POLÍTICA

Tarcísio e o mecanismo político

O governador Tarcísio de Freitas, do partido Republicanos, é mais rápido que uma bala para adotar a dinâmica do pragmatismo. Leia mais na coluna do jornalista Flávio Paradella.

Por Flávio Paradella | 29/08/2023 | Tempo de leitura: 4 min
Especial para a Sampi Campinas

Divulgação

Neste país, a prevalência do pragmatismo sobre o discurso político é uma constante. Porém, o governador Tarcísio de Freitas, do partido Republicanos, é mais rápido que uma bala para adotar a tal dinâmica. Paralelos podem ser traçados com seu mentor político, já que o ex-ministro de Bolsonaro viu seu padrinho chegar ao poder com uma fala contrária às alianças e terminou de braços dados com o Centrão.

No caso de Tarcísio, ele abordou estas estratégias desde a eleição e agora segue a cartilha da tal governabilidade, mesmo que tais ações forneçam munição para a oposição.

A mais recente demonstração dessa estratégia foi a demissão de Marcos Renato Böttcher, então secretário-executivo da pasta de Agricultura e Abastecimento. A exoneração ocorreu logo após o secretário ter apresentado ao Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) um relatório detalhando alegadas irregularidades na construção de estradas no programa Melhor Caminho, destinado ao interior paulista.

De acordo com informações veiculadas pelo jornal O Estado de S. Paulo, as alegadas irregularidades teriam ocorrido durante o período em que o deputado estadual Itamar Borges, filiado ao MDB, e o ex-secretário Francisco Matturro estavam à frente da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.

Böttcher, que ocupava a segunda posição mais importante na hierarquia da pasta, desagradou ao MDB, partido aliado à administração de Tarcísio. Como resposta, o governo iniciou uma reformulação, extirpando justamente o nome daquele que havia feito as denúncias.

A retórica ética permanece apenas no discurso, cedendo espaço ao jogo perene dos mecanismos da gestão pública brasileira. O pragmatismo continua a sobrepujar as preocupações éticas, enquanto o governador Tarcísio de Freitas mantém o equilíbrio político em meio a essa controvérsia.

PIDS de Barão Geraldo
A sessão ordinária desta segunda-feira recebeu no plenário um grupo de representantes do Distrito de Barão Geraldo, em Campinas, contrários a implementação do Polo de Inovação para o Desenvolvimento Sustentável (PIDS).

A proposta segue sendo debatida em audiências públicas e precisa da aprovação dos vereadores para alterar o zoneamento urbano do Distrito para permitir a ocupação mista residencial, comercial e industrial no segmento de alta tecnologia.

O temor de quem mora ou trabalha em Barão é pelo piora da já saturada região, que enfrenta dificuldades de mobilidade urbana e de infraestrutura municipal para o atendimento à população.

A vereadora Mariana Conti (PSOL) usou a tribuna para se posicionar contra o PIDS e lembrou que além do adensamento populacional ainda maior, o plano da prefeitura gera um impacto ambiental com o incentivo à especulação imobiliária.

A plano da Prefeitura de Campinas é expandir, ou criar um novo, como queiram, Polo de Alta Tecnologia no Distrito e a proposta, além da implantação de entidades de inovação, abre espaço para novos condomínios e edifícios em Barão Geraldo.

Reunião Segura
A Comissão Permanente para os Assuntos de Segurança Pública, presidida pelo vereador Major Jaime (PP), tem reuniõa nesta terça-feira, às 14h30 para analisar os desafios enfrentados pelo Corpo de Bombeiros e pela Polícia Civil em Campinas.

Estarão presentes o Major PM Fábio Pedron, comandante interino do 7º Grupamento de Bombeiros, e Rubens Urbano Leal, delegado titular da Delegacia de Polícia da Infância e da Juventude do 5º Distrito Policial.

A oportunidade se apresenta como um espaço para os representantes compartilharem detalhes, demandas e gargalos das instituições.

Além do vereador Major Jaime, a comissão tem como membros os vereadores Marcelo da Farmácia (Avante), Carlinhos Camelô (PSB), Otto Alejandro (PL) e Arnaldo Salvetti (MDB).

Digno de registro
Beira a surrealidade que um dos motivos para a greve dos funcionários na Unicamp, deflagrada nesta segunda-feira, seja a implantação do sistema de registro eletrônico para os trabalhadores da universidade.

Mais incrível ainda é que em 2023, o ponto eletrônico ainda não exista na Unicamp para garantir as horas estipuladas de trabalho, regra que serve tanto para o funcionário quanto para o empregador.

Os servidores técnicos-administravos alegam que o funcionalismo vai iniciar o ano devendo horas das emendas de feriados e recesso de fim de ano. Uma alegação que só faz sentido se, pelo controle – ou descontrole - atual, as horas de trabalho não sejam cumpridas.

A afirmação levou a administração da Unicamp a elevar o tom e ressaltar que a versão do STU (Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp) faz parte “de um conjunto de desinformações e notícias falsas sobre o processo de implantação do Controle Eletrônico de Frequência”.

Ainda, em nota, a Unicamp informou que a decisão é uma exigência do Ministério Público, ratificada por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta.


Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. É veiculada também pelo jornal OVALE Gazeta de Campinas, aos sábados. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.