POLÍTICA

Hora de mobilizar as tropas

Todos as pessoas ouvidas pela coluna apontam para um ponto gerador do problema: o sistema de bilhetagem do transporte.

Por Flávio Paradella | 23/09/2023 | Tempo de leitura: 4 min
Especial para a Sampi Campinas

Flávio Paradella

A licitação considerada deserta é o principal tema para o começo da semana no âmbito político. A prefeitura ainda estuda as medidas legais para o “boicote” no dia que seria da abertura de proposta para o já eterno processo de licitação do transporte público de Campinas.

Para quem não acompanhou, as empresas tentaram de todas as formas barrar o edital, mas tais quais os próprios ônibus enguiçaram nas tentativas e a abertura dos envelopes dos interessados foi mantida para a última quarta-feira (20/09). Só que, na hora de apresentar a proposta, apesar de presentes, os representantes não entregaram as cartas. Nenhum deles.

A administração chegou a enviar um release com a manchete “prefeitura estranha” nenhuma proposta ser apresentada, em uma primeira manifestação que mostra ânimos exaltados do Quarto Andar sobre a situação como um todo.

Vale lembrar que desde 2016 a prefeitura tenta e não consegue realizar esta licitação e ela precisa fazer pois o atual contrato de concessão foi considerado irregular e, por ordem da Justiça, o poder público tem que elaborar o novo edital. Porém, desde então fracassa, seja por erros próprios na criação das regras, e agora com esse suposto conluio dos interessados.

Todos as pessoas ouvidas pela coluna apontam para um ponto gerador do problema: o sistema de bilhetagem do transporte. A nova licitação tira das mãos das empresas e passa a responsabilidade para a EMDEC (Empresa de Desenvolvimento de Campinas). As concessionárias operam o sistema, mas será a administração municipal que ficará com a gestão e operação do Sistema de Arrecadação e Bilhetagem.

E com isso, chegamos a este momento crítico do transporte público da cidade, que respostas precisam ser dadas e é neste sentido que vereadores já se movimentam para buscar esclarecimentos sobre a situação. Gustavo Petta (PCdoB) fez um requerimento para convocar o secretário de transportes, Fernando de Caires, e o presidente da EMDEC, Vinícius Riverette.

Os mesmos alvos foram nomeados por outros dois parlamentares: o vereador Cecílio Santos (PT) quer mobilizar a Comissão de Mobilidade Urbana para esta discussão.

Já Rodrigo da Farmadic (União) espera contar com os representantes da prefeitura em uma audiência pública. À coluna, o vereador disse que espera uma resposta ao impasse, mas em caso negativo, Rodrigo propõe um contra-ataque as empresas. “Caso não avance, a prefeitura deve tomar a decisão de assumir o controle da bilhetagem já, ao invés de esperar a conclusão de todo o processo”, afirmou o parlamentar.

A fato requer respostas duras e esclarecimentos rápidos. O prefeito Dário não pode esmorecer e precisa liderar o enfretamento aos empresários que mantêm a cidade como refém. Os vereadores, todos, têm a obrigação de buscar informações e convocar os atores principais dessa novela sem fim.

Prioridades?
Como se a cidade não tivesse problemas, o vereador Permínio Monteiro (PSB) resolveu remexer com os estádios de futebol de Campinas. Permínio demandou à prefeitura de Campinas que tome medidas junto ao Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) para que o estádio do Guarani e o campo da Ponte Preta sejam tombados integralmente pelo patrimônio histórico do município.

“Os dois estádios têm enorme importância, valor histórico e cultural. Ambos são cartões postais da cidade e sua preservação pode ter um impacto positivo na economia local, sendo uma medida importante para garantir que essas partes da história de Campinas”, destaca o parlamentar.

A reação foi imediata, afinal a medida afetaria, ou melhor, destruiria as ambições imobiliárias das duas equipes que tem projetos para às áreas e a construção de novas arenas. No caso do Guarani, com o projeto mais avançado e o Brinco de Ouro leiloado, o tombamento do estádio seria uma tragédia.

Membro do conselho deliberativo e da comissão imobiliária do Guarani, Marcelo Galli, criticou a iniciativa. “Só perderá valor e aumentará os custos de manutenção, que hoje são elevadíssimos. O custo do Brinco hoje é gigantesco”, lamentou o advogado.

Avanço do PSB
A semana foi marcada também pelo crescimento regional do PSB, que governou Campinas por dois mandatos de 2013 a 2020, com Jonas Donizette, e segue sendo governo com o vice-prefeito Wanderley de Almeida, o Wandão, que de acordo com membros da Juventude do PSB não tem pretensões ao legislativo e será novamente candidato a vice-prefeito em Campinas, mesmo que o cabeça-de-chapa Dário Saadi ainda não tenha confirmado a disputa pela reeleição. Só que todo mundo sabe que Dário será candidato.

Mas voltando ao PSB, o partido passou a ser um forte aliado da prefeita de Valinhos, Capitã Lucimara (PSD), com o próprio Jonas Donizette anunciando ao apoio ao lado da chefe do executivo daquela cidade. A prefeita agradeceu e exaltou Jonas, e enalteceu o reforço político do PSB. “É mais gente junta trabalhando por nossa cidade”, afirmou Lucimara Godoy, candidatíssima a reeleição em 2024.


Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. É veiculada também pelo jornal OVALE Gazeta de Campinas, aos sábados. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.

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