POLÍTICA

O Super Trunfo de Dário Saadi

A grande carta na manga de Dário Saadi é o projeto 'Espaço do Amanhã'. A iniciativa prevê a construção de 16 novas creches em diversas regiões de Campinas.

Por Flávio Paradella | 07/10/2023 | Tempo de leitura: 4 min
Especial para a Sampi Campinas

Divulgação/PMC

Recentemente, compartilhei a visão da classe política sobre a administração do prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos). A avaliação é de um governo morno, sem grandes marcas, ou como já mencionei, "sem sal". No entanto, também destaquei que essa gestão guarda as famosas 'cartas na manga' ou, como costumava ser jogado antigamente em Campinas ou em Pedregulho, o "Super Trunfo".

Dário e seus assessores repetem insistentemente o feito de investir R$ 1 bilhão em obras que foram ou estão em execução na cidade. As redes sociais do prefeito tornaram-se um termômetro desse esforço, cada vez mais vinculando sua imagem à fiscalização dos trabalhos realizados pelo poder público. Inclusive, no último domingo e nesta sexta, postagens reforçaram essa narrativa com diversos registros de Saadi nos canteiros de obras.

Não é por acaso que a prefeitura mantém em seu portal uma página dedicada ao acompanhamento das obras que compõem o Programa de Ativação Econômica Social (PAES), totalizando atualmente 163 intervenções, com 103 delas em andamento. Tudo é minuciosamente documentado: desde recapeamentos e ciclovias até reformas de quadras esportivas e, inclusive, a reforma de borboletário.

Com as obras concluídas conforme o planejado, o prefeito terá uma agenda movimentada de inaugurações ao longo de 2024, até o período permitido pela legislação eleitoral. Entre os projetos mais emblemáticos, destacam-se a conclusão do traçado do BRT (embora sua operação em 100% ainda seja uma incógnita), a expansão e modernização do Pronto Socorro do Hospital Mário Gatti, a construção do Hospital da Mulher, a revitalização do Centro de Convivência, a reforma do Mercado Municipal, a revitalização da Avenida Campos Sales e a pavimentação de bairros afastados.

Contudo, a grande carta na manga de Dário Saadi é o projeto "Espaço do Amanhã". A iniciativa prevê a construção de 16 novas creches em diversas regiões de Campinas, com o intuito de atender em média 320 crianças com idades entre 0 e 5 anos e 11 meses, em períodos integral e parcial.

A expectativa é de que essas escolas entrem em funcionamento no primeiro semestre do próximo ano, proporcionando a abertura de mais 5 mil vagas na Educação Infantil municipal. Se Dário alcançar o sucesso nesse empreendimento, terá, ao menos por enquanto, solucionado um dos problemas mais crônicos deste século em Campinas: o déficit de vagas em creches.

Este projeto, quando concluído e em operação, traz um ‘tempero’ especial à gestão que se prepara para a batalha eleitoral com um cardápio mais elaborado.

Novas obras no Centro
Sem terminar a Avenida Campos Salles, o prefeito Dário Saadi anunciou o projeto de requalificação da Rua José Paulino. Segundo a prefeitura, uma intervenção completa na rua. Proposta muito parecida com a própria Campos Sales e a reforma da Avenida Francisco Glicério, no Governo Jonas Donizette.

O novo projeto está inserido no agora chamado Programa Revivacidade. A obra quer mudar o cenário e modernizar a José Paulino, garantir acesso seguro e confortável para pedestres, ciclistas, usuários do transporte coletivo e motoristas, além de ser mais uma tentativa resgate do combalido espaço público da região Central.

Terminal Mercado
Outro projeto anunciado pela prefeitura foi a revitalização do Terminal Mercado. Durante o evento, o prefeito Dário Saadi até já assinou a Ordem de Serviço para o início das obras.

As principais intervenções que serão realizadas são a implantação de duas entradas com bilheterias, a reformulação de todas as plataformas e a instalação de coberturas mais modernas.

O Terminal Mercado fica em frente ao Mercadão Municipal, esse que já passa por um trabalho para uma total reformulação.

Medo Retorna
Bastou uma rápida, porém fortíssima chuva para o temor do início desse ano retornar no imaginário do campineiro. Não é para menos, afinal, com a tempestade de quarta, 58 árvores foram para o chão, atingiram casas e a terrível cena de um carro esmagado se repetiu. Desta vez, por sorte, ninguém se feriu.

A lembrança das mortes da pequena Isabela, no Taquaral, e do trabalhador Guilherme, no entorno do Bosque dos Jequitibás, voltaram com a mesma força dos ventos do temporal. A prefeitura fez um trabalho de supressão, palavra formal para indicar o corte total das árvores consideradas impróprias ou condenadas.

Mesmo assim, o número alto da queda de árvores na última tempestade mostra que o risco segue e que as medidas preventivas de outras ordens, como as de sinalização e monitoramento viário ainda são insípidas.

Desolador
Uma nota pessoal. Nesta semana, estive, pela primeira vez desde a tragédia, no Parque Portugal, a conhecida e querida Lagoa do Taquaral.

O cenário impressiona quando se chega pelo Portão 1, justamente na área da ocorrência. O local que antes era uma mata densa, hoje é escasso com poucas árvores.

Claro, o terreno era tomado por eucaliptos, espécies não-nativas retiradas após o acidente. Mesmo assim, não deixa de ser estranho.

A área vai passar por uma grande reformulação e as obras já acontecem para implementar um novo parque dentro do parque, mas pelo projeto a arborização não foi o componente principal na elaboração da estrutura.


Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. É veiculada também pelo jornal OVALE Gazeta de Campinas, aos sábados. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net

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