POLÍTICA

Destino desconhecido

Não que tenha desistido da vida pública. Artur Orsi tentou a Alesp, sem sucesso, e hoje comanda os rumos do PSD em Campinas, porém sem aquela participação intensa na vida da cidade

Por Flávio Paradella | 12/08/2023 | Tempo de leitura: 5 min
Especial para a Sampi Campinas

Divulgação

Um importante personagem da política de Campinas segue com um papel incerto, ao menos publicamente, para as eleições municipais do ano que vem. O sempre intenso Artur Orsi se apagou após a última disputa para o Palácio dos Jequitibás, em 2020.

Vamos a um contexto da carreira do combativo filho do ex-prefeito de Campinas, Edvaldo Orsi. Artur é servidor de carreira da Câmara de Campinas e seguiu os passos do falecido pai na política. Eleito vereador em 2004, ainda pelo PSDB, foi um dos mais críticos desde o início da administração Hélio de Oliveira Santos (PDT), de 2004 a 2011. A posição o fez ver um debandada da enorme bancada tucana daquela legislatura, mas Orsi manteve a oposição a Dr. Hélio, mesmo com o enfraquecimento em números do partido.

O tempo trouxe ainda mais protagonismo pois foi quando estourou o caso Sanasa que o parlamentar, em segundo mandato, apresentou o pedido de cassação de Hélio e foi o inquisidor do prefeito naquela comissão processante que culminou com o impeachment do pedetista.

Em 2012, Orsi era nome cobiçado na política campineira. O PSDB fechou acordo com então candidato Jonas Donizette e Artur, por muito pouco, não foi o nome a vice para compor a chapa com pessebista. Coube a Henrique Magalhães Teixeira, de sobrenome forte, mas inexperiente assumir essa posição. Porém, Orsi foi peça muito explorada na campanha de Jonas.

Tudo isso culminou com a expressiva votação para um terceiro mandato ao legislativo campineiro. Artur Orsi foi eleito e teve a maior votação entre todos que disputaram uma cadeira naquele pleito. Foram 13.401 votos.

E o posicionamento de Orsi seguiu o mesmo. Descontente com a atuação do agora prefeito Jonas, o vereador partiu para a oposição contra aquele que ajudou a eleger e durante o mandato apontou inúmeras denúncia contra a administração. Vale lembram, o partido do Orsi, o PSDB, não apenas apoiava Jonas, como era oficialmente governo eleito na chapa com o primeiro na ordem de sucessão.

A situação era conflituosa e o política deixa o ninho tucano e ingressa no PSD, em 2016, e se torna o candidato da sigla naquele mesmo ano à prefeitura de Campinas com um discurso ligado ao próprio histórico e com nuances lavajatistas. Jonas venceu no primeiro turno, com Orsi em segundo.

Em 2020, nova tentativa e dessa vez uma estratégia, na minha concepção equivocada, de um discurso conservador e, inclusive, se ligando ao Bolsonarismo. Tendo nessa eleição um episódio constrangedor do Orsi ir buscar uma palavra de apoio de Jair Bolsonaro, em visita ao Laboratório Sirius em Campinas, em que o então presidente indaga: “Qual o nome do caboclo?”. E isso ainda foi publicado. A campanha não decolou e Orsi ficou em quarto na disputa. No segundo turno, apesar de todas as críticas ferozes ao governo Jonas, apoiou o sucessor Dário Saadi no segundo turno.

Após a eleição, aquele protagonismo se tornou ostracismo. Não que tenha desistido da vida pública. Artur Orsi tentou a Assembleia Legislativa, sem sucesso, e hoje comanda os rumos do PSD em Campinas, porém aquela participação intensa da vida da cidade arrefeceu.

Mesmo assim, no mundo político campineiro o questionamento é feito nos corredores legislativos e executivos sobre qual será e se há intenção eleitoral de Orsi. Uma nova tentativa a prefeito? Isso dependeria de o PSD deixar o governo Dário e não vejo essa possibilidade (logo que todos poderiam voltar na sequência), além do que depende sempre da anuência do líder supremo da legenda Gilberto Kassab. Outra possibilidade é uma nova disputa por uma cadeira na Câmara, que poderia significar um quarto mandato.

Uma decisão que só cabe a ele, claro, mas este colunista acredita que um personagem político tal qual Artur Orsi não pode apenas ficar nos bastidores e é necessário no cotidiano do município. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

A força de Kassab
Nesta última semana, Campinas sediou um evento da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) para discutir desafios sociais das prefeituras brasileiras. O evento destacou a importância do envolvimento de Estados e União para atender as demandas da população.

O anfitrião, claro, foi prefeito de Campinas e vice-presidente da área de saúde da FNP, Dário Saadi (Republicanos) que recebeu chefes do executivo de outros municípios brasileiros para o debate. Mas a grande estrela exaltada do evento tem outro papel político: secretário de estado. Gilberto Kassab, secretário de governo de Tarcísio de Freitas e líder supremo do PSD, esteve presente no encontro e foi muito cortejado.

O hábil político, ex-ministro e ex-prefeito da capital paulista, recebeu várias deferências e muitas postagens nas redes sociais dos presentes, inclusive do prefeito Dário e do presidente do Conselho da RMC, o prefeito de Jaguariúna, Gustavo Reis (MDB).

É inegável a força política de Kassab que tem uma impressionante capacidade de caminhar e negociar alianças pelos vários espectros ideológicos.

Bosque reaberto
Após um período de fechamento que se estendeu por quase sete meses, a Prefeitura de Campinas finalmente reabriu o Bosque dos Jequitibás. A partir deste sábado, as portas foram reabertas novamente, após a conclusão do manejo das árvores. Para garantir a segurança dos frequentadores, foram realizadas ações de supressão de 98 árvores que apresentavam risco de queda.

Este importante ponto de encontro para os cidadãos campineiros, que estivera fechado desde o dia 24 de janeiro com as tragédias no começo do ano, retoma suas atividades. A espera foi muito longa e foi causada pela terrível burocracia das várias entidades que compõem as decisões sobre o espaço.


Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. É veiculada também pelo jornal OVALE Gazeta de Campinas, aos sábados. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br

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