ENTENDA

Após ex-dirigente dizer que 'acesso não era objetivo', Guarani nega através de carta

Por Higor Goulart | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 6 min
Reprodução/Guarani
O CEO do Guarani, Ricardo Moisés, é um dos que assina a carta
O CEO do Guarani, Ricardo Moisés, é um dos que assina a carta

O Guarani não conseguiu o sonhado acesso à Série A do Campeonato Brasileiro, o que gerou cobranças de torcedores à diretoria. O ex-dirigente do Bugre, Lucas Drubscky, apimentou a situação e causou polêmica ao afirmar em entrevista que o objetivo do clube na temporada era a permanência na Série B, o que não caiu bem entre o Conselho Administrativo do clube.

A declaração do ex-dirigente de futebol do Bugre foi dada durante sua apresentação no Ceará, time pelo qual atuará no próximo ano.

“Eu cheguei em julho com a equipe na 12ª colocação e com objetivo de permanência na Série B. Foi com essa missão que traçaram orçamento e estrutura para o nosso trabalho. Em nenhum momento foi falado de acesso”, declarou Drubscky.

A fala do ex-dirigente deixou descontente o Conselho Administrativo do Guarani,  que em conjunto com o CEO Ricardo Moisés, divulgou uma carta aos conselheiros. O documento, divulgado, mas exclúido momentos depois.

A Sampi Campinas teve acesso a resposta, que contesta a versão de Drubscky, apagada em instantes. “É a coisa mais absurda falar que o Guarani não queria subir. Se não quisesse subir, por quê um time que passou as 6 primeiras rodadas no G4, e assim que saiu, chegando na 11ª colocação, resolveu trocar o treinador e o diretor de futebol?”, inicia o texto.

A declaração  diz ainda que o Conselho Administrativo trouxe Umberto Louzer e ofereceu bicho de R$ 1 milhão para que os jogadores conseguissem o acesso. Além disso, prometeu premiação de R$ 5 milhões aos jogadores e comissão e pagou os salários em dia.

Após a réplica bugrina, Drubscy se pronunciou novamente (veja declaração abaixo). 

Confira a carta completa: 

É a coisa mais absurda falar que o Guarani não queria subir. Se não quisesse subir, por quê um time que passou as 6 primeiras rodadas no G4, e assim que saiu, chegando na 11ª colocação, resolveu trocar o treinador e o diretor de futebol? Se não quisesse subir, por que trouxe um técnico que já obteve acessos no Guarani como atleta e treinador? Se não quisesse subir, por que trouxe um treinador que já foi campeão da série B e campeão estadual por 4x em 6 anos? Se não quisesse subir, por quê pagou mais de R$ 1 milhão de bicho nos jogos? Se não quisesse subir, por quê prometeu R$ 5 milhões de reais de premiação aos atletas/comissão técnica? Se não quisesse subir, por que passou a oferecer bichos ainda maiores nos últimos jogos (os bichos chegaram a ser 4 vezes o padrão). Se não quisesse subir, por quê investiu mais de R$ 500 mil reais em equipamentos de fisioterapia e fisiologia para melhor recuperação de atletas (equipamentos que muitos clubes de série B já possuíam, mas nós não). Se não quisesse subir, por quê nas renovações que fez com atletas, colocou gatilhos de salário em caso de acesso? Se não quisesse subir, por quê não perdeu nenhum atleta na janela? Por que recursaram propostas pelo artilheiro do time? Se não quisesse subir, por quê investe tanto no gramado? Se não quisesse subir, por quê trouxe um ídolo de volta, que há dois anos quase nos levou ao acesso com 9 gols e 11 assistências? Se não quisesse subir, por quê pagou em dia, salários, direitos de imagem, FGTS e bichos?

Parece que tem gente que esquece que a gente disputou apenas 2X a série A nos últimos 20 anos (e nas duas vezes foi rebaixado). De 2007 a 2016 (10 anos), jogamos 6X a série C. De 2007 a 2018 (12 anos), jogamos 8X a série A2. Tivemos nosso patrimônio indo a leilão há 8 anos

Um clube que foi rebaixado 9X em 12 anos (2001 a 2013), perdeu estádio, acumulou dívidas de time de série A, tendo receita de série C, por sorte não despareceu.

Ainda assim, disputamos na parte de cima da tabela em 2018/2020/2021/2023. No paulista são 4 anos entre o 7/10 lugar. Nos últimos 24 anos só conseguimos colocações melhores em 2 oportunidades. 

Temos vários exemplos de times que ascenderam da série C direto pra A e logo depois caíram e foram desaparecendo. De exemplo, quase tivemos o próprio Guarani que saiu da C pra A (2008/2009) e voltou pra C e quase caiu pra D (2010/2012).

  • Gama – 2002
  • Brasiliense – 2005
  • São Caetano – 2006
  • América/RN - 2007
  • Ipatinga - 2008
  • Santo André - 2009
  • Grêmio Prudente - 2010
  • Portuguesa – 2013
  • Joinville - 2015
  • Figueirense - 2016
  • Santa Cruz – 2016
  • Paraná - 2019

O maior problema da diretoria atual do clube são as dívidas acumuladas e que só em 2022 levaram quase 20% de toda a receita do clube (+ de R$ 7 milhões penhorados). Um acesso pode ajudar a pagar diversos anos disso, ou de um parcelamento tributário (ficou mais de 30 anos sem pagar FGTS – está pagando desde abril).

Agora, eu não acredito que CA, CEO, CF, CD, autorizem ou peçam autorização para que o clube se endivide para que tente subir (por que não é garantido). Há vários times com investimentos bem superiores ao nosso e que não conseguiram o acesso.

No quesito de aumento de receitas, o clube vem aumentando suas receitas desde 2014. Neste ano em específico, a loja do clube, sócio campeão, patrocinadores, venda de atletas arrecadaram mais. É uma evolução contínua.

Nesta ótica maluca, o Vila não quis subir? Precisava sozinho de uma vitória contra o rebaixado.

O Sport não quis subir? Passou uma parte como líder, uns 90% do tempo no G4 e empatou com a xita (Ponte Preta) em casa na reta final. Novorizontino também não quis, perdeu pro Botafogo em casa também. Mirassol não ganhou do Ituano na reta final. Enfim, se for olhar cada time, todo mundo teve jogos que merecia ganhar e não ganhou. Pegou algum time de baixo que perdeu pontos.

O Atlético/GO subiu e o presidente disse ontem que gastou R$ 40 milhões e arrecadou R$ 15 milhões. (Mas vinham de 2 superávits na série A, que totalizavam quase R$ 45 milhões)".

Drubscky se explica
Após a repercussão negativa entre ex-colegas e torcedores, Lucas Drubscky gravou um vídeo onde se explica aos bugrinos. Ele explica que a fala se trata de um mal-entendido e foi tirada de contexto. “Em nenhum momento faltou energia por parte de todos ali, do presidente ou massagista, para que a gente pudesse buscar voos maiores”, iniciou.

“A gente buscou incessantemente esse acesso, porque isso seria, óbvio, engrandecedor para o clube. Mas, no segundo momento, para nós funcionários, presidente e CEO. E eu acho engraçado essas teorias da conspiração, que falam que foi pedido para que não houvesse acesso”, seguiu.

 

Por fim, o dirigente reconheceu as limitações financeiras do clube, assim como o Conselho Administrativo explicou na carta. “Eu falei ao longo da temporada e também ontem. O nosso poder, nossa capacidade de investimento, estava abaixo das equipes que estavam brigando pelo acesso. E sempre foi colocado para mim como sendo mais importante a austeridade financeira, o cumprimento das obrigações financeiras”, explicou.

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