OPINIÃO

Comunicação na era da desinformação

'A disseminação de conteúdos escabrosos que poderiam ser facilmente verificados tem se tornado uma triste realidade'. Leia o texto de Flávio Paradella.

Por Flávio Paradella | 26/08/2023 | Tempo de leitura: 4 min
Especial para a Sampi Campinas

É triste que observamos a crescente dificuldade em atuar no campo da comunicação em uma era repleta de notícias falsas e desinformação. A disseminação de conteúdos escabrosos que poderiam ser facilmente verificados tem se tornado uma triste realidade, e é lamentável perceber como a propagação dessas informações equivocadas pode causar danos irreparáveis.

Recentemente, um vídeo circulou pelas redes sociais, mostrando uma cena de ratos em uma calçada. Alegava-se que o caso teria ocorrido no cruzamento das ruas General Osório e Saldanha Marinho, em Campinas. No entanto, a verdadeira localização era em uma outra cidade do interior paulista.

Nesse contexto, destacamos a importância de checar cuidadosamente as informações antes de compartilhá-las, especialmente em um ambiente digital onde a disseminação é rápida e ampla. A falsidade dessa "fake news" ficou evidente ao apontar a existência de um calçadão entre as vias mencionadas, algo que não corresponde à realidade, uma vez que o único calçadão em Campinas é o da Rua 13 de Maio.

É fundamental que todos nós assumamos a responsabilidade de contribuir para um ambiente de comunicação mais honesto e esclarecido. A verificação de fatos é um dever cívico que não pode ser subestimado, e a disseminação da verdade é um compromisso que deve ser compartilhado por todos.

Uso político
A difícil empreitada também se estende à identificação de fraudes utilizadas para ataques políticos por críticos ou postulantes a cargos eletivos. Embora a cidade tenha uma série de problemas inegáveis, é imperativo que as críticas reais sejam expostas. Essas questões autênticas, aliás, são facilmente identificadas, mas para isso é preciso ir além dos aplicativos de mensagens.

O que surpreende é a maneira como algumas pessoas compartilham o infame "vídeo dos ratos", acrescido de longos monólogos sobre a situação, apenas para, em um segundo momento, publicar um "não é Campinas, mas...".

Surpreendentemente, não se vê um pedido de desculpas, ou mesmo uma admissão de erro. Ao invés disso, ocorre uma tentativa de contemporizar e seguir adiante. Esse comportamento mina a credibilidade do debate público, uma vez que a discussão se afasta da substância legítima.

É essencial que, como sociedade, reconheçamos a responsabilidade de compartilhar informações precisas e confiáveis.

PSD avança
O Prefeito de Monte Mor, Edivaldo Brischi, deixou o PTB e oficializou sua filiação ao PSD (Partido Social Democrático). A assinatura ocorreu durante uma reunião com Gilberto Kassab, presidente nacional do partido e Secretário de Governo e Relações Institucionais do Estado de São Paulo.

Brischi ganhou as manchetes em 2021 quando pessoas em situação de rua relataram ter sido despejadas pela prefeitura de Monte Mor em Boituva. Na ocasião, Brischi gravou um vídeo dizendo que iria "mostrar como se governa" e não que poderia "ver a cidade virar um lixo".

Escola Cívico-Militar
Descartado pelo governo Lula III, o projeto da Escola Cívico-Militar segue vivo no imaginário da direita bolsonarista. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, já disse que vai manter a ideia. Agora foi a vez do vereador Nelson Hossri (PSD) protocolar um Projeto de Lei na Câmara de Campinas que institui o Programa Escola Cívico-Militar nas escolas públicas do município.

Segundo o parlamentar, o objetivo é promover uma gestão de excelência nas áreas educacional e administrativa da rede municipal de ensino, baseada nos padrões de ensino adotados pelos colégios militares do Exército, e da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar.

O vereador argumenta que a criação do Programa Municipal das Escolas Cívico-Militares para a rede pública municipal estabelecerá princípios e diretrizes fundamentais aos alunos, por meio de uma parceria entre setores públicos que o viabilizem, assegurando sua universalidade e gratuidade.

Basta combinar com o governo Dário Saadi e o secretário de Educação José Tadeu Jorge, que em 2021 já rechaçou implantar o modelo nas escolas da cidade.

Agenda Lotada
Nesta segunda-feira (28), a Câmara Municipal de Campinas estará movimentada com uma série de Audiências Públicas, organizadas sob a direção do vereador Carlinhos Camelô (PSB), presidente da Comissão de Finanças e Orçamento.

A primeira reunião discute mudança no orçamento municipal e está agendada para começar às 10 horas e tem como foco o Projeto de Lei Ordinária (PLO) Nº 117/2023, proposto pelo prefeito Dário Saadi. Esse projeto visa autorizar o Poder Executivo a realizar um crédito adicional suplementar, além de efetuar remanejamentos de recursos orçamentários do Orçamento-Programa de 2023.

Logo na sequência, as atenções se voltarão para o Projeto de Lei Complementar (PLC) Nº 54/2020, de autoria do vereador Carmo Luiz (Republicanos). Ele propõe a obrigatoriedade da instalação de câmeras de monitoramento nas estações do BRT (Bus Rapid Transit).

Por fim, a última Audiência Pública do dia trará à discussão o Projeto de Lei Complementar (PLC) Nº 6/2015, apresentado pelo vereador Luiz Cirilo (PSDB), em conjunto com os ex-vereadores Cidão Santos e Thiago Ferrari. O projeto, com emenda, busca estabelecer o Sistema de Reuso de Água de Chuva para uso não potável em condomínios, clubes, conjuntos habitacionais e outras entidades na cidade de Campinas.



Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. É veiculada também pelo jornal OVALE e Gazeta de Campinas, aos sábados. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br

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