uma a morte da pequena Isabela Tibúrcio Fermino, de apenas 7 anos, atingida por um eucalipto dentro da Parque Portugal, a famosa Lagoa do Taquaral.

A lamentável situação gerou comoção na cidade e a administração Dário Saadi (Republicanos), emparedada, respondeu com o fechamento preventivo de todos os 25 parques públicos para avaliação e, consequente, remoção de árvores inadequadas ou mortas. Alguns espaços ficaram meses sem a possiblidade de visitação.

A tragédia fez a prefeitura acelerar um movimento extremamente moroso que o de poda/manejo/remoção de árvores na cidade. Uma das principais reivindicações via 156 e reclamações sobre a inoperância quando o fato é requisitado.

Com o problema, a secretaria serviços públicos passou a focar no trabalho de manejo preventivo ou mesmo na remoção. Dois exemplos visíveis: a poda no entorno da General Marcondes Salgado e a “devastação” da área de eucaliptos na Lagoa do Taquaral. Não me entendam mal, as duas ações eram necessárias, mas o contraste com o que era e como ficou evidenciou a inoperância do serviço público.

A prefeitura resolveu também atuar e outras frentes como a remoção completa das árvores na Avenida Francisco Glicério, no trecho entre a Avenida Aquidabã e a Rua Álvaro Ribeiro. O cenário mudou completamente dando um aspecto árido e sem vida para a selva de pedra. Passou também a realizar podas drásticas como o caso da Figueira do Manecão, no Distrito de Barão Geraldo.

Esse 8 a 80 da administração gerou controvérsias com pitadas volumosas de hipocrisia numa oposição que chegou a tentar cunhar o apelido no prefeito de “Dário Motosserra”, porém a nomenclatura sequer pegou a própria bolha.

Passado um ano do começo da crise das árvores, Campinas ainda olha para cicatriz e se assusta quando o tempo fechado gera ventos fortes. A tragédia gerou um estado de alerta constante. É o chamado gatilho do medo que, infelizmente, nos acostumamos no trânsito, na segurança pública e agora levamos para os serviços públicos.

A lembrança é triste e sigo emanando força para as famílias de Guilherme e da menina Isabela que perderam com tragédias evitáveis.

Gatilho

Apesar dessa intensificação nos trabalhos, a cidade não se livrou de eventos assustadores. No último dia 20, quase uma nova tragédia. Naquela noite, uma árvore desabou sobre um veículo em movimento no Jardim Nova Europa, em Campinas. Apesar do carro ter sido completamente destruído, a motorista saiu com ferimentos leves.

A condutora transitava por uma via do bairro quando a árvore veio abaixo, atingindo seu veículo, com a forte ventania na região no momento da queda.

Papel Publicado

Outro aspecto na temporada de chuvas em Campinas é o problema crônico com enchentes, situação que também já gerou mortes na cidade e que, entra e sai administração, não é ao menos mitigado.

Agora, o projeto saiu do campo da ideia e ganhou um passo mais tangível, se vai sair do papel é outro problema.

A Prefeitura de Campinas, enfim, lançou o aviso de licitação para a elaboração de projetos executivos e execução das obras do primeiro reservatório do Plano de Controle de Enchentes na Região Central.

O recebimento das propostas está agendado para o dia 30 de janeiro de 2024, das 8h às 14h30min, com a abertura das propostas ocorrendo conforme procedimento administrativo, às 15h do mesmo dia.

Este primeiro reservatório (RP-1) visa a contenção de inundações na Avenida Princesa D’Oeste e será construído na Praça de Esportes Paranapanema.

O Plano para Controle de Enchentes na Região Central, desenvolvido pela Secretaria de Infraestrutura, foi apresentado no primeiro semestre de 2022 e tem oito obras para o combate às enchentes nas bacias do córrego Serafim, Avenida Orosimbo Maia e córrego Proença, na Avenida Princesa D'Oeste.

Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. É veiculada também pelo jornal OVALE Gazeta da RM Campinas, aos sábados. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.