Dessa vez, o prefeito não apareceu e enviou Wandão, o vice para representar a cidade. Prática muito utilizada pelo ex-prefeito Jonas Donizette e Hélio de Oliveira Santos. Porém, a reunião do grupo metropolitano recebeu o Ministro das Relações Institucionais do Governo Lula III, Alexandre Padilha, uma oportunidade para os municípios questionarem e cobrarem o Governo Federal por demandas represadas.

Claro que a reunião foi um verdadeiro oba-oba, com prefeitos tendo performance de tietes com o ministro de Lula que veio anunciar obras que serão integradas ao ressuscitado PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Serão 1,7 mil casas dentro do também reprisado “Minha Casa, Minha Vida” para toda a região administrativa. Pelo tamanho da cidade, apenas 320 para Campinas, ficando atrás de Limeira, Hortolândia e Piracicaba.

Dário não foi. Preferiu ajudar no Mutirão de Urologia que ocorreu no sábado em Campinas, em uma atitude louvável em auxiliar as equipes médicas municipais, mas que como iniciativa conta mais como factoide para divulgar uma agenda positiva em redes sociais, do que para um dos motivos pelo qual Saadi foi eleito: lutar pelos interesses do campineiro.

Posso até entender alguns possíveis motivos para o não comparecimento a este encontro da RMC com Padilha: já sabia que seria oba-oba, a reunião era agenda positiva para o governo federal, nada de muito concreto sairia do encontro e eleitoralmente não quer uma exposição com ministro do PT, que por sinal tem raízes em Campinas.

Ok, então seja o contraponto. Vá a reunião e seja o chato em cobrar prazos e promessas que até agora não foram cumpridas. Use a influência do cargo de prefeito da única cidade do interior a ser classificada como metrópole para emparedar o Governo Federal. Tenha noção da força política que emana da pessoa investida pela nobre função concedida pelo povo de Campinas. É preciso deixar de ter essa nano estatura institucional.

Fortalecido
Mesmo com todos os ares de festa, é impossível não mensurar o fortalecimento como principal liderança regional do prefeito de Jaguariúna, Gustavo Reis (MDB).

O evento para receber o ministro Alexandre Padilha organizado no município de Gustavo foi fora do comum em termos de estrutura, quando comparado com outros eventos do Conselho. Além disso, trouxe notícias satisfatórias para uma área tão sensível que é a habitação.

Só em Jaguariúna, projeto prevê a construção de 115 casas térreas dentro do novo programa Minha Casa, Minha Vida, e vai contemplar famílias de baixa renda.

Gustavo Reis explorou a visita e o anúncio com fotos e vídeos ao lado do ministro de Lula, além disso postou um material do deputado federal e presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, com agradecimentos pela viabilização dos projetos.

Gustavo Reis parte para último ano de mandato como prefeito eleito e reeleito de Jaguariúna, mas pavimenta um futuro político além da RMC.

Orçamento aprovado e no aguardo
Questionada pelo Ministério Público, a Lei Orçamentária Anual (LOA) foi aprovada pelos vereadores de Campinas, com 23 votos favoráveis e seis contrários, na sessão ordinária desta segunda-feira na Câmara de Campinas. 

O projeto estabelece para 2024 o valor de R$ 9,3 bilhões, que praticamente andou de lado em relação ao deste ano com um aumento nominal de 0,3%. Com a inflação, a cidade, na verdade, terá menos recursos para o seu custeio.

Por causa disso, o Ministério Público ingressou na discussão, solicitando esclarecimentos ao Governo Dário Saadi sobre a redistribuição de verbas entre diferentes áreas, especialmente a diminuição de recursos para setores como assistência social, educação, saúde e urbanismo.

De acordo com a prefeitura, o encontro com os promotores foi positivo e a administração explicou os motivos para o projeto que resultou no orçamento para 2024.

Convenhamos que com ou sem MP, a LOA seria aprovada na Câmara de Campinas. Uma discussão ou outra mais acalorada, mas o pessoal está de olho nos recursos próprios.

Agora o projeto fica no aguardo do apontamento que será feito pelos 33 vereadores para o uso da verba de R$ 2,7 milhões destinada para cada um deles como parte das Emendas Impositivas. É prerrogativa dos parlamentares escolherem o destino do dinheiro (metade precisar ser usado na área da saúde).

A proposta do orçamento municipal ficará fora da pauta das duas próximas reuniões ordinárias – conforme determina o Regimento Interno da Câmara.

Obras antienchente
A Câmara também votou, aprovou e, dessa forma, autorizou a prefeitura a contrair o empréstimo junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) de R$ 517 milhões de reais para obras antienchente na cidade, em especial de macrodrenagem e recuperação ambiental.

Recentemente, Dário esteve com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e garantiu que o pedido de financiamento avançou e que a reivindicação entrou no último passo de análise da instituição do governo federal. Saadi conta com o recurso para, enfim, tirar do papel a obra apresentada no primeiro semestre de 2022.

Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. É veiculada também pelo jornal OVALE Gazeta de Campinas, aos sábados. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.