
Opções de artes, artesanato, antiguidades, quitutes e esotéricos. Há 50 anos tudo isso acontece na Feira Hippie do Centro de Convivência. Entre os meses de setembro e outubro, a feira mais conhecida de Campinas celebra suas ‘bodas de ouro’. A história, que começou em 1973, acumula uma linda trajetória e grandes figuras.
O movimento para tornar a feira uma realidade começou no início da década de 70. Na época, expositores buscavam algo que pudesse estar ligado à cultura Hippie, que eles tanto amavam. Assim, combinaram uma reunião no Largo do Rosário, no Centro de Campinas.
Um dos precursores foi Carlos Alberto Caserta, de 71 anos. Naquele momento, ele decidiu iniciar sua banca de artigos de couro. Então, mais do que bolsas, carteiras e outros produtos, o local carrega a história da feira. Logo na entrada, dois banners que contam a trajetória e um quadro com uma foto em preto e branco.
Sua banca de artigos de couro se transformou em uma grande mudança na sua vida. Com muito trabalho, conseguiu pagar os estudos da filha e sustentar por anos a família. O amor é tanto que, mesmo há sete meses em tratamento contra o câncer, ele aparece por lá quando pode. “É a minha vida. Como em qualquer família tem os momentos bons, ruins, fofocas, mas o legal é que a união dos expositores prevalece”, conta.
Logo ao lado, estão Einstein Venturini e Bel Palermo, que chegaram à feira há 41 anos. Na época, a mulher fazia bonecas de pano e ia à feira acompanhada do rapaz, que ainda era seu namorado. “Eu saía de casa com 50 bonecas e voltava com as 50 porque nos primeiros três meses eu tinha apenas um pano no chão para expor minhas bonecas”, recorda Bel.
Depois de muito esforço, conseguiu montar sua mesinha e, assim, saiu do pano no chão. Isso, então, aumentou a visibilidade da sua loja e as vendas dispararam. “A feira é o nosso ganha pão, mas é uma coisa viciante, é um vício gostoso. Quando eu não venho na feira fica faltando alguma coisa. Tudo que temos hoje veio do trabalho da feira, que foi a vida que a gente escolheu, montando e desmontando barraca todo final de semana”, afirma Einstein.
Diante de grandes histórias de vida, existem também aqueles que escrevem suas primeiras páginas. Uma destas é Rebecca Pereira, de 31 anos, que chegou há cinco anos no local. Seu ganha é produzindo amigurumis (bonecos de pelúcia feitos de crochê ou tricô). A paixão, inclusive, começou como uma passatempo, quando ela trabalhava com vendas em uma agência de intercâmbio.
Ao perceber sua habilidade, decidiu largar o escritório para vender os bonecos. Hoje, transformou um hobby em paixão. “Antes eu sofria pressão para bater metas na empresa, mas aqui na feira eu sou minha própria pressão. Mesmo em um dia mais fraco de vendas a gente descontrai e se diverte. Foi a melhor decisão que eu tomei na minha vida”, explica.
Atualmente, a feira, que começou pequena há 50 anos, cresceu e conta com 270 expositores. O local é gerenciado pela Secretaria de Cultura e Turismo, que comemora todo o sucesso. “Ficamos muito felizes de ver este novo momento da feira hippie. Temos feito muitos esforços para fortalecê-la com ações como passar a fazer os roteiros turísticos saindo do local, promover eventos durante o ano todo, entre outras”, pontua a secretária Alexandra Caprioli.
Para celebrar os 50 anos, a pasta traz nos últimos dias do mês, uma programação especial. Nos dias 30 e 31, um show vai contar com bandas de pop rock, hip hop, rock progressivo, música raiz e Música Popular Brasileira. Nos dois dias as atrações começam às 9h e vão até às 14h.