Agora, com o nome do secretário estadual envolvido em um possível conflito de interesse na pasta, devido à ligação da secretaria com uma empresa da qual Feder é acionista, o deputado propôs a convocação do secretário para prestar esclarecimentos à Alesp.

O termo "convocação" carrega um peso considerável no cenário político, uma vez que obriga o destinatário a comparecer. Muitos políticos preferem utilizar o termo "convite" em uma comissão, deixando a escolha de comparecer nas mãos do convidado. Neste caso, porém, Zimbaldi apresentou a proposta, causando, de certa forma, constrangimento aos colegas alinhados ao governo, que se sentem pressionados a apoiar a medida, ou arriscam desgastar sua imagem pública ao recusar a oportunidade de esclarecimentos.

Além da necessária prestação de esclarecimentos, essa ação pode recolocar Rafa Zimbaldi em uma trajetória que ele percorreu ao longo de sua carreira política: uma postura independente. Sem estar completamente atrelado à situação ou adotando uma postura intensamente oposta.

Quanto ao secretário, está em seu interesse fornecer uma explicação. Renato Feder é acionista da Dragon Gem, uma empresa offshore que detém cerca de 30% das ações da Multilaser, uma companhia de acessórios de informática que fornece para o Governo do Estado. Para os deputados, a aprovação é necessária e, caso a convocação seja aceita, o secretário de Educação terá um prazo máximo de 30 dias para comparecer à Alesp e responder às perguntas dos parlamentares.

Pífia mobilização
É incrível constatar que uma cidade como Campinas, referência em educação e saúde, com acesso facilitado à informação, apresente um resultado tão lamentável na campanha de vacinação contra a Gripe.

A mobilização, que teve início em abril e se estende até o dia 31, culmina em números verdadeiramente desanimadores. O grupo com menor adesão à vacinação é o das crianças, com apenas 38% de cobertura; em seguida, as gestantes, com índice de 44%. No que concerne aos profissionais de saúde, somente 48% estão imunizados.

É de difícil compreensão que setores tão sensíveis como o público infantil, gestantes e, mais surpreendente ainda, profissionais da área da saúde, não tenham tomado a vacina disponível nos postos de saúde de Campinas.

Evitem apontar para a desinformação dos últimos quatro anos como causa única, visto que essa situação de baixa procura persiste por quase uma década. Invocar a carta do movimento antivacina de grupos bolsonaristas é simplesmente um esforço para ocultar ou evitar o debate sobre as responsabilidades próprias.

Os governos seguem a mesma estratégia de comunicação e executam as mesmas campanhas, que ano após ano não conseguem atingir a meta estabelecida. O período de vacinação é iniciado, uma propaganda institucional é veiculada, onde são dadas entrevistas sobre a importância da imunização, as vacinas são disponibilizadas nos postos de saúde e a rotina segue dessa maneira.

A mudança precisa se dar nos fatores determinantes e não apenas na sua sequência. Persistir na mesma estratégia resultará apenas em repetir o mesmo fracasso.

Descontar a realidade
O vereador Carlinhos Camelô (PSB) protocolou um Projeto de Lei na Câmara de Campinas com o objetivo de conceder descontos na tarifa de água e esgoto para os estabelecimentos comerciais localizados no centro da cidade. A iniciativa se aplica aos estabelecimentos situados no chamado "Polígono Prioritário de Intervenção na Área Central".

O motivo por trás dessa proposta poderia parecer surreal se não estivéssemos já tão desensibilizados com a nossa própria realidade. De acordo com o vereador, a motivação para esse projeto surgiu devido ao frequente excesso de urina e fezes encontrados diariamente nas proximidades dos estabelecimentos.

E essa situação é, de fato, verdadeira. Basta dar uma rápida caminhada pelo Centro de Campinas para que esse cenário se revele claramente. Entretanto, muitas vezes, essa triste realidade passa despercebida no nosso dia a dia, tão acostumados já estamos a ela.

O vereador ressalta que diversas pessoas utilizam as vias públicas como local para suas necessidades, o que obriga os comerciantes a limparem toda a calçada antes de abrir seus estabelecimentos.

O Projeto de Lei propõe um desconto de vinte por cento nas tarifas de água e esgoto para os estabelecimentos comerciais que se enquadrem nos limites do Polígono Prioritário de Intervenção na Área Central. Esse polígono é formado por trechos da Avenida Dr. Moraes Salles, Rua Irmã Serafina, Avenida Anchieta, Rua Barreto Leme, Rua Luzitana, Rua Marechal Floriano, Avenida 20 de Novembro e Viaduto Miguel Vicente Cury.

Para que esse Projeto de Lei se torne uma Lei Municipal, é necessário que ele seja aprovado em duas votações no Plenário da Câmara e, posteriormente, sancionado pelo Executivo. A viabilidade da aprovação do projeto pode ser desafiadora, uma vez que algumas prerrogativas da proposta podem estar dentro das competências do Executivo. No entanto, a ideia poderia ser incorporada pela administração de Dário Saadi.

Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. É veiculada também pelo jornal OVALE Gazeta de Campinas, aos sábados. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br