POLÍTICA

Ciclo infinito da licitação dos ônibus

A batalha pelo novo edital do sistema urbano de transporte público em Campinas continua a se desenrolar.

Por Flávio Paradella | 17/10/2023 | Tempo de leitura: 3 min
Especial para a Sampi Campinas

Reprodução

A batalha pelo novo edital do sistema urbano de transporte público em Campinas continua a se desenrolar. Em um novo capítulo desta saga, a prefeitura estendeu o prazo da consulta pública para a licitação, uma questão que tem se arrastado por anos na cidade. Esta extensão veio em resposta a um pedido do sindicato que representa as empresas envolvidas.

Através de um ofício do Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano e Urbano de Passageiros da Região de Campinas, as partes interessadas – se é que podemos chamá-las assim – solicitaram um acréscimo de 30 dias ao prazo. A prefeitura concordou, embora tenha concedido metade do tempo. Para o Quarto Andar, 15 dias são suficientes para atender à demanda do SETCAMP.

As empresas argumentam que o edital precisa de 'inúmeras melhorias', com destaque para a aquisição de 256 veículos elétricos. Segundo o SETCAMP, a nova tecnologia traz consigo um custo e complexidade consideráveis para o sistema.

Este tema dos veículos elétricos já era uma questão espinhosa durante a gestão de Jonas Donizette, quando Carlos José Barreiro estava à frente da Secretaria de Transportes. Naquele edital, os ônibus elétricos seriam destinados à chamada Linha Branca, que circularia na região central. No entanto, o processo fracassou e o edital precisou ser completamente refeito, mantendo ainda a inclusão dos veículos elétricos, mas em outro formato.

Apesar desta discordância pública, a principal controvérsia entre as empresas e a prefeitura reside no sistema de bilhetagem, que inicialmente será administrado pelo setor público. É importante ressaltar que futuramente esse sistema pode ser concedido a terceiros, de acordo com as regras estabelecidas pelo Palácio dos Jequitibás. O edital atual separa a operação do sistema de transporte da gestão da bilhetagem. O governo Dário Saadi afirmou que apenas atendeu a uma recomendação do Ministério Público.

Toda esta trama se desenrola após inúmeras tentativas da gestão municipal para realizar o processo, sendo a última delas a infeliz sessão de abertura dos envelopes com propostas em 20 de setembro, que foi declarada deserta devido à falta de ofertas das empresas.

A consulta pública sobre o edital da licitação do transporte público agora está aberta para contribuições e questionamentos até o dia 30 de outubro. Resta-nos apenas esperar que este prazo não se transforme em um desanimador e longo Dia das Bruxas.

É fogo


O vereador Cecílio Santos (PT) mais uma vez usou a tribuna da Câmara de Campinas para comentar o caótico transporte público da cidade. O parlamentar lembrou do episódio mais recente no feriadão quando mais uma vez um ônibus urbano pegou fogo em Campinas. O coletivo estava com 20 passageiros e ninguém se feriu, porém o veículo foi consumido pelas chamas.

E basta dar aquela busca no Google para encontrar outros/vários casos de veículos do transporte municipal que, simplesmente, pegaram fogo em Campinas. É inacreditável como nos acostumamos com uma situação tão bizarra e perigosa.

Quando a empresas defendem a manutenção dos veículos à combustão, imagino que não seja à combustão espontânea como estes “cacarecos” usados para transitar pelo município.

Apaziguar os ânimos


A confiança dos vereadores, especialmente os da base, permanece abalada quanto à solução para as emendas impositivas. Estabelecidas em 2022 e implementadas pela primeira vez no Orçamento Municipal de 2023, as Emendas Impositivas alocam até 1,2% da receita corrente líquida do município para projetos, sendo que metade desse montante deve ser destinada à Saúde.

Neste ano, cada parlamentar teve à disposição R$ 2,7 milhões. Ou seja, para o vereador, essa é a materialização do "fui eu que fiz" para seus eleitores.

Contudo, diversos projetos, por questões técnicas segundo a prefeitura, acabaram atrasando ou, em alguns casos, devido a entraves como licitações, não serão levados adiante. Os vereadores manifestaram e continuam a expressar sua frustração.

Diante disso, o executivo agiu prontamente, recorrendo aos “bombeiros” para conter o incêndio. Foi encaminhado um projeto de remanejamento das emendas por questões técnicas, o qual foi votado e definitivamente aprovado nesta segunda-feira. Entretanto, nos bastidores e até mesmo publicamente, os parlamentares ainda não estão totalmente convencidos da concretização dessa promessa. Acreditam apenas quando virem.

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Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. É veiculada também pelo jornal OVALE Gazeta de Campinas, aos sábados. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.

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