Os números divulgados pelo Instituto Paraná Pesquisas revelam que o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) conta com uma expressiva taxa de aprovação de 65,7% em uma Campinas que se mostra essencialmente conservadora. Mesmo quando analisado por níveis de escolaridade, o ex-ministro de Bolsonaro mantém uma popularidade acima dos 60%.
O governador atinge seu ápice de desempenho entre os entrevistados com ensino médio completo, registrando 68%. Em seguida, entre os que possuem Ensino Superior Completo, mantém uma avaliação positiva de 67,5%. Já entre os eleitores com ensino fundamental, o índice reduz para 60,6%, ainda assim, permanece em um patamar significativo.
É inegável que o estado de São Paulo se transformou em um reduto da direita, a partir do surgimento de movimentos desorganizados e silenciados até 2013. Naquela época, tais grupos enfrentavam dificuldades para fazerem-se ouvir, sendo muitas vezes excluídos do debate público, político e midiático.
As manifestações contrárias ao governo Dilma deram origem a lideranças de centro-direita, indo desde tendências moderadas até extremas, algo praticamente inexistente durante o período de redemocratização. Vivíamos então sob a sombra da polarização entre PT e PSDB, o que está longe de refletir a atual realidade partidária e política. Atualmente, testemunhamos movimentos e partidos bem delineados, com influência marcante na opinião pública.
É evidente que o Estado de São Paulo, e em menor escala a capital paulistana, abraçaram este momento político. O chamado "Tucanistão", alcunha dada por militantes de esquerda ao estado que concedeu 28 anos consecutivos ao PSDB no governo, finalmente viu a troca de comando, agora entregue ao bolsonarista Tarcísio de Freitas.
Desde o período eleitoral, o governador demonstrou habilidade ao articular alianças robustas para garantir a governabilidade. Enquanto contava com o ex-presidente Jair Bolsonaro como figura central da campanha, com suas motociatas pelo estado, nos bastidores tinha um estrategista político de grande renome: Gilberto Kassab, o líder do PSD.
O carioca Tarcísio de Freitas governa São Paulo sob as bandeiras do bolsonarismo, conservadorismo e um certo liberalismo. Apresenta discursos mais amenos sobre costumes e moral, mas a grande distinção está no pragmatismo para construir alianças. A política se constrói por meio de diálogos e entendimentos, embora haja limites republicanos para os acordos. Nesse aspecto, Tarcísio se mostra muito mais perspicaz do que seu avalista, hoje inelegível.
O paulista encontra-se em uma espécie de "lua de mel" com Tarcísio neste primeiro ano de mandato. Resta-nos observar quanto tempo perdurará essa união.
Tempo fechado
A previsão se concretizou e os oponentes de Dário Saadi (Republicanos) utilizaram a incisiva crítica do Ministério Público, que classificou a gestão como negligente, irresponsável e incapaz, para lançar ataques contra a administração municipal.
A promotoria aponta que a prefeitura poderia ter evitado as tragédias do último verão, tanto no Bosque dos Jequitibás quanto na Lagoa do Taquaral, se tivesse agido de maneira mais eficaz.
Surpreendentemente, foram duas contundentes "pauladas" na mesma semana por parte do MP contra a prefeitura. A primeira se concentrou no caso do bosque e solicitou uma indenização de R$ 1 milhão, enquanto na segunda apontou a responsabilidade da gestão municipal na queda do eucalipto que vitimou a pequena Isabela no Taquaral. A ação já foi recebida pela Justiça e, nesta, é requerida uma indenização de R$ 2 milhões.
Diante desse cenário, o deputado estadual Rafa Zimbaldi, opositor feroz, recorreu às redes sociais para dirigir críticas incisivas mais uma vez ao governo de Dário Saadi.
"Campinas possui o segundo maior orçamento do estado de São Paulo. E nós enfrentamos os mesmos problemas há 11 anos sob a mesma gestão que deveria estar realizando investimentos", declarou Rafa, incluindo a administração de Jonas Donizette em sua avaliação crítica.
Cobranças
Em um vídeo gravado no interior do Bosque dos Jequitibás, o vereador Paulo Bufalo (PSOL) abordou o tema com ênfase. Na qualidade de relator da Comissão Especial de Estudos sobre Arborização na cidade, Bufalo destacou que irá pressionar a prefeitura para que adote as medidas indicadas pela CEE, visando assegurar o manejo apropriado das árvores, com o intuito de prevenir futuras tragédias.
Devedores
O presidente da Câmara de Campinas, Luiz Rossini (PV), encontra-se em negociações com o executivo para a criação de um projeto de lei visando a implementação, ainda este ano, de um novo Refis. O Programa de Recuperação Fiscal proposto tem como objetivo a renegociação de dívidas, sejam elas tributárias ou não, de pessoas físicas e jurídicas.
Rossini, acompanhado pelo secretário municipal de Finanças, Aurélio Caiado, recebeu representantes do setor produtivo para debater a urgência da medida, buscando sua aprovação e sanção o mais rapidamente possível.
Empresários e entidades relatam os impactos significativos da pandemia de Covid-19, com muitas empresas suspendendo operações ou enfrentando restrições, resultando em uma acentuada retração econômica, perda de clientela, queda de faturamento e redução na cadeia produtiva. Esses fatores levaram muitos a não conseguirem cumprir com seus compromissos financeiros.
O secretário Aurélio Caiado declarou sua disposição em atender à demanda e se comprometeu a enviar em breve um projeto de lei com os detalhes do novo Refis para apreciação na Câmara.
Meme epidêmico
Os políticos da região e suas respectivas assessorias aderiram à tendência do momento: os memes do Poster da Pixar. Essa febre consiste em criar, por meio de Inteligência Artificial, imagens que combinam as feições das pessoas com o traço característico do famoso estúdio da Disney.
Embora a mania já estivesse circulando pelas redes sociais, nesta semana, os representantes da política regional se entregaram a essa divertida moda. A timeline foi tomada por cenas cartunescas de prefeitos, deputados, vereadores e até secretários.
A avalanche de memes foi tão intensa que acabou por saturar, dada a profusão de imagens humorísticas que, na realidade, pouco se assemelham à essência das cidades ou mesmo aos próprios políticos.
Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. É veiculada também pelo jornal OVALE Gazeta de Campinas, aos sábados. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.